Aquela borracha no topo do lápis, já torta e quase no fim, guarda os pequenos erros e acertos do nosso dia.
Nunca soube do fim de um lápis com borracha no topo.
Lembro-me dos inteiriços, que só eram desprezados quando não podíamos mais segurá-los.
Na escola primária, utilizava mais o lápis preto, sem borracha na ponta.
Eu estava sendo alfabetizado e os erros eram constantes, não sendo aconselhado pela professora a utilizar aqueles com borracha branca.
No segundo ano do curso primário aprendi a escrever com a caneta tinteiro, e a borracha era própria para apagar a tinta.
A escrita ficava feia, pois a borracha deixava a folha branca do caderno cheia de ranhuras, borrando as letras feitas com a caneta.
Durante o primário, a borracha era indispensável — tanto na caixa do lápis quanto na da caneta tinteiro.
No antigo ginásio, no colégio dos padres salesianos, aprendi a desenhar, e o material escolar era diferenciado: cadernos especiais, lápis e boas borrachas.
Assim continuei no científico.
Já na Faculdade de Medicina, utilizava um caderno simples com lápis preto para pequenas anotações, pois os estudos eram feitos em livros importados, escritos em castelhano.
Na minha turma de 1960 havia dois colegas taquígrafos do Senado Federal.
Eles assistiam às aulas taquigrafando tudo o que os professores diziam e estudavam pelos próprios rascunhos.
Tinham as melhores notas da turma, pois nas provas só caía o que os professores falavam.
Para as provas tinham os famosos ‘macetes’, e sempre se destacavam.
A borracha no topo do lápis, também era mordida pelos alunos estressados nos dias de provas.
Alguns, até hoje, mantêm esse hábito — mordendo a ponta das canetas em seus mais variados escritórios.
Há quantos anos eu não me lembrava do meu lápis com aquela borracha no topo!
Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT.
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
|
0 Comentário(s).
|