Homenagem ao dia do Professor

Oração aos formandos da ETFMT:

Formatura: julho de 1984.

1 - Eu vim para dizer ADEUS!... que não tem o gosto amargo da partida, mas relembra presenças. O adeus dos que se vão, mas não se esquecem de que aqui estiveram, viram, viveram e aprenderam.

 2 - Eu vim para dizer ADEUS! ... não o da desesperança, o da aflição, mas o adeus que conforta, porque coloca o verde sobre a pedra, o fogo sobre as cinzas, o claro sobre o escuro.

3 - Eu vim dizer ADEUS! … não o que diz "tudo está acabado", mas o adeus que traz o sentido da continuidade, que faz crer na vida por honrá-la, torna-a viva por senti-la, e se reabastece na força da inspiração para o belo e na fonte da geração para o bem.

4 - Eu vim para dizer PRESENTE! ... porque o que se tem contado neste país é a ausência, tão fugidos andam os homens da crença nas suas ideias, tão confusos andam eles entre poder e pudor.

5 - Eu vim para dizer PRESENTE! ... tão distantes estão ficando as gentes... da sua força de trabalho, de “responsáveis pelo que fazem”, de coerentes com o que dizem.

6 - Eu vim para dizer PRESENTE! ... a um pedacinho de Brasil que é este, diante de uma plateia de jovens, aos quais conheci, a todos, e dos quais trago a lembrança de uma convivência digna.

7 - Eu vim para dizer REFLETE! ... o mundo é teu, o tempo é teu, o espaço é como o corpo, espera o teu abraço. Porque só tu serás capaz de, refletindo, mudar esse rosário de atitudes que se contradizem, de ideias que se contrapõem.

8 - Eu vim para dizer MEDITA! ... porque a falta de critério que avassala esta Nação faz com que os homens aturdidos, ou aceitam, pasmos, a posição insólita dos que pregam, sordidamente, a desfaçatez e chamam de excelente hoje o que ontem diziam que repugnava a consciência cívica da Nação.

9 – Eu vim para dizer: REJEITA! ... Porque sei que não será fácil entender como podem os homens que te fizeram acreditar no já, possam agora, num passe de mágica, transformá-lo no ainda.

10 - Eu vim para dizer ATENTA! ... que, nesta Nação perplexa, os que se prezam assistem, entre atônitos e transfigurados, e sem saber se roídos pela indignação ou corroídos pela indiferença, a um festival de tolices e de irresponsabilidades, de despautérios e desonestidades, de falta de critérios e de patriotismo e, por isso, marcham, deserdados e em procissão, para os da decadência ética e moral.

11 – Eu vim para dizer: ENTENDE! ... e pedir aos jovens que, no futuro, na sua vez, restabeleçam a dignidade que esta Nação está perdendo..., tão maltratada está por tantos filhos seus que não souberam distinguir o Brasil da sua casa, o governo de sua estância, a consciência de seus interesses, e tentaram, num ambiente revoltante de aviltamento político e moral, chamar ambições e vaidades próprias de aspirações nacionais.

12 – Eu vim para dizer PROCURA! ...a inspiração, na verdade, o trabalho na inteligência e desempenho no critério e mudem este País, pois os efeitos de uma crise moral nos arrastarão a todos, para onde, não sei, porque os estragos que ela causa. Ninguém sabe como, onde e quando se acabarão, tão grande será a tempestade.

13 – Eu vim para dizer: ESTUDA! ... Pensa no que aqui te disse, porque, sem a pureza das intenções, que é a companheira dos jovens e que já desertou da velhice, a Nação não anda, estaca estarrecida e estronda.

Os que acreditam que estão cuidando do Brasil hoje, os que estão nos pedindo para cuidar dele amanhã, são os mesmos que se passam de uma má ideia para outra, de uma posição para outra, desde que ela se transforme no caminho mais curto entre a indiferença pelo pudor e volúpia pelo poder.

Não têm eles um plano para a Nação que não seja o mesmo que elaboraram para si próprios e para os seus.

O Brasil não vai acabar, eu sei! Porque as nações resistem. Há uma raça em tudo isso, mas, sem uma mudança de mentalidade, não irá nunca, esta Nação, merecer o respeito de ninguém!

Afinal, eu vim para dizer: ACORDA! ... que é hora de os jovens se prepararem para dizer “Basta" a toda essa gente que, sem pudor, está sempre e só em busca de Poder!

Coronel Octayde Jorge da Silva 

Marcelo Augusto Portocarrero é engenheiro civil.