Cuiabá, Sexta-Feira, 4 de Julho de 2025
WILSON SANTOS
27.05.2014 | 15h00 Tamanho do texto A- A+

Rusga

Cuiabá teve rebeliões com "acerto de contas" entre brasileiros e portugueses

Após a Independência do Brasil em 1822, o  cenário político nacional foi dividido em dois setores que disputavam o poder entre si.

Os Liberais defendiam a autonomia para as provinciais, hoje, estados e a eliminação do modelo colonial por completo.

Do outro lado, os portugueses queriam a manutenção da centralização do poder e a continuação dos seus privilegios.

Com a renúncia de D. Pedro I, e a menoridade do futuro D. Pedro II, o trono brasileiro ficou vago, nascendo assim o período regencial (1831-840).

Nessa fase, eclodem revoltas armadas em diversas regiões do país.

"Durante mais de 150 anos, vigorou a tese de que a causa original da Rusga foi a "lusofobia", aversão aos portugueses, apelidados de "bicudos" pelos cuiabanos"



Essas rebeliões eram motivadas pelo clima de "acerto de contas" entre brasileiros e portugueses, além do protesto veemente contra as péssimas condições de vida da esmagadora maioria da população, que, mais de uma década pós-Independência, constatava que nada havia melhorado.

Em Cuiabá ,explodiu uma violentíssima revolta político-social, que levou à morte dezenas de pessoas em 30/05/1834, com consequências que se arrastaram por décadas.

Durante mais de 150 anos, vigorou a tese de que a causa original da Rusga foi a "lusofobia", aversão aos portugueses, apelidados de "bicudos" pelos cuiabanos.

Hoje, há consenso entre historiadores de que a causa principal da Rusga foi a disputa pelo poder em Mato Grosso, entre as duas facções políticas locais: os liberais (Sociedade dos Zelosos da Independência) e os conservadores (Caramurus - Sociedade Filantrópica).

A Rusga em si consistiu num levante armado realizado pela oposição (liberais), com o objetivo de derrubar o Governo conservador e assumir o poder em Mato Grosso, e também queriam, os mais exaltados, assassinar a elite lusitana e os grandes latifundiários.

Governava a província o coronel João Poupino Caldas, que, durante a explosão da revolta, saiu às ruas com o bispo Dom José A. Reis, suplicando o fim dos assassinatos.

Os "rusguentos" não pararam e acusaram Poupino Caldas de traidor.

Sem apoio militar e isolado politicamente, o governador Poupino Caldas solicitou sua substituição.

O novo governador, Antonio Pedro Alencastro, foi rigoroso na perseguição aos líderes da Rusga, prendendo-os.

Poupino Caldas foi carimbado como o "dedo duro" que "entregou" os cabeças do movimento.

Em 1836, no dia em deixaria Cuiabá, João Poupino Caldas foi assassinado, provavelmente a mando dos Liberais exaltados.

Os "rusguentos" chegam ao poder em Mato Grosso, com a nomeação de Pimenta Bueno como governador, ainda em 1836.

WILSON SANTOS é professor de História e e ex prefeito de Cuiabá por dois mandatos.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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COMENTÁRIOS
3 Comentário(s).

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Julio   27.05.14 18h26
Porem, é notório que havia uma enorme aversão aos Portugueses, posterior abdicação do trono por D. Pedro I,tanto que nessa revolta (RUSGA) partes dos corpos dos portugueses mortos foram arrastados pelas ruas de Cuiabá pelos mais exaltados, com intuito de mostrar que os lusitanos não eram querido por aqui.
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Jorge  27.05.14 14h54
Foi um mandato e meio. Outra metade do mandato ficou entre um imbroglio e Galindo.
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cezar  27.05.14 11h11
pior prefeito da historia de cuiaba
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