Preso por passar trote na Polícia Militar e mobilizar mais de 80 agentes, num falso assalto seguido de sequestro, na manhã de segunda-feira (7), o pedreiro Paulo Rodrigues Pereira, de 47 anos, vai ser indiciado pela Polícia Civil por crime de furto.
Com a divulgação de sua prisão, ele acabou sendo reconhecido como autor de um furto ocorrido em setembro de 2011, quando levou R$ 1.500,00 de um cabeleireiro. A vítima o reconheceu ao ver sua imagem numa emissora de TV da Capital, ontem (7).
Segundo o cabeleireiro, em setembro do ano passado, ele conheceu Paulo num hotel no bairro Poção, em Cuiabá, onde ambos ficaram hospedados. Paulo se passava por morador de Rondonópolis e teria vindo à Capital acompanhar a mãe numa suposta cirurgia.
Ao sair para trabalhar no centro de Cuiabá, o cabeleireiro deu uma carona para Paulo, que parou no Centro e deixou o pedreiro no veículo, enquanto ia na Camara Municipal de Cuiabá. Ao voltar, o cabeleireiro percebeu o sumiço do dinheiro.
"Falei para ele (Paulo) que desconfiava dele e disse que iria revistá-lo, no salão de beleza. Ele concordou. Não encontrei nada, mas descobri, depois, que, antes de entrar no banheiro para ser revistado, ele colocou um envelope atrás do bebedouro. Na saída, pegou o envelope novamente. Só fiquei sabendo dias depois. No dia seguinte, não mais o encontrei e o dinheiro sumiu", relatou a vitima, em depoimento no Plantão Metropolitano da Capital.
Para policiais plantonistas, o pedreiro teria algum um motivo para passar um trote tão engenhoso, que obrigou a Polícia Militar a deslocar quase parte considerável do seu efetivo de operações especiais para um só local. A operação ocorreu em frente ao Edifício Waal Street, na Avenida Isaac Póvoas, na região central de Cuiabá.
"Ainda bem que nenhuma quadrilha praticou algum roubo de outro lado da cidade. Mas, quem sabe se o suposto plano não deu certo?", observou um policial.
Falsa comunicação
Além da falsa comunicação de crime, Paulo Pereira foi autuado por danos ao patrimônio público, uma vez que as centenas de policiais que estiveram no local para atender a uma falsa denúncia deixaram de atender outras ocorrências.
"Foi um prejuízo imenso, não só para a Polícia como também para toda a sociedade", disse a delegada plantonista Valéria Pimenta.
Policiais citaram o exemplo de uma loja no centro da Capital, a poucas quadras de onde os policiais procuravam os supostos criminosos, cujo proprietário ficou a manhã toda à espera de atendimento policial. Os bandidos haviam arrombado a loja e, ao ligar para o Ciosp, o comerciante era informado de que não havia efetivo.
Paulo negou que tivesse ligado para o Ciosp e passado um trote. Alegou que o chip de seu celular da operadora Claro teria sumido na parte da manhã e, quando retornou para casa, por volta do meio- dia, a esposa lhe informou que a Policia o havia procurado.
Pereira foi preso no bairro Jardim Vitória, após a Polícia rastrear um aparelho de telefone celular do qual ele ligou, duas vezes, somente na manhã de ontem, no bairro Santa Isabel. Outras 29 ligações falsas, somente em 2012, foram atribuídas ao mesmo número de telefone.
Na primeira ligação, Paulo dizia que era porteiro do edifício Wall Street e que se chamava Rodrigo Silva; e que, por já ter servido ao Exército Brasileiro, conhecia as armas que os supostos assaltantes estavam portando. Ele disse que havia fuzil e até granada.
Já na segunda ligação, ele disse que era um dos assaltantes e que iria matar todos os reféns, caso o Bope entrasse em ação.