Cuiabá, Terça-Feira, 5 de Agosto de 2025
MORTE DE PM
28.04.2023 | 10h40 Tamanho do texto A- A+

"Em situação de confronto, eu passaria por cima de qualquer um"

Segundo funcionária, declaração é do investigador Mário Gonçalves, que matou PM a tiros em Cuiabá

Reprodução Facebook

O investigador Mário Wilson Gonçalves, que matou o PM Thiago Ruiz a tiros

O investigador Mário Wilson Gonçalves, que matou o PM Thiago Ruiz a tiros

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

"Eu sou policial! Em uma situação de confronto, eu passaria por cima de qualquer um! Eu não consideraria amizade. Passaria por cima de qualquer um”.

 

Isso não se faz. Eu também sou policial, também estou armado. Você não sabe o que eu posso fazer, minha reação, mas está tudo tranquilo

A declaração é do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Gonçalves, 39, que matou o policial militar Thiago de Souza Ruiz, 36, a tiros, no posto Conti Comigo, em frente ao Choppão, em Cuiabá, na madrugada desta quinta-feira (27).

 

Segundo a funcionária do posto D.C.N., de 30 anos, o investigador disse a frase momentos antes do desentendimento que resultou no homicídio qualificado.

 

Ela relatou, em depoimento, que o investigador discutia com Thiago sobre “possível atuação em situação de confronto”.

 

Percebendo a tensão na mesa, ela disse que ficou atenta e, logo depois, viu Mário Wilson com duas armas nas mãos. Com medo, ela saiu da conveniência em companhia de outra colega, e logo ouviu vários disparos de arma de fogo.

 

Outros dois depoimentos, de funcionárias, dão detalhes sobre a dinâmica do crime.

 

"Somos todos amigos"

 

A caixa C.P.O.N., de 39 anos, contou que viu somente quando Thiago, Mário Wilson e o policial civil Walfredo Moura Júnior, de 48 anos, chegaram e se sentaram na mesa dentro da conveniência. 

 

Depois de um tempo, ouviu Thiago falando: “Isso não se faz. Eu também sou policial, também estou armado. Você não sabe o que eu posso fazer, minha reação, mas está tudo tranquilo”.

 

Walfredo então disse: “Calma. Vamos conversar. Somos todos amigos”. E depois o viu saindo para a área externa.

 

Vamos trocar de assunto. Já se resolveu isso aí. Vocês são todos colegas de trabalho

Os três continuaram na mesa, conforme o depoimento. Durante a conversa, ela viu Thiago levantar a camiseta para mostrar uma cicatriz, apontar para a marca, quando repentinamente Mário Wilson tirou a arma da cintura do PM e falou: “Aqui também é polícia!”.

 

Ela logo correu para fora, em seguida ouviu diversos disparos. Depois viu Mário saindo pela porta dos fundos, quando um carro se aproximou e o condutor mandou ele entrar, no que ele respondeu: “Não! Pode ligar para a polícia! Eu vou esperar!”.

 

Após insistência, o policial civil entrou no carro, ainda segurando uma arma, e foram embora.

 

Arma visível

 

A atendente T.I.S., de 34 anos, relatou que Thiago chegou à conveniência com Walfredo, por volta das 2h30 - e que aparentavam estarem “tranquilos”.

 

Ela afirmou que logo percebeu que Thiago era policial militar, pois “ele estava com a arma visível e um distintivo pendurado no pescoço”.

 

Pouco tempo depois chegou Mário Wilson com o amigo Gilson Tibaldi. Ambos foram até a mesa onde estavam Walfredo e Thiago, na área externa, momento em que viu Walfredo apresentar o PM ao Mário Wilson. 

 

Ela percebeu que eles se “estranharam”, mas Walfredo tentou acalmar a situação e depois todos entraram na conveniência. Segundo ela, eles ainda “continuaram se desentendendo e o Walfredo sempre tentando apaziguar”.

 

Walfredo então saiu para fumar na área externa, ficando Thiago, Mário e Gilson na mesa no interior da conveniência. Pouco tempo depois, Thiago se levantou, foi até o banheiro e, “ao retornar, sentou no mesmo lugar, já mais calmo”.

 

“Em determinado momento, chegou um cliente e falou: ‘Vamos trocar de assunto. Já se resolveu isso aí. Vocês são todos colegas de trabalho’”, disse a funcionária, que afirmou não reconhecer o homem.

 

Ainda segundo a testemunha, depois de uns minutos “Mário se levantou, sacou a arma dele, puxou a arma da vítima permanecendo com ela na mão”. Em seguida, ele guardou a arma dele e ficou somente com a de Thiago em punho.

 

O PM então foi para cima dele e começaram a brigar. Ela correu para a área externa junto de outra funcionária, viu Walfredo entrar e em seguida ouviu vários tiros.

 

Depois viu Thiago correndo em direção à esquina, enquanto Mário Wilson continuava a disparar contra ele. O PM caiu no chão e falou: “Olha o que ele fez comigo!”.

 

Logo chegou um rapaz num carro preto, que teria deixado o PM na conveniência momentos antes, e disse: “Vamos levar ele para o hospital”. Assim, Walfredo com a ajuda de outros colocaram ele no carro e saíram. 

 

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