"Eu sou policial! Em uma situação de confronto, eu passaria por cima de qualquer um! Eu não consideraria amizade. Passaria por cima de qualquer um”.
A declaração é do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Gonçalves, 39, que matou o policial militar Thiago de Souza Ruiz, 36, a tiros, no posto Conti Comigo, em frente ao Choppão, em Cuiabá, na madrugada desta quinta-feira (27).
Segundo a funcionária do posto D.C.N., de 30 anos, o investigador disse a frase momentos antes do desentendimento que resultou no homicídio qualificado.
Ela relatou, em depoimento, que o investigador discutia com Thiago sobre “possível atuação em situação de confronto”.
Percebendo a tensão na mesa, ela disse que ficou atenta e, logo depois, viu Mário Wilson com duas armas nas mãos. Com medo, ela saiu da conveniência em companhia de outra colega, e logo ouviu vários disparos de arma de fogo.
Outros dois depoimentos, de funcionárias, dão detalhes sobre a dinâmica do crime.
"Somos todos amigos"
A caixa C.P.O.N., de 39 anos, contou que viu somente quando Thiago, Mário Wilson e o policial civil Walfredo Moura Júnior, de 48 anos, chegaram e se sentaram na mesa dentro da conveniência.
Depois de um tempo, ouviu Thiago falando: “Isso não se faz. Eu também sou policial, também estou armado. Você não sabe o que eu posso fazer, minha reação, mas está tudo tranquilo”.
Walfredo então disse: “Calma. Vamos conversar. Somos todos amigos”. E depois o viu saindo para a área externa.
Os três continuaram na mesa, conforme o depoimento. Durante a conversa, ela viu Thiago levantar a camiseta para mostrar uma cicatriz, apontar para a marca, quando repentinamente Mário Wilson tirou a arma da cintura do PM e falou: “Aqui também é polícia!”.
Ela logo correu para fora, em seguida ouviu diversos disparos. Depois viu Mário saindo pela porta dos fundos, quando um carro se aproximou e o condutor mandou ele entrar, no que ele respondeu: “Não! Pode ligar para a polícia! Eu vou esperar!”.
Após insistência, o policial civil entrou no carro, ainda segurando uma arma, e foram embora.
Arma visível
A atendente T.I.S., de 34 anos, relatou que Thiago chegou à conveniência com Walfredo, por volta das 2h30 - e que aparentavam estarem “tranquilos”.
Ela afirmou que logo percebeu que Thiago era policial militar, pois “ele estava com a arma visível e um distintivo pendurado no pescoço”.
Pouco tempo depois chegou Mário Wilson com o amigo Gilson Tibaldi. Ambos foram até a mesa onde estavam Walfredo e Thiago, na área externa, momento em que viu Walfredo apresentar o PM ao Mário Wilson.
Ela percebeu que eles se “estranharam”, mas Walfredo tentou acalmar a situação e depois todos entraram na conveniência. Segundo ela, eles ainda “continuaram se desentendendo e o Walfredo sempre tentando apaziguar”.
Walfredo então saiu para fumar na área externa, ficando Thiago, Mário e Gilson na mesa no interior da conveniência. Pouco tempo depois, Thiago se levantou, foi até o banheiro e, “ao retornar, sentou no mesmo lugar, já mais calmo”.
“Em determinado momento, chegou um cliente e falou: ‘Vamos trocar de assunto. Já se resolveu isso aí. Vocês são todos colegas de trabalho’”, disse a funcionária, que afirmou não reconhecer o homem.
Ainda segundo a testemunha, depois de uns minutos “Mário se levantou, sacou a arma dele, puxou a arma da vítima permanecendo com ela na mão”. Em seguida, ele guardou a arma dele e ficou somente com a de Thiago em punho.
O PM então foi para cima dele e começaram a brigar. Ela correu para a área externa junto de outra funcionária, viu Walfredo entrar e em seguida ouviu vários tiros.
Depois viu Thiago correndo em direção à esquina, enquanto Mário Wilson continuava a disparar contra ele. O PM caiu no chão e falou: “Olha o que ele fez comigo!”.
Logo chegou um rapaz num carro preto, que teria deixado o PM na conveniência momentos antes, e disse: “Vamos levar ele para o hospital”. Assim, Walfredo com a ajuda de outros colocaram ele no carro e saíram.
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