O advogado José do Patrocínio, que atuou na coordenação jurídica do candidato ao Governo Lúdio Cabral (PT), em 2014, afirmou ter sido vítima de “grampos” clandestinos desde a época da campanha eleitoral.
Uma investigação conduzida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apura um suposto esquema de escutas clandestinas envolvendo o Palácio Paiaguás e que seriam feitos pela Polícia Militar de Mato Grosso.
A PM se utilizaria do esquema para monitorar adversários políticos do Governo, jornalistas, advogados e empresários.

“Na verdade, fiquei sabendo pelo repórter [do Fantástico], que eu tinha sido grampeado ilegalmente pelo staff do Governo. Claro que me espantei. Fiquei perplexo com relação à informação”, disse Patrocínio.
“As pessoas foram gravemente violadas. Isso é um atentado. São escutas, pessoas sendo ‘bisbilhotadas’ pelo staff do atual Governo”.
O advogado confirmou ter sido informado que os grampos foram viabilizados por meio da chamada "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
"Eleições viciadas"
Neste caso em específico, teria sido usado um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína.
“Entre os alvos que a polícia em tese precisava investigar, foram inseridos nomes de pessoas adversárias ao atual Governo, principalmente eu, que fui coordenador jurídico da campanha PT/PMDB na eleição de 2014”, afirmou Patrocínio.
“Meu telefone foi grampeado, esteva à disposição com todas as minhas informações privilegiadas. A imprensa tem conhecimento de que informação eleitoral é via online, ou seja, um grande prejuízo para a campanha da qual eu advoguei sem saber que estava sendo grampeado”, disse.
Patrocínio afirmou que sequer atua na área criminal, fato que possibilitaria a inclusão de seu nome entre os nomes com pedidos de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
“Ou seja, não há nenhum indício de pessoas vinculadas ao meu nome. Não tenho nenhum tipo de histórico na área criminal. Sou advogado trabalhista e eleitoral. Na verdade, o intuito da gravação era saber das informações privilegiadas e as estratégias que eu tinha utilizado para a campanha da qual eu advogava”, afirmou.
“O interesse era me ouvir, saber estratégias para contrapor lá na frente. Então, já de cara digo que as eleições de 2014 foram viciadas”, concluiu o advogado.
Possível esquema
No caso da denúncia relacionada aos grampos ilegais, teria sido usado um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína.
Ao pedir a quebra dos telefones dos supostos membros da quadrilha, teriam sido inseridos, ilegalmente, na lista encaminhada à Justiça, os telefones que interessariam ao Executivo monitorar.
A decisão que autorizou as escutas contra a quadrilha seria da Comarca de Cáceres, na fronteira do Brasil com a Bolívia.
O inquérito sobre o caso está na Procuradoria Geral da República, sob comando do procurador Rodrigo Janot.
O governador Pedro Taques seria um dos acusados de participar dos grampos, juntamente com mais três coronéis da Polícia Militar.
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