O ano de 2025 ficou marcado por uma das maiores crises políticas recentes da Câmara Municipal de Cuiabá, desencadeada pelo afastamento dos vereadores Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000 (PL), alvos da Operação Perfídia, que apura um suposto esquema de recebimento de propina relacionado às obras do Contorno Leste.
A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), colocou sob suspeita parlamentares, empresários e servidores, abalando o Legislativo Municipal e provocando forte repercussão política e institucional.
A Operação Perfídia foi deflagrada no dia 29 de abril, quando a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos vereadores e a empresários investigados.
As apurações apontaram que parlamentares teriam recebido vantagens indevidas de representantes da empreiteira responsável pelas obras do Contorno Leste, em troca de apoio político para a aprovação de um projeto de lei que viabilizava o pagamento de valores milionários à empresa.
Entre os elementos reunidos pela investigação estão depoimentos, mensagens trocadas por aplicativo e transferências bancárias, incluindo pagamentos feitos via Pix, que teriam sido comprovados por meio de recibos enviados diretamente aos vereadores.
Com o avanço das investigações, a Justiça determinou o afastamento imediato de Sargento Joelson e Chico 2000 dos cargos, além da apreensão de passaportes e da proibição de acesso às dependências da Câmara.
A decisão teve como objetivo evitar interferências na apuração dos fatos e preservar a coleta de provas. Com as cadeiras vagas, suplentes foram convocados para assumir temporariamente os mandatos, enquanto a Mesa Diretora acompanhava o desenrolar do caso sob pressão pública.
Futuro incerto
Os desdobramentos da investigação mantiveram a Câmara em clima de instabilidade ao longo dos meses seguintes. Testemunhas consideradas centrais relataram com detalhes como teriam ocorrido os pagamentos de propina, descrevendo valores, datas e intermediários envolvidos no esquema.
Em outro ponto sensível do inquérito, um delator afirmou ter realizado transferências bancárias diretas e encaminhado os comprovantes aos parlamentares investigados. As informações reforçaram a suspeita de que os pagamentos estariam diretamente ligados à tramitação legislativa que beneficiava a empresa responsável pela obra.
Internamente, a Câmara chegou a discutir a abertura de procedimentos ético-disciplinares, mas adotou cautela diante do fato de as investigações ainda estarem em andamento.
Ao mesmo tempo, decisões judiciais garantiram aos vereadores afastados o recebimento dos salários durante o período fora do cargo, o que também gerou críticas e debates entre parlamentares e a opinião pública.
Defesa
Ao longo de todo o processo, tanto Sargento Joelson quanto Chico 2000 negaram veementemente as acusações.
Joelson classificou a investigação como uma “armação” e sustentou que jamais recebeu propina, afirmando ser vítima de interesses políticos e empresariais. Chico 2000 também rebateu as alegações, dizendo confiar na Justiça e alegando não haver provas de seu envolvimento em qualquer esquema ilícito. Ambos afirmaram que os fatos seriam esclarecidos com o andamento do processo.
Após meses afastados, as decisões começaram a mudar no segundo semestre. Em setembro, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) concedeu habeas corpus e autorizou o retorno de Sargento Joelson ao exercício do mandato, entendimento que posteriormente também beneficiou Chico 2000.
Com as decisões, os vereadores reassumiram seus cargos na Câmara, encerrando o período de afastamento que marcou o ápice da crise institucional do Legislativo municipal em 2025.
Apesar do retorno dos parlamentares, o episódio deixou marcas na Câmara de Cuiabá e segue como um dos principais símbolos de um ano turbulento, em que investigações de corrupção expuseram fragilidades políticas e institucionais. As apurações da Operação Perfídia continuam em andamento.
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