Cuiabá, Domingo, 9 de Novembro de 2025
OLHAR AO MEIO AMBIENTE
09.11.2025 | 10h32 Tamanho do texto A- A+

COP30 começa com apenas 79 metas climáticas entregues e baixa adesão presencial

Países que divulgaram planos nacionais representam cerca de 64% das emissões globais

José Cruz/ Agencia Brasil

O presidente da COP30, André Correa do Lago, conduzirá as negociações da conferência climática em Belém

O presidente da COP30, André Correa do Lago, conduzirá as negociações da conferência climática em Belém

JÉSSICA MAES
DA FOLHA DE S. PAULO

Três anos depois do recém-eleito presidente Lula anunciar que queria trazer a COP30 para o Brasil, começa nesta segunda-feira (10) a 30ª edição da conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, em Belém. As negociações, que se estenderão por duas semanas, começam em clima de incerteza.

 

 

Dos 195 signatários do Acordo de Paris, apenas 79 entregaram suas novas metas climáticas nacionais, representando 64% das emissões de gases de efeito estufa globais, segundo levantamento da plataforma Climate Watch.

 

 

Entre os planos atrasados estão o da Índia, deixando os diplomatas no escuro sobre o que pretende um dos maiores poluidores do mundo. A União Europeia, outro grande emissor, só entregou sua meta no último dia 5.

 

 

Conhecido como NDC (sigla em inglês para contribuição nacionalmente determinada), é esse documento que deve nortear as políticas de combate à crise do clima em cada país. Metas atualizadas e mais ambiciosas devem ser divulgadas a cada cinco anos, mas só uma minoria dos governos cumpriu o prazo original da ONU, de fevereiro, e nem mesmo a extensão da data limite até setembro foi o suficiente.

 

 

Com isso, o relatório-síntese feito pela UNFCCC (braço das Nações Unidas para mudanças climáticas) sobre as NDCs foi inconclusivo e não conseguiu apontar com precisão para qual cenário de aquecimento global o mundo está caminhando.

 

 

Em estimativas paralelas, considerando promessas aventadas pelo grupo europeu e pela China, a agência indicou que as emissões globais iriam cair cerca de 10% até 2035. Porém, para cumprir o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris —até o final do século, ficar abaixo de 1,5°C de aumento de temperatura global em comparação com os níveis anteriores à Revolução Industrial— essa redução teria que ser de 60%.

 

 

"Fechar essa vergonhosa lacuna [entre o corte de emissões necessário e o prometido] é uma condição absolutamente fundamental", afirma Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima.

 

 

"Para isso, não há outra opção senão lidar com o fim dos combustíveis fósseis, que é um tema do qual ninguém quer tratar. Mesmo diante dessas circunstâncias desfavoráveis, espero que a COP30 possa ser o início da resolução desse assunto."

 

 

O acordo adotado na COP28, em Dubai, citou pela primeira vez uma redução no uso mundial de combustíveis fósseis, mudando os sistemas energéticos de "forma justa, ordenada e equitativa". Desde então, porém, as nações produtoras de petróleo, gás e carvão conseguiram impedir que o tema voltasse à mesa.

 

 

Desfecho da crise de hospedagem

 

Além da indefinição sobre as NDCs, os preços exorbitantes para hospedagem na capital paraense durante o evento dificultaram a vinda de muitas delegações, principalmente de nações mais pobres. O quórum mínimo para legitimar decisões das COP é de dois terços dos signatários, ou seja, 132 partes, índice que foi atingido há menos de um mês.

 

 

A crise só foi amenizada após uma série de medidas tomadas pelo governo federal, como o apelo à ONU para que a organização aumentasse a verba concedida aos países menos desenvolvidos e o apoio de bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas.

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