O delegado Edson Arthur Teixeira Peixoto, da 2ª Delegacia do Carumbé, disse não ver elementos que comprovem que o vereador Abílio Brunini (PSC) tenha invadido a casa do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), na manhã de quinta-feira (9).
Peixoto foi quem colheu os depoimentos de Abílio e do motorista Jonai dos Santos Nascimento. Eles se envolveram numa confusão em frente à residência do prefeito, localizada no Bairro Jardim das Américas.
Abílio afirmou que fazia uma gravação no local e teve seu celular tomado por Jonai, que é motorista da primeira-dama Márcia Pinheiro. Ele, por sua vez, disse que foi agredido verbalmente e ameaçado pelo vereador.
“Colhido os termos de declarações dos envolvidos, bem como formalizada a juntada de vídeos e áudios gravados por Abílio sobre o ocorrido, temos que sobre a conduta de Abílio, em relação aos crimes de ameaça, violação de domicílio e injúria não há elementos que comprovem que o mesmo tenha incorrido em suas práticas”, disse Peixoto.
“Haja vista que pelo que consta este não chegou a entrar ou tentar entrar na referida residência, bem como que pelos áudios e vídeos juntados, não há ameaças ou injúrias”, acrescentou o delegado.
As declarações constam no despacho relativo ao boletim de ocorrência registrado sobre o episódio, ao qual o MidiaNews teve acesso.
No documento, após um breve relato dos fatos, o delegado determinou o envio do despacho à Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) para que se apure a suposta prática de furto por parte de Jonai dos Santos.
Edson Peixoto pediu ainda o envio de cópia do procedimento à delegacia de área de modo a apurar eventual prática de crime de ameaça por parte do vereador Abílio.
Sem flagrante delito
Ainda no despacho, o delegado salientou que, após tomar o celular do vereador, o motorista Jonai dos Santos se dirigiu à 1ª Delegacia da Capital de forma espontânea e, posteriormente, devolveu o aparelho a Abílio.
“Considerando que em razão da apresentação espontânea de Jonai dos Santos não se vislumbra a hipótese de flagrante delito, pois tal situação não se amolda ao disposto do artigo 304 do Código de Processo Penal, o qual dispõe que para a lavratura de auto de prisão em flagrante delito se faz necessário que a pessoa seja presa e apresentada à autoridade policial, o que de fato não ocorreu”, concluiu o delegado.
Entenda o caso
A confusão registrada na manhã de ontem teve início no momento em que o vereador Abílio filmava uma obra na casa do prefeito.
Em conversa com o MidiaNews, Abílio relatou ter recebido uma denúncia – acompanhada de fotos - dando conta de que o prefeito estaria realizando uma reforma em sua residência sem um alvará que permite tal ampliação.
Ele disse ter procurado a Secretaria de Meio Ambiente - onde foi informado que tal obra de fato não tinha o alvará necessário – e também a Secretaria de Ordem Pública, onde pediu uma vistoria em tal imóvel.
Inicialmente, segundo o vereador a vistoria foi agendada. Contudo, após os responsáveis tomarem conhecimento que a residência era do prefeito, eles teriam postergado a inspeção.
“Quando falaram que não iam, eu resolvi ir à casa do prefeito. Eu estava na rua do prefeito. Não pus a mão por cima da casa. Eu estava apenas fazendo uma fiscalização e mostrando a casa, mas eu estava na rua. Foi aí que apareceu um funcionário do prefeito dizendo que eu não podia fazer a gravação e me tomou o celular da mão”, contou o vereador.
Jonai dos registrou um boletim de ocorrência afirmando que tentou impedir o vereador de filmar e invadir a casa do prefeito.
“O comunicante advertiu o suspeito e pediu que ele parasse com as filmagens. Todavia, ele não aceitou e iniciou uma discussão verbal com o suspeito, proferindo xingamentos e ameaças, no sentido de que iria denunciar o comunicante”, diz trecho do BO.
Ainda na versão do motorista, o político teria insistido, dizendo que iria entrar na residência a qualquer momento.
O funcionário relatou que sua intenção não era pegar para ele o celular, mas impedir que ele continuasse “filmando e entrando na propriedade privada da primeira dama e do prefeito”.
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2 Comentário(s).
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Arilson Melo 11.05.19 01h35 | ||||
Não sei se bem esse o papel de um vereador, acho q deveria fiscalizar obras públicas e a aplicação do dinheiro público nessas obras, vizitar bairros q precisam de infraestrutura, saneamento básico, ajudar famílias mais necessitadas e não armar esse circo, temos q saber se há intenção é aparecer, ser visto pra se candidatar a prefeito nas próximas eleições. Fica esperto povo será q essa é atitude de governantes? | ||||
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Emerson Calcanhoto 10.05.19 10h48 | ||||
Impressionante a forma como as pessoas invertem o jogo nesta cidade, o vereador Abílio recebeu a denúncia, foi até a rua pública, enfrente a casa do prefeito, e começou a provar através de filmagem que a obra existe e que não tem.alvara. Então seu celular e tomado (furto) por um funcionário do prefeito, e tudo isso muito claro na filmagem, sem.nenhuma invasão, apenas em via pública. O ver. Abílio sofreu uma agressão a seus direitos, e ao seu patrimônio ( celular) não o contrario, o prefeito a sua privacidade. Ao se lançar a vida pública, Emanuel sabia que deveria ser o maior cumpridor de deveres de nosso município, e pelo que percebemos, deixou de cumprir as formalidades para reforma em sua casa. Temos que agradecer ao tempo dos celulares modernos, pois a verdade, mesmo que distorcida por jogos de interesse, fica clara nas imagens. Vamos pensar um pouco, que recebe dinheiro da prefeitura e isento para publicar notícias? Grande injustiça feita ao vereador. | ||||
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