Racha no PPS ameaça projeto eleitoral de Mauro Mendes

Uma polêmica nos bastidores envolvendo o PPS pode prejudicar os planos do empresário Mauro Mendes (PSB) no sentido de montar uma chapa forte para concorrer à Prefeitura de Cuiabá. De um lado, está o presidente do diretório regional, deputado estadual Percival Muniz (PPS), e do outro, o presidente do diretório municipal socialisya, Wagner Simplício (PPS).

Muniz, por sua própria conta e risco, não se cansa de afirmar, publicamente, que o PPS estará na coligação que dará sustentação a uma eventual candidatura de Mendes. Simplício, por sua vez, afirma que tem legitimidade e autonomia para decidir o rumo do partido em Cuiabá – e que essa posição estaria sacramentada pela direção nacional da sigla.

Até o senador Pedro Taques (PDT) está participando das conversas e demonstra preocupação com o racha iminente no movimento Mato Grosso Muito Mais (PDT-PSB-PPS-PV). Em entrevista ao MidiaNews, ele confirmou que Simplício está, realmente, fazendo uma movimentação para retirar o apoio do PPS a Mauro Mendes, mas que ele não teria legitimidade para isso.

Questionado sobre por que faltaria legitimidade a Simplício, o senador desconversou e disse que não daria palpite “no partido dos outros”. Ele garantiu, porém, que a questão já foi contornada. “Não vejo risco [de o PPS retirar a apoio a Mauro Mendes]. O Percival disse que já está resolvido”, concluiu.

Ao MidiaNews, Percival classificou de “burrice” uma eventual desistência do partido em apoiar Mendes. No entanto, Simplício prosseguiu com as conversas visando a deixar o grupo e se aliar ao DEM e ao PP. A aproximação entre as siglas e a sinalização de que eles poderiam apoiar o eventual candidato democrata acendeu o alerta vermelho na cúpula da aliança Mato Grosso Muito Mais.

Outro motivo de preocupação do grupo seria o reduzido tempo de propaganda que ficaria para Mauro Mendes, em caso de perder o apoio do PPS. Segundo estimativa do próprio PSB, sem o PPS, restariam 4 minutos para a propaganda do PSB na TV. O PPS teria direito a uma cota de preciosos 40 segundos.

Diante da movimentação, rapidamente, o presidente regional do PSB, o deputado federal Valtenir Pereira, na semana passada, convocou a cúpula do movimento para um jantar na sua casa, e recebeu do presidente regional do PPS, o deputado estadual Percival Muniz, a garantia de que a sigla continua apoiando o nome de Mendes.

Para contornar a situação, alguns líderes do movimento decidiram tentar cooptar o DEM para a base de apoio do empresário. O diretório municipal dos democratas, por outro lado, não parece muito interessado nessa aliança.

“Podemos discutir apoio a ideias, não a nomes. Quem quer apoio, tem que estar disposto a apoiar”, declarou o presidente do DEM em Cuiabá, Leonardo Leão.

O militante Rodrigo Rodrigues, que se filiou ao DEM no ano passado, após deixar o PDT, devido a desavenças com Taques, refutou a possibilidade de aliança com o movimento Mato Grosso Muito Mais.

“Eu acho que é muito difícil um partido com o DEM, que tem uma história de coerência, fazer uma composição com o PSB, que já tem o Mauro Mendes como candidato. A não ser que eles queiram apoiar o nosso candidato”, declarou.

O próprio Mauro Mendes não demonstra fé na articulação, e desconversa quando questionado sobre possível aliança com o DEM.

Decisão municipal

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, informou ao MidiaNews que cabe aos diretórios municipais definir os rumos do partido nas eleições deste ano. “Os companheiros de cada município que vão decidir, pois cada um tem o seu cenário”, afirmou.

“É claro que, por ser uma discussão política, eles vão escutar o que o diretório regional tem a dizer e, dependendo da cidade, eles podem consultar, até mesmo, o diretório nacional. Mas, a decisão final cabe ao municipal”, disse o dirigente.

Questionado sobre as diretrizes nacionais do partido para coligações, Freire garantiu que o PPS não tem preferências nem restrições, e que não há qualquer orientação no sentido de que se busque um alinhamento entre partidos da oposição ao Governo Dilma Rousseff (PT).

Compromisso

Devido a problemas de saúde na família, Wagner Simplício teve que deixar a direção do PPS, que acabou ficando nas mãos do vice-presidente, João Batista.

Apesar de ser mais ligado à direção estadual da sigla do que Simplício, o novo dirigente não refuta completamente a possibilidade de deixar a base de apoio a Mendes.

“Temos [o PPS] o compromisso de apoiar o Mauro. Mas, ele ainda não decidiu se vai ser candidato a prefeito. E Roberto França é meu amigo. Se ele for candidato a prefeito pelo DEM, vamos conversar, sim. Nesse caso, eles devem nos convidar para compor um arco de alianças”, avaliou.