O deputado federal Adilton Sachetti (PSB) classificou como “ditador” o presidente nacional de seu partido, Carlos Siqueira. Para o parlamentar, o dirigente quer impor sua opinião para todos os filiados. A declaração é em razão da filiação do deputado federal Valtenir Pereira, que foi nomeado presidente regional do partido.
O convite ao parlamentar é visto ainda como uma consequência do voto favorável do também federal Fabio Garcia à reforma trabalhista de Michel Temer (PMDB). Siqueira destituiu Garcia do comando do diretório em Mato Grosso.
“A gente procura entender o que está acontecendo no partido. Há um presidente ditador, que acha que só ele tem direito de opinar. Eu não votei na reforma trabalhista, não estava no dia da votação, porque era o velório de minha esposa. Mas, mesmo assim, fui penalizado. Eu era vice-presidente da provisória no Estado e fui destituído só por pensar em apoiar a reforma trabalhista”, disse em entrevista à rádio Capital FM.
“Agora, a filiação do deputado Valtenir é muita safadeza ou é muita incoerência ou é porque temos um presidente ditador. Porque ele [Siqueira] está convidando alguém que também votou favorável à reforma trabalhista. Então, é uma grande incoerência. Está tudo errado”, afirmou.
Sachetti acredita que pode haver alguma estratégia de Siqueira por trás da filiação de Valtenir.
“Tem mais alguma coisa que nós não estamos sabendo. Eu acredito que esse presidente está jogando conosco. É algo que vamos ter que ter um pouco de calma, entender o que está acontecendo”, disse.
Mesmo diante de membros da sigla falando em debandada, Sachetti negou que irá deixar o partido. E ressaltou que Siqueira, mesmo sendo presidente, não tem “votos” para se colocar como “dono” da sigla.
“Estou filiado ao partido. Não vou me afastar. Vou lutar e mostrar para sociedade que há um presidente incoerente, uma Executiva que não respeita seus filiados, que não tem voto. O presidente não tem voto, não saiu na rua para pedir voto, só fica no ar-condicionado, usando dinheiro arrecadado do fundo partidário que eu ajudei e ajudo todo mês a arrecadar”, afirmou.
Sem goela abaixo
Sachetti disse que Valtenir não conseguirá comandar o partido se quiser impor medidas “a goela abaixo”.
Citou, por exemplo, que não conseguirá fazer o PSB ser oposição a Gestão Pedro Taques (PSDB) sem ouvir seus membros. Isso porque, Valtenir tem sido ferrenho crítico a Taques.
“É a posição dele, mas ele não é o dono do partido. Ele está chegando agora. Temos dois federais, cinco estaduais, 16 prefeitos, oito vice-prefeitos. E esse pessoal vai ter que ser ouvido. Valtenir não pode chegar e achar que todo mundo está a serviço dele. Ninguém vai dar bola para ele, ninguém vai ouvir ele, se ele chegar de forma autoritária”, disse.
“Vir aqui e querer empurrar tudo a goela abaixo, não vai conseguir conduzir o partido, porque vamos criar caso, sim. O Valtenir vai ter que explicar o que veio fazer aqui, qual o motivo de estar aqui. O partido tem regras, não é vir de cima para baixo e fazer o que bem entender”, completou.
O retorno
O deputado federal Valtenir Pereira assinou a ficha de filiação do PSB na tarde de quarta-feira (14), na sede do partido em Brasília.
Em discurso, afirmou que retorna ao partido para “construir consensos”. Disse, ainda, querer ajudar a reposicionar a sigla em Mato Grosso.
Já o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o deputado retorna para garantir “sintonia” entre o PSB-MT e a direção nacional.
O convite pode ser considerado uma resposta a Fabio Garcia, que votou favorável à reforma trabalhista de Michel Temer (PMDB), mesmo com o diretório tendo deliberado contra a proposta. Por conta do voto, Siqueira destituiu toda a comissão em Mato Grosso.
“Ele tem desempenhado suas tarefas políticas sempre com grande brilho e posicionamento correto frente às causas populares. Sabendo do reposicionamento do partido neste momento da política nacional, ele retorna à sua casa para contribuir neste processo, garantindo sintonia do PSB-MT com a direção nacional e com as causas populares”, disse Siqueira.
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3 Comentário(s).
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welber 20.06.17 11h20 |
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Chico 16.06.17 16h19 | ||||
A executiva nacional troca o diretório estadual e leva o partido para a oposição, neste contexto o Mauro Mendes não pode ser acusado de se afastar de Pedro Taques e se lançar ao governo. Bastante coveniente e uma saída para Mato Grosso. Algo me diz que ninguém sai, tudo não passa de encenação. | ||||
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João 16.06.17 14h57 | ||||
Com todo respeito aos que estão o PSB MT e mereçam ,mas esse partido perdeu o rumo a nível nacional em 2014 ,deixou suas bandeiras históricas para embarcar numa aventura golpista.Não me atrevo , de dizer que Valtenir seja a pessoa indicada para a retomada de rumos ,até pq se for para sair da órbita do Governador Pedro Taques e ser coadjuvante do PMDB será catastrófico.Espero que Valtenir consiga manter bons nomes que hj estão no PSB MT e tenha rumo próprio ,é ,esperar para ver . | ||||
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