Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
ESCÂNDALO NO INTERIOR
30.05.2012 | 10h22 Tamanho do texto A- A+

Vereadores afastam colega acusado de forjar atentado

Câmara Municipal de Sorriso já é marcada por escândalo envolvendo cobrança de propina

Divulgação

Líder do prefeito de Sorriso, vereador Vanzella é acusado de forja atentado para incriminar colega

Líder do prefeito de Sorriso, vereador Vanzella é acusado de forja atentado para incriminar colega

LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO

O líder do prefeito na Câmara de Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá), vereador Maximino Vanzella (DEM), foi afastado pelos colegas, na noite da última segunda-feira (28), sob a acusação de ter arquitetado um falso atentado contra o suplente de vereador Cícero Zimmerman (PMDB).

O objetivo seria incriminar o vereador Gerson Frâncio, o "Jaburu" (PSB), que era da oposição e foi cassado em novembro passado, acusado de tentar extorquir o prefeito Chicão Bedin (PMDB).

A Câmara instaurou, também, uma Comissão de Ética e Decoro Parlamentar para investigar a conduta de Vanzella no episódio. Compõem a comissão os vereadores Chacrinha (PR), como presidente, o ex-presidente da Câmara, Luis Fabio Marchioro (PDT), como relator, e Boanerges Costa (PMDB), como membro. A investigação foi instalada por unanimidade, com aprovação, inclusive, do acusado.

Em entrevista ao MidiaNews, Vanzella classificou o afastamento como “politicagem” e disse que foi afastado porque tem cobrado investigações sobre outros vereadores.

“Como estou na minoria, não consigo instalar investigações. É um risco para eles que eu faça as denúncias. Existem casos muito mais graves que o meu, que envolvem valores financeiros, dinheiro público, com investigações ainda em aberto. A investigação contra mim já foi arquivada na Polícia e no Ministério Público. Nos outros casos, a Câmara está sendo omissa”, apontou o democrata.

O vereador alegou que, arbitrariamente, não lhe foi dado direito de defesa durante a sessão que o afastou. “Não me deixaram falar na tribuna para me defender. Que perigo eu ofereço à sociedade, se fui eu que pedi investigação sobre esse caso? Eles puxaram o tapetão”, reclamou o vereador.

Vanzella afirmou que vem pedindo que os seus colegas apurem essa acusação desde o ano passado, quando o plano veio à tona. “Mas, na época, acharam que não precisava. Agora, pelo momento político, ressuscitaram esse caso, que já estava arquivado”, disparou o parlamentar.

“Estão tentando me desclassificar e me envolver. Se a própria Promotoria não achou nada contundente, o que a Câmara quer? Eles estão tentando fazer politicagem”, afirmou.

O vereador garantiu, ainda, que vai recorrer à Justiça para reverter o afastamento e assegurar seu retorno à Câmara.

Quebra de decoro

O relator da comissão, Luis Marchioro, rebateu as declarações de Vanzella e garantiu que o afastamento foi necessário.

“Ele admitiu que esteve na reunião, mas alega que não foi o mentor do plano. Nesse caso, ele deveria, no mínimo, ter comunicado alguém, senão se torna conivente da tentativa de forjar um atentado. Além disso, a reunião foi no escritório da madeireira dele”, disparou.

O pedetista disse, também, que na reunião em que o plano foi idealizado estavam presentes secretários municipais, além do vice-prefeito, Wanderley Paulo. Para o relator, a acusação de politicagem é uma forma de defesa do colega de parlamento. “Isso é natural, é a velha tática de atacar para se defender. Eu só lamento esse destempero”, disse.

Marchioro ressaltou que, mesmo com o arquivamento das investigações no MP e na polícia, é importante averiguar se houve quebra de decoro. “Temos que separar as coisas. A polícia investiga se houve crime. Somente arquitetar um atentado não é crime. O que nós vamos avaliar é se a conduta dele é digna de um vereador”, apontou.

Escândalos

Em novembro de 2011, a A Câmara Municipal de Sorriso viveu o auge de seu maior escândalo, ao cassar, de uma só vez, três vereadores acusados de extorquir o prefeito Chicão Bedin.

Além de Jaburu, foram cassados Chagas Abrantes (PR) e Roseane Marques de Amorim (PR).

Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) que embasou a investigação da Câmara, eles pediram propina ao prefeito em troca de favores políticos, como apoio em votações de projetos.

De acordo com as investigações, os vereadores cobravam propina de até R$ 500 mil do prefeito, além de um “mensalinho”. Todos chegaram a ser presos pelo Grupo de Apoio e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em junho daquele ano.

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