A família da arquiteta e urbanista Larissa Pompermayer Ramos, de 29 anos, que morreu na última terça-feira (18) devido a complicações no pós-parto em Cuiabá, tem vivido um verdadeiro “pesadelo”. O que começou como um sonho terminou em tragédia, que a família ainda não consegue compreender.

Larissa deu entrada no Hospital Municipal Euclides Horst, em Campo Novo do Parecis, no dia 2 de novembro, onde teria sido induzida a passar por uma cesariana por não estar com dilatação suficiente.
Três dias depois, começou a apresentar febre e dor no abdômen. Seu quadro evoluiu gradativamente até ser transferida para o Hospital Santa Helena, na Capital, onde morreu na manhã do dia 18 de novembro, em decorrência de uma sepse - infecção generalizada.
“É um absurdo que isso tenha acontecido, parece um pesadelo e eu fico me debatendo para acordar”, disse a assistente social Vânia Pompermayer, de 53 anos, mãe de Larissa.
Vânia disse ainda não conseguir assimilar a partida da filha. “É algo que não se consolidou dentro de mim, dentro da minha cabeça. Eu tive esperança até o final, falava para a minha mãe: ‘Não sinto que eu vou perder a minha filha’”, afirmou.
Larissa era a única filha da assistente social, mas a relação entre as duas ia muito além disso. “Éramos amigas, éramos um encontro de almas. Eu sempre falava para ela: ‘Você é o meu mundo todinho’. Está sendo muito difícil para todos nós. O que eu sinto é como se meu coração tivesse se transformado em uma bola de chumbo. Eu só sinto um peso, diariamente”, desabafou.
O nutricionista Gabriel Weber, de 24 anos, noivo de Larissa, afirmou que a filha, a pequena Liana Maria, tem sido a força da família. “É a Liana que está mantendo a gente de pé. É o que está nos fazendo seguir, continuar. Se não fosse por ela… a gente já teria desabado há muito tempo”, disse.
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Larissa Pompermayer, de 29 anos, que morreu após complicações no pós-parto
Sem entrar em detalhes, a família afirmou ter visto no hospital de Campo Novo “coisas que não deveriam acontecer”. “Nós vamos tentar entender, por meios legais, se foram corretos os procedimentos feitos com a minha filha. Eu, como leiga olhando, tenho questionamentos”.
História de amor
Gabriel e Larissa se conheceram pelo Tinder, um aplicativo de relacionamento, e estavam juntos havia quase cinco anos. Desde o primeiro contato, tiveram uma conexão intensa e, em poucos dias, mesmo morando em cidades distintas, já estavam namorando.
“Ela entrou no Tinder para excluir a conta dela, mas apareceu o meu perfil e ela achou ‘engraçadinho’. A gente deu match na hora e começou a conversar. Nos demos super bem desde o primeiro momento”.
Em menos de uma hora conversando na plataforma, os dois trocaram contatos, e as mensagens deram lugar a ligações de quatro, cinco horas.
“Ficávamos até de madrugada conversando e, no terceiro dia, nos abrimos um para o outro e eu a pedi em namoro. No dia seguinte, viajei para conhecê-la. Tivemos uma sintonia muito forte desde o começo”, contou Gabriel.
O casal sonhava em construir um lar e estava morando junto havia aproximadamente um mês.
“A vida estava começando a fluir. Compramos o nosso primeiro carro, ela estava indo bem na carreira. Além de arquiteta, era maquiadora e tinha um estúdio. Tínhamos planos, e aconteceu tudo isso”, lamentou.
A gravidez, segundo Gabriel, foi muito desejada, e logo que descobriram já começaram os preparativos para a chegada de Liana - nome escolhido no primeiro mês de relacionamento.
“Ela deixou tudo preparado, organizado, e por mais que hoje não esteja presente em estado físico, tudo que você pensar que a gente precisaria ela deixou organizado. Antes de a criança nascer, ela já foi uma mãe incrível”, disse o nutricionista.
Legado
Larissa foi descrita pela mãe e pelo noivo como uma mulher amorosa, carinhosa, cuidadosa e especialmente talentosa.
Com 9 anos, começou no teatro e deu vida a personagens inesquecíveis, como a Serpente em O Pequeno Príncipe. Atuou como diretora e foi premiada com Mani.
Fez Arquitetura e Urbanismo na Unemat de Barra do Bugres entre 2016 e 2021 e, atualmente, estava como mestranda na Universidade Federal de Rondônia, na linha “Território e Sociedade na Pan-Amazônia”, com o tema O Direito à Cidade e a Vulnerabilidade de Mães Solo em Campo Novo do Parecis – MT.
Em sua pesquisa, trazia uma de suas pautas mais latentes: a defesa das mulheres. Feminista e militante política filiada ao PT, Larissa era uma mulher que cativava quem cruzava seu caminho e criava laços até com quem dividia o transporte público.
“Ela era muito caprichosa e organizada, detalhista. Atriz desde os 9 anos até ir para a faculdade. Tudo que ela fazia, fazia com muito talento, com muito capricho. Sonhava em ser professora universitária”, disse a mãe.
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