Cuiabá, Sexta-Feira, 4 de Julho de 2025
ALPHAVILLE
16.07.2020 | 09h00 Tamanho do texto A- A+

Pai pensou que amiga da filha somente tivesse caído no banheiro

Em depoimento, Marcelo Cestari afirmou que demorou para perceber que se tratava de um disparo

MidiaNews

O Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) foi chamado, mas a garota já estava morta

O Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) foi chamado, mas a garota já estava morta

BIANCA FUJIMORI
DA REDAÇÃO

O empresário Marcelo Cestari, pai da adolescente que matou acidentalmente uma amiga no domingo (12), no condomínio Alphaville, disse em depoimento à Polícia Civil que não imaginou que o barulho vindo do quarto de sua filha fosse de tiro.

 

Ele disse, também, que achou que a jovem havia se acidentado e caído no banheiro. O empresário depôs por cerca de duas horas ao delegado Olímpio da Cunha Fernandes Junior, na sede da DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa), na noite de terça-feira (14).

 

Conforme o depoimento, o empresário estava na área próxima à piscina comendo sobremesa do jantar com a porta fechada por conta do ar-condicionado, que estava ligado.

 

De repente, ele disse ter ouvido um barulho “abafado” e achou que seria uma porta de blindex batendo.

 

"O interrogado escutou um barulho, parecendo o fechamento de uma porta blindex, estando ele na área externa da casa com a porta fechada em virtude do ar-condicionado, acreditou tratar-se de um barulho mais 'abafado, 'choco', comum, não identificando que seria barulho de disparo de arma".

 

Em poucos segundos, ele disse que ouviu sua esposa gritando e, ao abrir a porta, escutou os gritos da filha, vindo do segundo andar da casa, chamando pelo nome da amiga já morta.

 

Marcelo contou que subiu correndo as escadas, em direção ao closet, achando que havia ocorrido um acidente doméstico.

 

Quando chegou ao banheiro, o empresário encontrou a amiga da filha caída no chão com a cabeça inclinada para o lado.

 

Massagem cardíaca

Imediatamente, Cestari disse que gritou para que chamassem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e avisassem a mãe da vítima sobre o acidente.

 

Ao falar com a equipe do Samu, ele relatou que foi orientado a prestar os primeiros socorros. Cestari afirmou também que naquele momento ainda não sabia que a garota havia levado um tiro, tendo em vista que não havia sangue e nem marca no corpo.

 

Os paramédicos, ainda no telefone, chegaram a questionar o empresário se a menina não tinha sido atingida por um tiro. Em reposta, ele disse achar que ela tinha apenas caído no banheiro.

 

Marcelo revelou ainda que tentou fazer massagem cardíaca para reanimar a garota, conforme foi orientado pelo Samu.

 

Ao mover o corpo da menina, ele chegou a sentir um caroço na cabeça dela, mas acreditou ter sido provocado pela queda e prosseguiu com os primeiros socorros.

 

Em determinado momento, começou a sair sangue da cabeça da vítima, no lugar onde ele tinha identificado a “bola”.

 

"Com a continuidade das manobras, começou a sair sangue de algum lugar próximo onde havia identificado a 'bola' da menor, tendo aumentado rapidamente o volume", diz trecho do depoimento.

 

Um médico amigo da família, que foi acionado pela esposa, chegou pouco depois e examinou a garota constatando o óbito.

 

Ele perguntou ao empresário quando ele tinha percebido que a adolescente havia sido atingida e Marcelo disse que foi quando o atendente do Samu o questionou sobre a possibilidade e ele passou a cogitar o disparo.

 

Somente depois que a equipe do Samu chegou à residência e confirmou o óbito que sua outra filha o teria informado sobre o disparo acidental da arma.

 

 

A morte

 

Segundo a adolescente, ela estava com duas armas em um case – bolsa de pano – quando foi atrás da amiga, que estava no banheiro dentro do seu quarto. O disparo acidental aconteceu neste momento.

 

Ela também prestou depoimento à Polícia Civil na terça-feira.

 

"Que perguntado à declarante se lembra se acionou o gatilho da arma quando a pegou do chão, afirma que não se recorda, mas acredita que possa ter apertado; que tem toda a intenção de esclarecer os fatos e auxiliar na elucidação, que o disparo foi acidental e que nunca houve e nem poderia conceber tirar a vida da sua amiga, que o fato ocorrido foi trágico acidente”, consta em trecho do depoimento.

 

Conforme os relatos, o banheiro da adolescente fica dentro do closet no quarto. Ela seguiu em direção ao cômodo gritando pela amiga. Ao chegar na frente do banheiro, tentou abrir a porta e deixou o case - com as duas armas - cair ao chão.

 

"Decidiu bater a porta do [banheiro] que, ao soltar uma das mãos, o case caiu no chão, abrindo e expondo as duas armas, tendo uma caído parcialmente fora do case; que neste momento, a declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto".

 

"Que em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo", revelou.

 

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maria  16.07.20 11h29
Triste, triste, triste
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2