LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Manifestantes do Movimento Sem Terra bloquearam três trechos das rodovias federais 364 e 070, desde o começo da manhã desta segunda-feira (25), em protesto contra a situação de aproximadamente dez mil famílias que se encontram acampadas no Estado – algumas, há quase 12 anos.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios acontecem no km 328 da BR-364, próximo ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), na Serra de São Vicente; no km 203 também da BR-364, sobre o viaduto localizado no perímetro urbano de Rondonópolis (210 km de Cuiabá); e no km 726 da BR-070, sobre a ponte que transpõe o Rio Paraguai, em Cáceres (214 km da Capital).
Ainda de acordo com a PRF, há longos congestionamentos em todos os pontos, mas o trânsito se encontra pior na interdição realizada em Rondonópolis, onde a fila de veículos já possui 20 km de extensão.
No local, a situação piora com o congestionamento em filas duplas e até triplas de caminhões de carga que aguardam para descarregar soja no terminal rodoferroviário da empresa América Latina Logística (ALL), que fica entre as cidades de Alto Araguaia e Alto Garças.
Varlei Cordova/Agora MT
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Manifestantes querem o assentamento de 10 mil famílias que estão acampadas em MT
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Segundo a PRF, durante o final de semana, o congestionamento no local chegou a 60 km e muitas famílias que se encontravam presas na rodovia chegaram a passar mal com a longa espera.
A liberação do tráfego nos três pontos bloqueados pelo MST deve acontecer das 11h às 14h e das 18h às 20h.
Porém, a PRF alerta os motoristas de que os manifestantes já afirmaram que os trechos permanecerão bloqueados até que suas reivindicações sejam atendidas.
ReivindicaçõesSegundo os manifestantes, Mato Grosso possui mais de dez mil famílias que aguardam por assentamento há 12 anos, vivendo sob a lona durante todo esse período.
A pauta de reivindicações dos manifestantes, divulgada na manhã de hoje, abrange questões territoriais e ambientais, infraestrutura, liberação de crédito, assistência em educação e saúde e ampliação do direito dos pescadores.
Entre os principais pontos – além do assentamento – estão a retomada imediata das terras públicas da União; vistoria de 15 áreas por movimentos sociais e pastorais; desocupação das terras indígenas de Urubu Branco (Confresa), Juruna (São José do Xingú), Jarudori (Poxoréu) e Manoski (Brásnorte); criação de Reserva Indígena para o povo Kanela; demarcação das terras indígenas Myky (Brasnorte), Enawenê Nawê (Juina) e Batelão (Tabaporã), Isolados Kawahiva (Colniza), Chiquitano (Portal do Encantado em Porto Esperidião).
Os manifestantes ainda solicitam abertura de poços artesianos e construção de redes de distribuição de água e de energia elétrica, recuperação, abertura e construção de pontes e estradas; construção de espaços de convivência, comercialização, parques e áreas de lazer nos assentamentos, entre outros.
As famílias pedem também pela desburocratização do acesso aos créditos (principalmente de habitação e reforma); assistência técnica a todas as famílias assentadas no Estado; e liberação de 500 rolos de lona e cestas básicas.
A falta de infraestrutura das escolas do campo e indígenas, bem como a falta de professores, de transporte escolar e de agentes de saúde também são pontos levantados pelos manifestantes. Eles ainda pedem pela criação de Postos de Saúde da Família (PSFs) em todas as áreas de assentamento e aquisição de veículos para atendimentos de saúde.
A garantia do direito à pesca e indenização imediata dos pescadores atingidos pela construção de hidrelétricas fecham a lista de reinvindicações.