LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
As obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá estão com o cronograma atrasado em 180 dias, segundo o relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
De acordo com o parecer do órgão, as obras andaram apenas 5,82% até o dia 31 de janeiro deste ano, quando foi feita a última medição pelo órgão.
O previsto, de acordo com os técnicos do TCE, era de que as obras já houvessem alcançado 38,3%, até o final do primeiro mês deste ano – equivalendo assim, a um pagamento de R$ 565,9 milhões.

"Estamos torcendo para que a obra mais importante, que vai melhorar a qualidade de vida da população de uma forma significativa, dê certo"
Porém, até janeiro, do total de R$ 1,47 bilhão a ser pago ao Consórcio VLT Cuiabá pelos serviços executados, apenas R$ 85,9 milhões já foram repassados.
Relator das contas da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), o conselheiro Antônio Joaquim não acredita que o ritmo lento da obra possa implicar na não conclusão dos trabalhos antes do Mundial de Futebol, marcado para ter início em junho de 2014.
Joaquim classificou o ritmo das obras como “interessante” e acredita que os próximos relatórios a serem liberados pelo órgão ao longo do ano poderão dar a dimensão exata do andamento do empreendimento.
“O VLT começou a ser executado em janeiro e em um ritmo interessante. Vamos avaliar os nossos próximos relatórios, quando teremos uma posição muito mais clara. Claro que todos nós estamos torcendo para que a obra mais importante, que vai melhorar a qualidade de vida da população de uma forma significativa, dê certo”, disse.
Segundo o conselheiro, há tempo hábil para conclusão dos trabalhos, uma vez que o prazo dado pelo Consórcio para finalização das obras - em um cronograma entregue ao Governo do Estado – é de abril de 2014, e não março, como está previsto no contrato.
“Como o cronograma seria abril do ano que vem, nesse ritmo é possível [que a obra seja concluída]”, afirmou.
Sem atrasosPor sua vez, o secretário da Copa, Maurício Guimarães, negou que a obra esteja atrasada ou que o prazo de entrega tenha sido adiado. No entanto, o modal de transporte coletivo teria um prazo de “teste” previsto no cronograma.
“A obra física será entregue em março de 2014. Daí, teremos um período de operação ‘branca’ do VLT, durante 60 dias”, explicou.

"A obra física será entregue em março de 2014. Daí, teremos um período de operação ‘branca’ do VLT, durante 60 dias"
Hoje, a obra já está sendo implantada em várias frentes de trabalho, localizadas na Avenida da FEB, em Várzea Grande, e nas avenidas Fernando Corrêa da Costa e Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), em Cuiabá.
A Secopa alega, ainda, em cronograma divulgado em dezembro do ano passado ao
MidiaNews, que as obras do VLT já estariam com, no mínimo, 22% dos trabalhos concluídos naquele mês.
Segundo Maurício, outra frente de trabalho já deu início à implantação da via permente do VLT na Avenida Coronel Escolástico, na Capital, na segunda-feira (18). Novas frentes de trabalho para implantação do modal estão previstas para serem abertas, até abril deste ano, nas avenidas Tenente Coronel Duarte (Prainha) e XV de Novembro.
DesapropriaçõesGuimarães voltou a defender que o Governo do Estado não está sofrendo empecilhos para realizar as desapropriações que o projeto demanda. Valores estariam sendo depositados em juízo e a Justiça já teria concedido algumas liminares para que a obra tenha prosseguimento.
“Temos desapropriações parciais e totais para a obra do VLT nas avenidas da FEB, Fernando Corrêa e Prainha. Nas demais, não haverá desapropriações. Temos desapropriações do VLT que já estão com liminares e salvo alguma ação isolada, nós não temos problemas hoje de desapropriação. Isso não está impactando as obras”, afirmou.
A Prainha, aliás, concentra a maiorias das desapropriações totais necessárias para a realização da obra e continua causando polêmica entre os locatários, proprietários e o Governo do Estado. Muitos comerciantes defendem que não receberam o aviso ou o pagamento para que deixem o local.
“Os proprietários afetados com a desapropriação do imóvel já foram todos cadastrados e alguns deles nós já temos até a liminar para fazer a ocupação e o recurso já está depositado em juízo. Todas as indenizações estão depositadas. Quem não recebeu ainda é porque não teve o caso apreciado na Justiça ainda. Até porque a Justiça não dá nenhuma liminar de reintegração de posse se não houver garantia do dinheiro já depositado”, disse.