LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) deverá percorrer todo o Eixo 1, que liga o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, ao Comando da Polícia Militar, no CPA, em 90 minutos. Já o Eixo 2, que liga o Coxipó à região central da Capital, deverá ser feito em 45 minutos. Os tempos se referem à ida e volta dos percursos.
A informação foi dada pelo engenheiro da CAF Indústria e Comércio, Ricardo Sanchez, durante entrevista coletiva realizada no Centro de Comando do moral, construído em Várzea Grande, nesta semana.
A empresa integra o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela implantação do modal na região metropolitana.
De acordo com Sanchez, o tempo de percurso a ser cumprido pelo VLT nos dois eixos já estava previsto em edital e será respeitado pelo consórcio.
“Esse tipo de veículo alcança até 120 km/h. No caso de Cuiabá, ele vai ter a velocidade limitada a 60 km/h. Ele vai andar a 25 ou 30 km/h, contando com as paradas nas estações”, afirmou.

"Esse tipo de veículo alcança até 120 km/h. No caso de Cuiabá, ele vai ter a velocidade limitada a 60 km/h. Ele vai andar a 25 ou 30 km/h, contando com as paradas nas estações"
Questionado sobre qual a diferença do VLT escolhido para ser implantado na Grande Cuiabá com os demais veículos sobre trilhos que já foram construídos em cidades do Nordeste, por exemplo, o engenheiro foi taxativo ao afirmar que “não há nada para ser comparado”.
“No Nordeste, tratam-se de modelos a diesel. Esse [VLT de Cuiabá] tem uma tecnologia totalmente diferente. A única coisa que eles têm em comum é nome: VLT. Mas é como comparar um Fusca com um Mercedes-Benz. Não tem comparação. Esse é operado com centro de controle, é elétrico, com características totalmente diferentes”, disse.
Sanchez defendeu, ainda, a viabilidade do modal na Capital e afirmou que não há o risco dele não ter a demanda esperada pelo Governo do Estado, a exemplo do que ocorreu em Campinas (SP).
“O grande problema que ocorreu em Campinas foi que eles aproveitaram uma via que já existia e que passava longe do Centro e das áreas mais populosas de Campinas. É um transporte que estava distante para as pessoas utilizarem e que acabou não tendo demanda. As pessoas não estavam dispostas a ir até à linha do VLT para serem transportadas e preferiam pegar o ônibus e ir até o Centro”, explicou.
Ele explicou, ainda, que faltou a realização de estudos a respeito do mural, tempo e demanda antes da implantação do modal naquela região.
“Não é a demanda que tem que se adaptar ao modal, mas o modal que deve se adaptar à demanda. É muito mais fácil você fazer a via por fora e chegar ao Centro do que você cortar a cidade da forma como estamos fazendo. Mas é o modal que tem que ir à população e não o contrário”, completou.

"No Nordeste, trata-se de modelos a diesel. Esse [VLT de Cuiabá] tem uma tecnologia totalmente diferente. A única coisa que eles têm em comum é nome: VLT. Mas, é como comparar um Fusca com um Mercedes-Benz"
Funcionamento
O engenheiro explicou, ainda, como será feita a operação do modal na Capital. De acordo com Sanchez, o consórcio construtor irá entregar o trem pronto para operação ao Governo do Estado, que, então deverá contratar o operador do sistema.
O operador escolhido pelo Estado, então, deverá receber os manuais para controle do modal, bem como irá receber um treinamento ministrado pela CAF Indústria e Comércio para que conheça os trens.
Os instrutores da empresa responsável pela operação também serão treinados para que possam ensinar os maquinistas e controladores do modal.
Sanchez explicou que os carros serão movimentados tanto pelos condutores quanto pelos controladores que estarão lotados na Central de Comando e Operação do VLT, em Várzea Grande.
“A grande característica do VLT é que o condutor é o grande responsável por mover e frear o trem. Ele faz isso com o apoio dos controladores. O controlador terá várias telas à sua frente e eles se falam por um sistema de rádio. Com as telas, ele [controlador] saberá sabe onde está cada trem e avisa ao condutor de cada carro para diminuir ou aumentar a velocidade, frear, etc. Então, toda a operação é controlada por pessoas de dentro do Centro de Comando”, disse.
Orientação e capacidadeDe acordo com o engenheiro, toda uma campanha de orientação será feita para que a população entenda o funcionamento do VLT, quando o modal estiver pronto para uso.
“Existe todo um sistema de sinalização visual e sonora, informando da parada na estação e da abertura e fechamento das portas. Posteriormente, o operador vai fazer uma campanha informativa para que os passageiros saibam como embarcar e desembarcar. É muito simples, mas como é um veículos novo e nenhuma cidade da América Latina possui um veículo desse, será necessária uma campanha de orientação”, afirmou.
MidiaNews
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VLT sobre os trilhos no Centro de Manutenção: modal vai percorrer de uma ponta a outra do Eixo 1 em 90 minutos
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Sanchez justificou, ainda, a razão pela qual, dos 400 passageiros transportados em cada carro (formado por sete vagões cada), somente 76 vão sentados. De acordo com ele, estudos mundiais apontam que o número de passageiros em pé é definido pela demanda, ou seja, quantas pessoas entram e saem do modal e o tempo de viagem de cada uma.
“Quanto mais passageiros você coloca sentados, menos passageiros são transportados nos veículos. A maioria [dos passageiros] usa o VLT, o trem ou o metrô por um tempo muito curto. Ela fica ali por 10 ou 15 minutos e logo ela desembarca. Se você fosse colocar todas essas pessoas sentadas, o custo de implantação seria altíssimo”, disse.
“Se você pega um trem regional, que roda por uma ou duas horas, todo mundo vai sentado, porque ninguém vai ficar uma hora em pé. Mas para um veículo que vai transportar as pessoas por 10 ou 15 minutos, ela vai em pé”, completou.
O VLTOrçada em R$ 1,477 bilhão, a obra do VLT está sendo executada pelo Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda.
O novo modal será implantado nas principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande (Fernando Corrêa da Costa, Coronel Escolástico, Historiador Rubens de Mendonça, Tenente-Coronel Duarte - Prainha - e XV de Novembro na Capital e FEB, João Ponce de Arruda, na cidade vizinha), totalizando 22 km de extensão.
No trajeto estão previstas obras de artes especiais (trincheiras, viadutos e pontes), além da reestruturação da cobertura do córrego da Prainha.
Ao todo, o modal contará com 33 estações de embarque e desembarque e três terminais de integração, localizados nas extremidades do trecho, além de uma estação diferenciada no Porto, onde também poderá ser feita a integração com o transporte coletivo (ônibus).