LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O candidato a prefeito de Cuiabá Carlos Brito (PSD) questionou aquilo que ele classificou de "imagem de bom patrão” do adversário Mauro Mendes (PSB), usada em suas propagandas eleitorais. Ele relativizou os supostos méritos da administração “humanizada” da Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda., empresa de Mendes, afirmando que os “prêmios” concedidos aos funcionários, como salários extras, são frutos de incentivos fiscais.
“O Mauro Mendes diz que paga 18º salário aos funcionários, que financia estudo... Você, trabalhador, acha mesmo que vai ganhar de todas as empresas ou da Prefeitura o 18º salário? Ele faz isso na empresa dele com o dinheiro do povo, que é o dinheiro da renúncia fiscal”, afirmou o candidato.

"Ele pega dinheiro que deveria estar sendo convertido em saneamento básico, atendimento à saúde da população, e acaba beneficiando só alguns, dentro de uma empresa"
“Ele pega dinheiro que deveria estar sendo convertido em saneamento básico, atendimento à saúde da população, e acaba beneficiando só alguns, dentro de uma empresa. Isso é brincar com a inteligência das pessoas. Vamos fazer política de maneira séria”, disparou.
A Bimetal foi a quinta empresa no ranking de maiores beneficiárias de incentivos fiscais em Mato Grosso, entre 1998 e 2008. A empresa deixou de pagar R$ 46,6 milhões em impostos nesse período. Segundo Brito, porém, o empresário não ofereceu a contrapartida exigida pelo governo.
O relatório sobre incentivos fiscais em Mato Grosso elaborado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) em 2009, a pedido da Assembleia Legislativa, aponta que uma das filiais da empresa de Mendes, a Biaço, não havia cumprido a meta de geração de empregos acordada com a Sicme (Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia), e criou apenas metade dos postos de trabalho que deveria.
O relatório apontou que a empresa deixou de pagar mais de R$ 2,9 milhões, de renúncia fiscal, mas gerou apenas 52% dos empregos acordados na carta-consulta e no protocolo de intenções. Tal fato, segundo o TCE, não foi objeto de nenhuma ação de cobrança por parte da SICME.
Outra empresa que teve o mesmo problema de cumprimento de metas para obtenção de incentivos fiscais, de acordo com o relatório, foi a AmBev, que recebeu R$ 249,2 milhões em incentivos fiscais, e é a campeã no ranking de maiores beneficiadas.
Antipolítico Brito também criticou também o discurso “antipolítico” adotado por Mendes, e atacou sua estratégia de se apresentar como alguém “novo” na política.
“Eu vejo os programas eleitorais do Mauro Mendes dizendo que o prefeito não tem que ser político, tem que ser administrador. Aparece um cidadão dizendo que não gosta de político... Mas, o Mauro está lá cercado de políticos, de senadores, de deputados... Ele não quer parecer político, mas já disputou três eleições, já mudou de partido, já teve que responder pelas contas reprovadas de campanha”, afirmou.
De acordo com o candidato do PSD, Mendes não quer “parecer político”, mas não se nega a usufruir dos benefícios que a política proporciona. “Ele não gosta de parecer político, mas gosta do que a política oferece: as vantagens fiscais, a possibilidade de crescimento empresarial, entre outras”, observou.
AlinhamentoBrito mirou também contra o candidato Lúdio Cabral (PT) e seu discurso de alinhamento com os Governos Estadual e Federal, que ele classificou como "mentiroso".
“O que é o alinhamento político? O meu partido, o PSD, é o que tem a maior bancada na Assembleia Legislativa e dá sustentação ao governador. A bancada do PT tem somente um deputado eleito. Então, eles têm que parar de mentir para o povo. Que alinhamento é esse?”, disparou.
Brito disse que vai cobrar apoio dos governos Estadual e Federal, caso seja eleito, pois seu partido faz parte da base de sustentação tanto do governador Silval Barbosa (PMDB) quanto da presidente Dilma Rousseff (PT).
“O PSD dá sustentação para a presidente Dilma, em Brasília. Então, depois da eleição, tudo isso vai contar. A Dilma vai continuar precisando de votos no Senado e na Câmara Federal, e o governador Silval vai continuar precisando de votos na Assembleia para aprovar seus projetos”, completou.