LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
A nomeação do ex-deputado Carlos Brito (PSD) como secretário de Esporte e Cidadania de Cuiabá, na gestão do prefeito Mauro Mendes (PSB), já causa racha no partido. A bancada do PSD na Câmara, formada pelos vereadores Toninho de Souza e João Emanuel, se posicionou contra a entrada dele no staff de Mendes.
“Os posicionamentos dentro da sigla são divergentes. Os vereadores acharam que eu não deveria assumir, mas outras pessoas, como o deputado José Riva, entenderam que o convite do prefeito foi de cunho pessoal e não partidário, e me deixaram livre para aceitar”, disse Brito, em entrevista coletiva no Palácio Alencastro, na manhã desta sexta-feira (25).
Carlos Brito relatou que recebeu o convite de Mendes para comandar a secretaria há cerca de 15 dias. Desde então, ele manteve conversas com líderes do seu partido sobre a possibilidade de assumir e aproveitou para conhecer a estrutura da pasta. O anúncio da definição de Brito como titular do Esporte foi feito ontem (24). A posse será no dia 1º.
“Conversei com a direção estadual do partido, que me liberou para aceitar, e com os vereadores, que foram contra. Não conversei na ocasião com o presidente municipal, Wilson Teixeira, o Dentinho, porque ele não estava em Cuiabá. Mas, ele já me telefonou hoje e está tudo esclarecido”, afirmou.
Após a derrota de Carlos Brito nas urnas, que amargou o quinto lugar no primeiro turno da disputa pela Prefeitura de Cuiabá, no ano passado, o PSD apoiou a candidatura de Lúdio Cabral (PT) no segundo turno.
No entanto, Brito não aceitou a aliança firmada pelo PSD e pediu votos para Mendes. Ele nega que o apoio tenha sido em troca de cargo.
“Eu fui liberado pelo partido para apoiar o Mauro Mendes. Mas, foi um apoio político. Em nenhum momento, houve pactuação com ele de que eu assumiria algum cargo. Até porque a Secretaria de Esporte e Cidadania, como está hoje, sem condições de investimento, não é um atrativo político”, afirmou.
Tentativa de aproximação Carlos Brito informou, ainda, que vai tentar aproximar o prefeito dos vereadores do seu partido. A eleição de João Emanuel como presidente da Câmara foi uma derrota política para Mauro Mendes, que não teve sucesso em eleger um presidente da sua base aliada.
O Legislativo e o Executivo já protagonizaram um embate em torno do aumento do IPTU e, como o presidente já avisou que a Câmara não será mais subserviente ao prefeito, a expectativa é de que novos enfrentamentos surjam com o início dos trabalhos legislativos, no mês que vem.
“Aqui dentro, eu quero ser uma ponte. A proximidade com a Câmara é uma determinação do prefeito e também uma política necessária. Quem tem a atribuição de fazer essa relação institucional é o secretário de Governo, Fábio Garcia, mas cada secretário pode contribuir com isso, dentro do seu partido. E eu vou procurar avançar nessa aproximação do Mauro com o meu partido”, disse Brito.
O secretário observou, ainda, que é preciso ter uma aproximação maior entre seu partido e o prefeito pelo fato de Mendes não ter vice – o que torna João Emanuel o segundo no comando do Município.
“Pelo fato de o presidente da Câmara ser também o ‘vice’, há vantagens no fato de o partido estar dentro da administração. Não é hora para radicalismos. Temos que ser radicais somente na defesa dos interesses da população. A discussão política vai acontecer naturalmente”, completou Brito.