Corrente do PT anuncia desfiliação e apoio a Mendes

Integrantes de uma das principais correntes do PT, a Articulação de Esquerda, anunciaram na tarde de hoje (17) a saída da sigla e o apoio à candidatura do empresário Mauro Mendes (PSB) à Prefeitura de Cuiabá.

Entre os dissidentes, está um membro da Executiva Estadual, Jairo Rocha, e quatro membros da Executiva Municipal: Jair Santos, Marina de Moraes, Maderson Evilásio e o presidente Vilson Aguiar.

De acordo com Jairo Rocha, o número de militantes que estão de saída da sigla chega a 300, e devem restar somente “dois ou três” na Articulação de Esquerda em Cuiabá. Entre os que permanecerão na sigla, está o vereador eleito Arilson da Silva.

Os ex-petistas quase foram às lágrimas ao anunciar a desfiliação da sigla. “É com muita tristeza que isso tem que ser feito. Deixo o PT depois de 30 anos de militância. Mas não deixaremos a luta pelos trabalhadores, pois todos continuamos em sindicatos, em movimentos comunitários, sempre na luta”, disse Vilson, emocionado.

Jairo Rocha disse que o grupo só resolveu tornar público o apoio a Mauro Mendes após a desfiliação do PT. “Respeitamos os companheiros do PT que optaram por continuar no partido, mas não concordamos com o rumo que as coisas estão tomando, por isso decidimos sair”, afirmou.

“Amamos o PT e é muito difícil deixar o partido, mas não existe vida política só no PT”, completou. Os dissidentes devem procurar um novo partido somente no ano que vem. Entre as opções cotadas, estão o PSB de Mauro Mendes, o PDT do senador Pedro Taques e o PCdoB. O ato contou com a presença do vereador Adevair Cabral (PDT).

Exclusão de Serys

O grupo afirma que deixou o PT, principalmente, em solidariedade à ex-senadora Serys Slhessarenko (PT). Jairo relatou que, em maio deste ano, Lúdio teria chamados os líderes para conversar e feito o convite para que eles abraçassem o projeto de sua candidatura a prefeito, bem como da campanha do juiz Julier Sebastião para o Governo do Estado em 2014.

No entanto, a condição imposta por Lúdio seria de que Serys ficasse de fora do processo. “Eu não concordei com isso, pois jamais deixaria a Serys ser fuzilada por companheiros do partido. Nós queremos mulheres da política, diferente de Lúdio e Carlos Abicalil, que acham que lugar de mulher não é na política”, disse o ex-militante.

“Se existisse uma lei Maria da Penha no PT, o Abicalil, o Alexandre César e o Lúdio teria sido presos pelo que fizeram com a Serys. O candidato que nos propõe trair pessoas não é digno de administrar uma cidade”, disparou.

No entanto, a ex-senadora não se manifestou publicamente sobre o assunto e, segundo Jairo, deve continuar no PT. “Nós fizemos a ela o convite para seguir conosco. Eu disse à Serys que ela não teria mais vida no PT, que eles nunca mais deixarão ela ser nada. Para conseguir a maioria no PT, Lúdio fez acordo com o Abicalil e o Alexandre César para excluir a Serys”, completou.

Fantoche de Eder e Bezerra

Os dissidentes afirmaram, ainda, que Lúdio Cabral será um fantoche nas mãos dos aliados, caso se eleja. “Lúdio dizia, em seus discursos dentro do partido, que tínhamos que acabar com os cânceres da política mato-grossense, como Eder Moraes, Carlos Bezerra (PMDB) e José Riva (PSD). E agora estão todos do lado dele. O PT não vai ser governo, o PT vai ser um fantoche. O Lúdio será apenas um fantoche do Eder Moraes e do Bezerra”, disparou Vilson.

Tchélo Figueiredo/Assessoria

Militantes do PT se emocionam ao deixar o partido

“O PT está se perdendo e não queremos ser cúmplices disso”, completou Jairo. Ele disse que, embora só tenham se desfiliado agora, a Articulação de Esquerda já não estava participando da campanha de Lúdio desde o começo.

Jairo Rocha negou tenha havido qualquer negociação com Mendes para a adesão à sua candidatura. “Se fosse para nos vendermos, seria muito mais fácil ter negociado cargos com o governador Silval Barbosa (PMDB), como muitos partidinhos estão fazendo. Mas não queremos participar de um governo que não respeita os trabalhadores e está privatizando a saúde. E não vamos sentar no colo do Eder, como um monte de petista foi fazer”, disparou.

“Tínhamos a opção de apoiar o fantoche de Eder Moraes ou o companheiro Mauro Mendes, que apoiamos nas eleições de 2008. Escolhemos a segunda opção”, continuou, ressaltando que visitará toda a base do PT pedindo votos para Mendes.

O ex-militante disse, ainda, que gostaria de ver o PT como protagonista em Cuiabá, mas que diante do cenário colocado, o grupo preferiu deixar o partido e apoiar Mauro Mendes. Ele comparou os apoios recebidos por Lúdio com o apoio de Paulo Maluf (PP) à candidatura de Fernando Haddad (PT) em São Paulo, e ao apoio de José Sarney (PMDB) ao governo de Dilma Rousseff (PT).

Outro lado

Por meio da assessoria, o candidato Lúdio Cabral disse que a desfiliação não abala a campanha e já era esperada, pois este grupo nunca aderiu à candidatura do petista ao comando do Palácio Alencastro.

“Esta turma não está na nossa campanha, não é nenhuma novidade. E isto não interfere no processo eleitoral, já que não estavam com a gente desde o primeiro turno”, afirmou Lúdio.

O petista ressaltou ainda que não existe nenhuma mágoa e reforçou que “as pessoas são livres para fazer as escolher que quiserem”.

O coordenador geral da campanha, deputado estadual Alexandre César (PT), considerou "ridícula" a decisão do grupo. Ele destaca ainda que o PT possui atualmente cerca de 5 mil filiados em Cuiabá e a debandada é de um grupo minoritário, que não irá prejudicar "nem a candidatura de Lúdio, nem o partido".