ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
O racha na aliança Movimento Mato Grosso Muito Mais (PSB-PDT-PV-PPS) se acentuou, nos últimos dias, com a decisão do empresário Mauro Mendes de admitir a candidatura a prefeito de Cuiabá, depois de sinalizar que a prioridade, em termos de projeto político, seria a disputa pela sucessão do governador Silval Barbosa (PMDB), nas eleições de 2014.
Na manhã desta segunda-feira (21), o presidente municipal do PDT e pré-candidato, médico Kamil Fares, se reuniu com o vereador Lúdio Cabral (PT), para discutir a possibilidade de uma aliança entre as duas legendas.
Como o PDT já havia anunciado que Kamil seria o candidato da agremiação, a expectativa era de que o partido retirasse o nome do médico da disputa para apoiar Mauro. Mas, não foi isso que ocorreu. Kamil revelou que está, sim, disposto a fazer parceria com Lúdio, para dividirem o palanque nas eleições deste ano.
“Essa indefinição do Mauro causou isso - um racha no movimento. A primeira opção seria apoiá-lo, mas, até agora, ele não procurou os aliados, nem mesmo por consideração. Entendemos que ele está querendo agregar partidos maiores. Isso pode complicar ainda mais a aliança. Estou conversando com Lúdio. Nós temos muita afinidade com relação à forma de fazer política”, disse Kamil, em entrevista ao
MidiaNews.
O clima tenso no Movimento se deve ao fato de Mauro Mendes ter demorado muito para anunciar sua candidatura, o que fez com que o grupo corresse em busca de apoios. Para completar, o empresário, não comunicou os aliados que será candidato e, segunda Kamil, a primeira pessoa que soube da decisão do empresário foi o governador Silval Barbosa (PMDB).
“Ele (Mauro) não comunicou a ninguém, mas fiquei sabendo que ele se reuniu com o governador para contar que seria candidato. O Silval é do PMDB e, se ele fez isso, é porque tem algum tipo de interesse. Será que pensa em mudar de partido, em um segundo tempo?”, questionou o médico. Vale lembrar que o PMDB já tem o empresário Dorileo Leal, dono do Grupo Gazeta de Comunicação (Rede Record), como pré-candidato a prefeito.
PrejuízoO desentendimento na denominada aliança de oposição pode prejudicar o projeto de Mauro Mendes, já que o Movimento deve se dispersar e levar uma quantidade de votos considerável consigo. O PV já andou conversando com o PR, acenando para um apoio à candidatura de Francisco Vuolo. O PPS deu sinais de que pode compor com o DEM, que deve ter como candidato o ex-prefeito Roberto Franca.
O PDT é o partido que tem mais força dentro do Movimento, já que conta com o senador Pedro Taques como seu maior líder. O parlamentar, inclusive, já havia garantido que o partido iria entrar no pleito de 2012 com uma candidatura própria, já que Mauro não tinha se decidido. Agora, além de o empresário ter que correr atrás de mais apoio, terá que reconquistar os antigos aliados.
Kamil Fares observou que o PDT está muito magoado com a comportamento do empresário e deixou claro que há mais possibilidade de a legenda apoiar o PT, neste ano.
“Há duas possibilidades. Ou o Mauro confia demais no apoio do Mato Grosso Muito Mais e, por isso, não nos procurou, ou ele está mesmo é interessado em outros partidos. Eu, Kamil, jamais abandonaria meus aliados. O PT tem muitas afinidades com o PDT e estamos conversando sim”, disse o pedetista.
ArticulaçõesO vereador e pré-candidato Lúdio Cabral (PT) vem tentando conseguir o apoio do PDT, há algum tempo. Ele revelou, em recente entrevista ao
MidiaNews, que já ofereceu a vaga de vice-prefeito na disputa pelo Palácio Alencastro à legenda.
O pré-candidato Guilherme Maluf (PSDB) também já andou "cercando" o PDT, mas, como não teria conseguido apoio, achou por bem unir-se ao PTB para apoiar a possível candidatura à reeleição do prefeito Chico Galindo.
A reportagem tentou manter contato com Mauro Mendes, mas, até a edição da reportagem, ele não retornou as ligações.