Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
MORTE APÓS TREINO
23.09.2021 | 15h43 Tamanho do texto A- A+

Promotor diz que tenente praticou “castigo pessoal” contra aluno

Justiça Militar julga Izadora Ledur nesta quinta-feira (23); MPE pede condenação por tortura

Montagem/MidiaNews

O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta (no detalhe), que faz a acusação do caso

O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta (no detalhe), que faz a acusação do caso

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta afirmou que a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, praticou “castigo pessoal” contra o aluno Rodrigo Claro, que resultou em sua morte, após treinamento aquático da corporação. O caso ocorreu em novembro de 2016. 

 

A afirmação foi feita durante julgamento da tenente, que ocorre nesta quinta-feira (23), de forma virtual. O MPE pede a condenação dela pelo crime de tortura.

 

“Castigo pessoal pelo fato de Rodrigo Claro não ter apresentando desempenho excelente nas aulas aquáticas. Castigo pessoal por ele fracassar. Castigo pessoal por ele ter apresentado atestado médico anterior [para não participar das aulas aquáticas], já que tinha dificuldades em aulas de natação”, afirmou o promotor. 

 

Não me venha dizer que a morte de Rodrigo Claro ocorreu por motivos estranhos ao sofrimento físico e mental no treinamento, afirmar isso é brincar com a inteligência alheira

Durante a sustentação de acusação, Motta apresentou trechos de depoimentos de testemunhas que, conforme ele, afirmaram que Rodrigo Claro passou por “momentos de terror” durante a atividade aquática que o levou à morte.

 

Lembrou que naquele dia o aluno pediu para sair várias vezes da aula, após apresentar dor de cabeça e vomitar, mas foi impedido pela tenente.

 

O promotor ressaltou que o “crime é tão grave” que se tornou objeto de estudo acadêmico da Universidade Federal da Paraíba, sobre sofrimento físico e mental em treinamentos para ingressos em corporações como o Corpo de Bombeiros.

 

“Não estou a dizer que não é essencial [fazer] treinamentos severos para capacitação dos profissionais, mas no caso concreto a coisa desandou”, afirmou.

 

“E não me venha dizer que a morte de Rodrigo Claro ocorreu por motivos estranhos ao sofrimento físico e mental no treinamento. Afirmar isso é brincar com a inteligência alheia”, acrescentou, ao ressaltar que o aluno não tinha nenhum problema de saúde.  

 

O promotor afirmou que as provas do processo mostram que Ledur submeteu o aluno a humilhações, constrangimento e violências reiteradas. 

 

Segundo ele, os autos evidenciam que houve, durante considerável lapso temporal, reiterados afogamentos da vítima.

 

Motta disse que não há que se falar, neste caso, em “mero excesso” de uma instrutora, mas sim uma grave conduta que resultou na morte do aluno.

 

“Não resta dúvida que o aluno foi exposto a intenso sofrimento físico e mental que lhe custou a vida. A postura da tenente teve como objetivo castigar a vítima e não de educar ou ensinar o aluno”, disse. 

 

“A tenente Ledur, infelizmente, praticou crime de tortura sendo merecedora de decreto condenatório,  justo, razoável, mas condenatório”, concluiu.

 

Leia mais: 

 

Após quase cinco anos, tenente é julgada por morte de aluno

 

 

 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
1 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Graci Ourives de Miranda  23.09.21 16h06
Promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta, Parabéns pelas ATITUDE. JUSTIÇA E JUSTICA. DEMOCRACIA É ISSO, Justiça.
87
4