O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta afirmou que a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, praticou “castigo pessoal” contra o aluno Rodrigo Claro, que resultou em sua morte, após treinamento aquático da corporação. O caso ocorreu em novembro de 2016.
A afirmação foi feita durante julgamento da tenente, que ocorre nesta quinta-feira (23), de forma virtual. O MPE pede a condenação dela pelo crime de tortura.
“Castigo pessoal pelo fato de Rodrigo Claro não ter apresentando desempenho excelente nas aulas aquáticas. Castigo pessoal por ele fracassar. Castigo pessoal por ele ter apresentado atestado médico anterior [para não participar das aulas aquáticas], já que tinha dificuldades em aulas de natação”, afirmou o promotor.
Durante a sustentação de acusação, Motta apresentou trechos de depoimentos de testemunhas que, conforme ele, afirmaram que Rodrigo Claro passou por “momentos de terror” durante a atividade aquática que o levou à morte.
Lembrou que naquele dia o aluno pediu para sair várias vezes da aula, após apresentar dor de cabeça e vomitar, mas foi impedido pela tenente.
O promotor ressaltou que o “crime é tão grave” que se tornou objeto de estudo acadêmico da Universidade Federal da Paraíba, sobre sofrimento físico e mental em treinamentos para ingressos em corporações como o Corpo de Bombeiros.
“Não estou a dizer que não é essencial [fazer] treinamentos severos para capacitação dos profissionais, mas no caso concreto a coisa desandou”, afirmou.
“E não me venha dizer que a morte de Rodrigo Claro ocorreu por motivos estranhos ao sofrimento físico e mental no treinamento. Afirmar isso é brincar com a inteligência alheia”, acrescentou, ao ressaltar que o aluno não tinha nenhum problema de saúde.
O promotor afirmou que as provas do processo mostram que Ledur submeteu o aluno a humilhações, constrangimento e violências reiteradas.
Segundo ele, os autos evidenciam que houve, durante considerável lapso temporal, reiterados afogamentos da vítima.
Motta disse que não há que se falar, neste caso, em “mero excesso” de uma instrutora, mas sim uma grave conduta que resultou na morte do aluno.
“Não resta dúvida que o aluno foi exposto a intenso sofrimento físico e mental que lhe custou a vida. A postura da tenente teve como objetivo castigar a vítima e não de educar ou ensinar o aluno”, disse.
“A tenente Ledur, infelizmente, praticou crime de tortura sendo merecedora de decreto condenatório, justo, razoável, mas condenatório”, concluiu.
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1 Comentário(s).
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Graci Ourives de Miranda 23.09.21 16h06 | ||||
Promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta, Parabéns pelas ATITUDE. JUSTIÇA E JUSTICA. DEMOCRACIA É ISSO, Justiça. | ||||
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