Recentemente, o deputado estadual Gilberto Catani fez duras críticas ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA). Em sua fala, o parlamentar acusou a instituição de agir com truculência em assentamentos rurais, de realizar fiscalizações indevidas, de aplicar multas injustas e até mesmo de promover uma suposta perseguição a pequenos produtores, o que, segundo ele, estaria travando o desenvolvimento da agricultura familiar.
São críticas sérias, que merecem ser ouvidas e analisadas. Contudo, ao tratar de uma instituição com a relevância do INDEA, é fundamental equilibrar o debate com dados, resultados concretos e, sobretudo, soluções construtivas, evitando que um discurso negativo desconsidere a importância estratégica de sua atuação.
O papel essencial do INDEA
O INDEA não é apenas um órgão fiscalizador: é garantia de credibilidade para toda a cadeia produtiva de Mato Grosso. Graças ao seu trabalho, o Estado conquistou o status de área livre de febre aftosa sem vacinação, feito histórico que abriu mercados internacionais de alto valor para a carne bovina. Além disso, sua atuação em defesa de grãos e demais culturas posiciona Mato Grosso como referência mundial em segurança agropecuária e alimentar.
Ignorar esse papel seria, no mínimo, reduzir o debate a um olhar parcial, quando na verdade o INDEA é indispensável para que o pequeno, o médio e o grande produtor possam competir em igualdade de condições nos mercados globais.
Apoio ao pequeno produtor
É evidente que a agricultura familiar e os assentamentos precisam de atenção diferenciada. E nesse ponto há espaço para evolução: o INDEA pode — e deve — fortalecer suas ações educativas e preventivas, atuando como parceiro antes de ser apenas fiscalizador.
Entre as medidas possíveis estão:
• Capacitação contínua e acessível aos pequenos produtores;
• Canais de diálogo permanente entre a instituição, sindicatos rurais e associações de assentados;
• Programas de adequação com prazos estendidos para agricultores familiares;
• Maior transparência nos processos de fiscalização.
Essas iniciativas não anulam a importância das normas, mas as tornam mais justas, compreensíveis e aplicáveis à realidade do pequeno agricultor.
O caminho é o diálogo
Em vez de retratar o INDEA como inimigo, o desafio é transformá-lo em um aliado visível e próximo de todos os produtores. Isso significa aprimorar a comunicação, evitar mal-entendidos e garantir que a fiscalização seja percebida como um instrumento de proteção e valorização — e não de perseguição.
Por fim as críticas do deputado Gilberto Catani devem ser vistas como um convite ao debate e não como uma sentença contra uma instituição séria e comprometida. O INDEA tem méritos reconhecidos nacional e internacionalmente e precisa, sim, aprimorar constantemente sua relação com a agricultura familiar.
Mas ao contrário de travar o desenvolvimento, o INDEA é justamente quem abre caminhos para que o produto mato-grossense seja respeitado no Brasil e no mundo. O futuro está em construir soluções conjuntas, unindo fiscalização responsável, apoio técnico e diálogo transparente.
Max Campos é servidor público estadual.
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