Cuiabá, Domingo, 21 de Dezembro de 2025
RODRIGO FURLANETTI
21.12.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

O ambiente contábil e suas nuances

Prudência agora é regra e a contabilidade passa a ser respeitada

O ambiente contábil deixou de ser apenas técnico. 

 

Hoje, ele é jurídico, estratégico e, sobretudo, sensível ao risco. O contador que ainda atua baseado apenas na boa-fé do cliente e na literalidade da norma está caminhando em terreno instável.

 

A insegurança jurídica se tornou regra. Normas mudam, interpretações oscilam e o que ontem era aceito hoje pode gerar autuação. Nesse cenário, cumprir corretamente não significa, necessariamente, estar protegido.

 

Outro ponto crítico é a responsabilização sem poder de decisão. O contador orienta, alerta e registra, mas quem decide é o empresário. Quando o problema surge, a pergunta não é “quem decidiu?”, mas sim “quem fez a contabilidade?”.

 

Some-se a isso o excesso de obrigações acessórias, prazos irreais e sistemas falhos. O risco do erro deixou de ser exceção e passou a fazer parte da rotina. E o custo desse erro quase nunca é proporcional ao esforço empregado para evitá-lo.

 

Percebe-se que, a maior fragilidade do contador hoje seja trabalhar sem respaldo jurídico preventivo. Saber que existe risco e não estruturar proteção é assumir uma exposição desnecessária e perigosa.

 

Diante desse cenário, a primeira atitude de prudência é documentar tudo. 

 

Ato contínuo, orientações verbais não protegem. Pareceres, e-mails, termos de ciência e registros formais são o mínimo necessário para delimitar responsabilidades.

 

A segunda atitude é recusar a informalidade.

 

“Depois a gente ajusta” virou sinônimo de passivo oculto. O contador prudente não executa aquilo que não está juridicamente alinhado, mesmo sob pressão do cliente.

 

Aliás, também é essencial definir limites claros de atuação. O contador não decide planejamento tributário agressivo, não assume riscos sem validação jurídica e não responde por escolhas empresariais que não lhe competem.

 

Outra questão indispensável é atuar de forma integrada com a proteção jurídica.

 

A prudência também exige atualização constante, não apenas sobre a norma, mas sobre seus efeitos práticos, autuações recentes e entendimentos dos fiscos. 

 

Desta feita, a Informação hoje é ferramenta de defesa.

 

O contador que se protege não é menos colaborativo é mais profissional. Ele preserva seu escritório, sua reputação e a continuidade do negócio.

 

Em tempos de Reforma Tributária e fiscalização ampliada, a confiança cega deixou de ser virtude. 

 

Diante do exposto, a prudência agora é regra, e a contabilidade passa a ser respeitada como deve ser: uma atividade técnica que exige proteção jurídica à altura.

 

Rodrigo Furlanetti é advogado empresarial.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia



Leia mais notícias sobre Opinião:
Dezembro de 2025
21.12.25 05h30 » Do sonho à realidade
21.12.25 05h30 » 2025 foi ano de desafios
20.12.25 05h30 » A eleição sem escolha
20.12.25 05h30 » Excessos de fim de ano
20.12.25 05h30 » Amor aos pets
19.12.25 05h30 » Endometriose
19.12.25 05h30 » Inflação