A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara de Cuiabá vai avaliar se existe fundamentação para abrir processo interno contra o presidente da Casa, vereador Júlio Pinheiro (PTB), devido à tentativa de agressão contra sua esposa ocorrida na madrugada da última sexta-feira (6). Se for processado, ele pode até mesmo ser cassado.
Em entrevista coletiva na manhã de segunda-feira (9), Júlio Pinheiro disse que pediria à CCJ para emitir parecer sobre o caso, e avaliar se cabe processo interno contra ele. Leia mais aqui.
“Nesse caso, ele terá que protocolar o pedido durante a sessão plenária. Então a CCJ vai abrir um processo administrativo para analisar a documentação, o BO [Boletim de Ocorrência], e avaliar o caso”, explicou o presidente da comissão, vereador Marcus Fabrício.
Se a maioria da comissão concluir que cabe processo interno contra Júlio Pinheiro, eles encaminharão a questão à Comissão de Ética ou recomendarão a formação de uma Comissão Processante para investigar o caso.
“Em cerca de 40 dias devemos ter uma conclusão”, prevê o parlamentar. Além dele, compõem a CCJ os vereadores Antônio Fernandes (PSDB) e Clovito Hugueney (PTB). Nenhum dos membros da comissão apareceu para dar apoio a Pinheiro na entrevista coletiva que o presidente concedeu.
Apesar de garantir que o caso “não pode acabar em nada”, Fabrício já adianta seu posicionamento favorável ao colega de partido. “A minha opinião é que foi uma briga de casal. Não houve nenhuma agressão, só tentativa. Mas preciso analisar a documentação antes de dar qualquer parecer”, declarou o vereador ao MidiaNews.
O tucano Antônio Fernandes, por sua vez, disse que está “por fora” do assunto, se recuperando de uma dengue, e não quis opinar sobre o caso. “Não tive contato com Júlio Pinheiro, não sei o que de fato aconteceu. Mas com certeza vamos ver o BO e analisar na CCJ o que aconteceu”, afirmou.
Já Clovito não atendeu nem retornou às ligações da reportagem, até a edição desta matéria.
Crime e quebra de decoro
Segundo o Boletim de Ocorrência nº 2012.181842, o vereador Júlio Pinheiro foi parar na delegacia na madrugada da última sexta (6), após ameaçar a esposa, Gysele Pinheiro, com um garfo de churrasco.
Ele chegou embriagado em sua casa, no bairro Santa Rosa, às 3h30, e a esposa teria se recusado a abrir a porta, então Júlio teria atirado pedras nas vidraças da casa. Quando ela decidiu deixá-lo entrar, teria sido surpreendida pelo marido segurando um garfo de churrasco. O vereador teria começado a correr atrás dela e Gysele se trancou no quarto e acionou a Polícia Militar.
O vereador Toninho de Souza (PSD), que estava presente à entrevista coletiva de Pinheiro, confirmou que a tentativa de agressão pode levar a um processo por quebra de decoro parlamentar, o que pode resultar em cassação do mandato, a exemplo do que ocorreu com Ralf Leite (PPL) em 2009, que acabou cassado após ser flagrado com um travesti menor de idade.
“Decoro é o comportamento do vereador. Se houve algum crime de agressão, dependendo da gravidade, cabe processo por quebra de decoro. Ameaça também é crime, mesmo sendo mais leve. A polícia vai investigar e dar os encaminhamentos, caso realmente tenha havido algum crime”, avaliou o parlamentar.
Em nota, a Polícia Civil informou, na tarde desta segunda (9), que não haverá investigação contra Pinheiro, devido sua esposa ter decidido não representá-lo criminalmente. A tentativa de agressão será encaminhada à Delegacia da Mulher meramente para fins estatísticos.
Leia a nota na íntegra:
A Polícia Judiciária Civil informa que não será aberto procedimento contra o vereador Julio Pinheiro, no caso da denúncia de ameaça feita pela sua esposa. Ao registrar boletim de ocorrência na Central de Plantão, na madrugada da última sexta-feira, sua esposa manifestou desejo de não representar contra ele. A ocorrência será encaminhada à Delegacia da Mulher de Cuiabá, para fins estatisticos.
O crime de ameaça é condicionado a representação da vítima. Um recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) dá poderes para qualquer pessoa denunciar violência doméstica, no caso de lesão corporal. O Ministério Público poderá apresentar denúncia contra o agressor mesmo contra a vontade da vitima. Hoje, apenas a vítima pode representar contra o agressor em caso de lesões corporais leves. E a denúncia fica condicionada à autorização dela, que muitas das vezes muda de ideia, retira a ocorrência e o caso termina arquivado.
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14 Comentário(s).
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Manoel de Aquino Filho 16.07.12 19h40 | ||||
Vergonhoso por demais, punição exemplar por quebra de decoro parlamentar, é o minimo que meerçe esse que se diz representante do povo e ainda por cima Presidente da casa de leis! | ||||
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Maria de Jesus 10.04.12 14h51 | ||||
Após tentativa de agressão, Júlio Pinheiro pode ser processado e cassado. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk conta outra piadaaaaaaaaaa. | ||||
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Rita de Cássia SDilva Campos Ayoub 10.04.12 14h29 | ||||
A população deve ser ouvida a respeito, afinal foi desrespeitada, no momento que colegas do mesmo, tachou todo cidadão de alcolatra..... o que é MENTIRA | ||||
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Paulo Silva 10.04.12 13h02 | ||||
E ai senhores, O senhor Ralf Leite fez menos que isso, e como todos sabem o final , não preciso citar. E Este senhor Julio Pinheiro? Vai terminar em pizza e provar que a cassação do senhor Ralf Leite foi PURA HOMOFOBIA????? | ||||
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Cintia 10.04.12 11h22 |
Cintia, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |