O cabo da PM Gerson Correa, réu da ação penal que apura esquema de grampos ilegais operado em Mato Grosso, afirmou que o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, teria pago R$ 50 mil para bancar despesas da chamada “grampolândia”, durante a campanha eleitoral de 2014.
Conforme Gerson, preso desde maio passado, o montante teria sido pago diretamente ao também ex-secretário Evandro Lesco, que comandou a Casa Militar.
As informações foram detalhadas durante interrogatório prestado pelo cabo na segunda-feira (16) aos delegados Flávio Stringueta e Ana Cristina Feldener, que conduzem as investigações das interceptações clandestinas.
O militar resolveu delatar o esquema e colaborar com as investigações.
“Dentre as informações trazidas [pelo cabo], constam a revelação de pagamento de R$ 50 mil pelo investigado Paulo Taques, para o também investigado cel. Evandro Lesco, para bancar as despesas das interceptações ilegais iniciadas durante a campanha para o Governo de Mato Grosso, em setembro de 2014”, cita trecho de ofício da Polícia Civil obtido pelo MidiaNews.
O documento foi encaminhado ao desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, relator do inquérito relativo aos grampos.
“Informamos a vossa excelência que hoje foi realizado o interrogatório do cabo PM Gerson Luiz Ferreira Correa Junior, o qual nos relatou informações que foram negociadas em tratativas de colaboração premiada, cujo trâmite rigoroso exigido pela lei 12.850/2013 não pode ser seguido devido à decisão do STJ, avocando os procedimentos investigatórios em curso nesta instância”, cita o documento.
A citação faz referência à decisão proferida na última semana pelo ministro Mauro Campbell Marques, que acolheu pedidos feitos pelo governador Pedro Taques (PSDB) e pela Procuradoria Geral da República, assumindo todos os procedimentos investigatórios relacionados a possível prática de grampos ilegais.
“Interesse político”
Ainda em seu interrogatório, o cabo Gerson teria afirmado que ouviu do ex-secretário Paulo Taques que o interesse nas interceptações ilegais era “estritamente político”.
Também de acordo com o militar, os “alvos políticos” das interceptações telefônicas eram adversários do então candidato ao Governo, Pedro Taques.
As investigações já revelaram que entre os grampeados no esquema e que integram o chamado rol de “alvos políticos” estavam o também candidato ao Governo, José Marcondes Muvuca, e a então candidata a deputada estadual Janaina Riva, filha de José Riva, que tentou, sem sucesso, disputar o Governo nas eleições de 2014.
Também foi citado pelo cabo Gerson que os “alvos políticos” a serem grampeados lhes eram repassados pelo coronel Zaqueu Barbosa, que comandou a Polícia Militar de Mato Grosso.
Zaqueu, “era quem comandava toda a operação desde o seu início”, afirmou Gerson.
O ex-comandante da PM também está preso, desde maio, acusado de liderar o esquema de interceptações clandestinas.
Com a decisão do ministro Mauro Marques, todos os procedimentos serão encaminhados para o STJ, onde a delação do cabo Gerson deverá ou não ser homologada.
Outro lado
Por meio de assessoria de imprensa, a defesa do ex-secretário Paulo Taques afirmou que não teve acesso ao depoimento e não irá se manifestar sobre o assunto.
Leia mais sobre o assunto:
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2 Comentário(s).
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Zagueiro 17.10.17 18h45 |
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Marcelo 17.10.17 17h08 |
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