Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
CABIDE NA SAÚDE
21.10.2021 | 08h20 Tamanho do texto A- A+

Indicações políticas colocaram pacientes em risco, diz ex-secretária

Elizeth Araújo afirmou que servidores qualificados eram substituídas por pessoas sem qualificação

MidiaNews

A ex-secretaria de Saúde, Elizeth Araújo, que citou gravidade de ingerência política na Saúde

A ex-secretaria de Saúde, Elizeth Araújo, que citou gravidade de ingerência política na Saúde

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

A ex-secretária de Saúde de Cuiabá Elizeth Araújo afirmou, ao Ministério Publico do Estado (MPE), que as indicações políticas no setor podem ter gerado consequências graves para a população, até mesmo a morte de pacientes.

 

A informação consta no depoimento dado por Elizeth neste ano à 9ª Promotoria de Justiça Cível da Capital (veja o vídeo abaixo).

 

“Você tem a implicação na oferta do serviço, na qualidade do serviço. Há dificuldade de atender a população com equidade e isonomia", afirmou.

 

Você tem a implicação na oferta do serviço, na qualidade do serviço. Há dificuldade de atender a população com equidade e isonomia

"Porque tem setores [na Saúde] que infelizmente a gente tinha informações que o profissional que estava lá atendia a demanda do vereador 'X' na frente dos outros [pacientes]. Isso para mim é muito grave", disse. 

 

"Então essas ingerências e contratação de pessoas sem perfil impactam muito na área da Saúde", completou.

 

O depoimento da ex-secretária foi um dos elementos utilizados para embasar o pedido de afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), assim como de busca e apreensão e sequestro de bens contra ele e outros servidores feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Civil.

 

Durante o depoimento, Elizeth detalhou o suposto esquema de Emanuel em utilizar a Saúde de Cuiabá para acomodar indicações de aliados, pagar favores e manter apoio. 

 

Segundo Elizeth, em alguns casos, eram retiradas pessoas com qualificação técnica para serem colocadas pessoas indicadas por políticos ligados ao prefeito.

 

"Piora na quantidade de mortos"

 

No depoimento, um promotor de Justiça do MPE questiona se essa “ingerência política” relatada por ela pode ter levado a “uma situação de piora na quantidade de mortos, por exemplo na questão da pandemia, da vacinação”. Elizeth afirma que “sim”.

Então essas ingerências e contratação de pessoas sem perfil impactam muito a área da Saúde

“Se você tem uma enfermeira que ainda não está qualificada para sala de vacina, ela pode ter dificuldade de aplicar [a vacina]. Se você tem um médico, que está recém-formado, e você coloca ele em um setor delicado, como uma UTI, ele pode não saber reanimar [um paciente]”, disse.

 

Ela ainda citou o caso de apadrinhados de vereadores que se utilizavam do cargo para dar preferência a determinadas pessoas no atendimento.

 

“Se você tem uma recepcionista que não é bem preparada para acolher uma pessoa, e vê uma fulana que está ligada ao vereador tal [pode passá-la na frente]. Outra pessoa pode ter infarto na recepção por não ter sido atendida no tempo correto”, afirmou Elizeth.

 

Veja trecho do depoimento:

 

 

Esquema na Saúde

 

A Operação Capistrum apura a existência de uma organização criminosa montada para acomodar indicações de políticos em cargos da Secretaria da Saúde.

 

Além do o prefeito de Cuiabá, a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, também foi afastada e o chefe de gabinete, Antônio Monreal Neto foi preso.

 

Também são alvos da operação a primeira-dama Márcia Pinheiro, e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Aparecido Ribeiro.

 

Ainda foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos alvos e na Prefeitura de Cuiabá. Eles ainda tiveram o sequestro de bens decretado até o montante de R$ 16 milhões.

 

O Ministério Público Estadual aponta que Emanuel e os demais estariam envolvidos em crimes de formação de organização criminosa, prevaricação e obstrução da Justiça.

 

Leia mais: 

 

Em evento, Emanuel admitiu que prêmio saúde é “baderna”; vídeo

 

Valor de "prêmio saúde" ilegal era definido por meio de bilhetinhos

 

Márcia Pinheiro indicava contratações ilegais na Saúde, diz MPE

 

MPE aponta crimes de organização criminosa, prevaricação e obstrução

 

Assessor de Emanuel foi preso por tentar obstruir investigações

 

Preso, chefe de gabinete atua com Emanuel desde a Assembleia

 

TJ afasta Emanuel Pinheiro da Prefeitura; chefe de gabinete é preso

 

Ex-secretário entregou esquema em troca de acordo com o MPE

 

Justiça sequestra R$ 16 milhões de Emanuel, Márcia e mais três 

 

Confira a íntegra da decisão que afastou Emanuel do Alencastro

 

Juristas citam "rigor técnico" em decisão de magistrado do TJ-MT

 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
4 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Graci Ourives de Miranda  21.10.21 10h19
BRASIL TEVE MINISTRO DA SAÚDE QUE ERA MÉDICO?
17
14
Everton  21.10.21 09h36
Para quem ainda não entendeu a importância dos servidores públicos efetivos, admitidos mediante concurso público, aqui está um ótimo exemplo. Quando o cargo vira moeda de troca, o funcionário que pode ser demitido ao bel prazer do político, a consequência direta será atender aos interesses do contratante em primeiro lugar, independente dos interesse da sociedade. Uma abertura gigante para a corrupção. A importância da estabilidade do servidor público não se trata de privilégio pelo mesmo motivo, é uma previsão constitucional justamente para blindar o servidor de desmandos políticos e o mesmo seguir o que é correto, o que estabelece a lei, sem medo de ser mandado embora, pois a lei o ampara para não seguir ordens ilegais com interesses escusos. A PEC 32 do governo Bolsonaro que tramita no congresso está abrindo essa brecha, fragilizando o funcionalismo público e dando a maquiagem de combater privilégios, não se enganem, os verdadeiros privilégios não está sendo combatida nessa PEC 32, leiam, se informem e sobrem o posicionamento contrário a PEC 32 dos Deputados Federais e Senadores. Se não veremos mais casos como esse, como o da quase compra superfaturada da vacina da covid, e por aí vai.... sejamos cidadãos mais conscientes e ativos na cobrança dos nossos representantes.
64
7
Luis  21.10.21 09h00
Luis, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Lisandro P. Filho  21.10.21 08h48
Indicações políticas demostrando que os Órgãos Públicos Executivo e Legislativo não preocupados com a qualidade na prestação de serviços à comunidade e sim se em manterem nos Poderes. O velho ditado politiqueiro sempre atual: Eleito estou, reeleito serei.
43
4