O ex-secretário de Estado de Segurança Pública, o promotor de Justiça Mauro Zaque, afirmou que deixou o comando da pasta, em 2015, ao perceber que o governador Pedro Taques (PSDB) não tomaria providências em relação ao suposto esquema de grampos ilegais realizado pela Polícia Militar (PM-MT).
O caso foi exibido na noite deste domingo (14), em uma reportagem do Fantástico na Rede Globo, mas já já havia sido revelado desde a tarde da última quinta (11), após a renúncia de Paulo Taques da chefia da Casa Civil, ocasião em que vazou a informação de que a equipe do programa estaria investigando o caso.
Em nota encaminhada à imprensa, o promotor Mauro Zaque afirmou ter tomado conhecido dos fatos e, após uma checagem inicial, teria levado o caso para o governador Pedro Taques.
Zaque alegou ter pedido ao governador a exoneração dos supostos ennvolvidos no esquema de "arapongagem", mas disse não ter sido atentido por Taques.
"Com documentação probatória, levei os fatos ao conhecimento do Governador Pedro Taques no início de outubro de 2015, ao mesmo tempo em que solicitei a exoneração imediata dos possíveis envolvidos", disse o promotor, em trecho do documento.
"Ao perceber que o Governador Pedro Taques não iria exonerar tais pessoas, decidi então deixar o Governo e retornar ao MP", afirmou.
No documento, o promotor ainda classificou os fatos como "covardes", "rasteiros" e "criminosos".
Ele disse ainda que Mato Grosso passa por um "momento sombrio" e que as atitudes supostamente praticadas pelo Governo se configuram em um "atentado contra a sociedade".
"Eu jamais me permitiria pactuar com ações tão rasteiras, covardes e, por que não dizer, criminosas (grampear advogados, políticos, etc...)", afirmou.
"Tais atos constituem um atentado contra toda a sociedade, devem ser investigados em sua plenitude e responsabilizados os autores com todo rigor. Este é um momento sombrio que manchará para sempre a história de Mato Grosso", disse.
O promotor reiterou ainda que já encaminhou os fatos para apreciação da Procuradoria-Geral da República. O caso está sob investigação pelo procurador Rodrigo Janot.
Leia nota na íntegra:
"Sobre os últimos acontecimentos, preciso considerar os seguintes pontos:
1. enquanto Secretário de Segurança tomei conhecimento da possível existência de grampos clandestinos sendo operados por agentes públicos ligados ao executivo;
2. promovi uma checagem inicial e constatei que realmente autoridades, advogados, autônomos, políticos poderiam estar sendo vítimas desse esquema criminoso;
3. com documentação probatória, levei os fatos ao conhecimento do Governador Pedro Taques no início de outubro de 2015, ao mesmo tempo em que solicitei a exoneração imediata dos possíveis envolvidos;
(Solicitar a exoneração daqueles possíveis envolvidos em uma situação criminosa gravíssima como essa, longe de se configurar extorsão, constitui DEVER de todo agente público.)
4. ao perceber que o Governador Pedro Taques não iria exonerar tais pessoas, decidi então deixar o Governo e retornar ao MP;
5. cumpri com o meu dever de Secretário, de Promotor e de cidadão. Não investiguei ou sequer acusei ninguém. Submeti à apreciação de sua Excelência o Procurador-Geral da República para as providências que entender pertinentes.
6. eu jamais me permitiria pactuar com ações tão rasteiras, covardes e, por que não dizer, criminosas (grampear advogados, políticos, etc...).
Finalmente, tais atos constituem um atentado contra toda a sociedade, devem ser investigados em sua plenitude e responsabilizados os autores com todo rigor.
Este é um momento sombrio que manchará para sempre a história de Mato Grosso."
Mauro Zaque
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10 Comentário(s).
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Nelso Rezende 16.05.17 00h50 | ||||
taques é experiente se realmente devesse algo nunca mandaria Zaque embora. | ||||
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Fernando Magalhães 15.05.17 10h26 | ||||
Fávaro assume o governo de fato hoje, com mandato até 31/12/2018. | ||||
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Luiz 15.05.17 10h18 | ||||
Prá quem não conseguiu interpretar a noticia: o promotor fez a denúncia em 2015, e logo depois, em dezembro saiu do governo; ou seja, a denúncia não foi feita agora; o que houve agora foi a divulgação pelo programa de TV. | ||||
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Thiago 15.05.17 10h10 | ||||
Uma dúvida que talvez o nobre jurista poderia resvolver: por que só agora a denúncia? | ||||
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Vinicios 15.05.17 09h37 |
Vinicios, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |