Cuiabá, Terça-Feira, 5 de Agosto de 2025
OBRAS DA COPA
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Corte em morro na Perimetral coloca moradias em risco

Moradores e Secopa negociam futuro de casas; famílias não querem desapropriação

Pedro Alves/MidiaNews

Casas estão localizadas à beira do barranco e colocam em risco a vida dos moradores

Casas estão localizadas à beira do barranco e colocam em risco a vida dos moradores

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Cerca de nove famílias residentes na Rua Xavantes, no bairro Santa Helena, se reuniram com engenheiros da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), durante esta semana, para solicitar a permanência em suas residências, hoje localizadas à beira de um morro de aproximadamente 10 metros de altura, na Avenida Miguel Sutil, em frente ao Plaza Motel.

A polêmica teve início quando a Secopa realizou um corte na encosta do morro para alargamento da pista da Perimetral, ação que integra o projeto de adequação da via para construção do Viaduto do Despraiado.

Segundo o coordenador de Infraestrutura da Secopa, engenheiro civil Jamir Sampaio, o corte parcial da encosta já era previsto, desde o início do projeto.

A ideia, até então, era construir um muro de arrimo de aproximadamente cinco metros de altura, que iria conter possíveis deslizamentos no futuro, bem como escalonar o morro em forma de talude (plano inclinado que limita um aterro), com recobrimento vegetal para proteger o solo da erosão.

“A imprevisibilidade que ocorreu lá foi a variação do ângulo de mergulho da variação geológica. Tínhamos toda a sondagem e estudo geológico, mas somente após o corte do morro é que se revelou a inclinação dos ângulos de mergulho daquela formação”, explicou o engenheiro ao MidiaNews.

Pedro Alves/MidiaNews

Corte no morro foi feito para alargamento da pista da Avenida Miguel Sutil

A inclinação das rochas na encosta à qual Sampaio se refere faria com que o projeto original não fosse suficiente para “segurar” a encosta do morro, que tem aproximadamente 136 metros de extensão.

Atualmente, quem passa pelo local percebe que o corte já foi feito, mas o impasse da pasta com os moradores impede que a contenção seja feita.

O projeto original, segundo Sampaio, seria o mais prejudicial aos moradores, porque, como os cortes de nivelamento do terreno seriam feitos de maneira escalonada (em forma de degraus), acabaria por ocupar todo o terreno deles e colocaria em risco a segurança das famílias.

“Para aliviar todo esse maciço que ainda resta, iríamos cortando e aliviando até chegar nas edificações. Se fizermos isso hoje [manter as famílias], com a inclinação existente, deixaríamos algumas casas praticamente “penduradas”. Já pensou se uma criança cai dali?”, disse.

Em reunião com Sampaio, os moradores pediram para que seja tomada uma decisão pelo Estado que permita a eles permanecerem no local. Segundo o engenheiro, eles aceitaram, inclusive, a hipótese de perder terreno ou até mesmo diminuir a área de suas casas, sendo indenizados pela área usada pelo governo na obra.

De acordo com o engenheiro, nove famílias estão inclusas no estudo por estarem mais próximas do barraco e hoje passam por avaliação, por parte do Consórcio Diafre/Cappe, do valor de indenização em caso de desapropriação.

No entanto, segundo Sampaio, o fato de serem avaliadas não significa que as nove serão afetadas pela obra no morro.

“Temos uma agenda para daqui a 30 dias com os moradores, quando teremos os laudos de desapropriações das nove propriedades já prontos e quais as alternativas mais viáveis, para chegarmos a um acordo com eles”, disse.

Possibilidades


Pedro Alves/MidiaNews

Engenheiro da Secopa, Jamir Sampaio: "Não basta a gente conter e eles ficarem à beira de um precipício"

Sampaio afirmou que os técnicos da Secopa estudam de três a cinco soluções para o impasse. Há possibilidade de construir um muro ainda maior, mas na mesma posição, e soterrar o “vácuo” que irá surgir devido à inclinação do morro – o que faria com que os moradores inclusive ganhassem terreno.

“Temos três variáveis: técnica de engenharia, a questão econômica e a questão social. Cada solução será analisada por esses três quesitos. A que atender melhor, principalmente a social, é o que a gente vai adotar”, disse.

O local onde as casas estão localizadas, há alguns anos, foi apontado como área de risco, devido a alguns imóveis estarem “escorregando” e correrem risco de desabamento à época – antes mesmo da cogitação de realização de obra na região, segundo ele.

“Como envolvem vidas ali, o projeto também precisa levar em conta a segurança. Não basta a gente conter [a enconta] e eles ficarem à beira de um precipício”, alegou Sampaio.

O engenheiro afirmou que o principal motivo alegado pelas famílias para permanecerem no local é pela história que construíram e pelo medo da remoção ser feita de uma forma traumática, por desconhecerem o processo de desapropriação.

“Na verdade, o Estado está indenizando para você adquirir uma residência, às vezes, no mesmo bairro. Eles confundem com situações, por exemplo, de enchente, desastres naturais, quando tiram as famílias dos locais e levam para outro lugar”, disse.

De acordo com o engenheiro, até o momento, das nove casas analisadas, só uma apresentou patologias. Os órgãos de Defesa Civil do Estado e de Cuiabá acompanham todo o processo.

Execução e cronograma


"O viaduto pode ser liberado para uso da população antes"

Independente da escolha, a obra – que originalmente estava previsto no contrato de R$ 18,9 milhões do Consórcio Atracon, responsável pela execução do Viaduto do Despraiado – deverá ser realizada pela Secopa. Não há estimativas de custo, que dependem da solução adotada.

De acordo com Sampaio, o impasse não reflete em problemas na conclusão e entrega da obra do Viaduto do Despraiado – inauguração, aliás, que já foi adiada pelo Estado por duas vezes e segue indefinida devido à problemas com a qualidade da brita usada na pavimentação do elevado.

“A pretensão é de entregar [a obra de contenção da encosta] junto com o viaduto, mas elas não estão vinculadas. O viaduto pode ser liberado para uso da população antes”, afirmou.
GALERIA DE FOTOS
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Morro Do Despraiado

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7 Comentário(s).

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Ana Maria  04.10.13 12h31
Estão sendo gastas quantias fabulosas nas obras da Copa e o que se vê são erros grosseiros por todos os lados....pilares, asfalto viaduto SEFAZ.... desbarrancamentos causando transtornos à população...Que Estado é esse?.....
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Carlos Silva  03.10.13 16h54
Só quero ver; Espero que não aconteça com ex moradores do Bairro Despraiado, que devido a uma forte chuva e uma represa que cedeu, hoje estão morando perto da cervejaria Antartica e os terrenos que ficou área verde esta sendo documentada para tubarões e até mesmo politico. E não venha me dizer que é calunia e defamação; Moro ali perto . O Campo do Nacional do Despraiado com mais de 80anos perdeu para politico que vai usar para ganhar com condominio; Ali quem ganhou foi um butequeiro que não tem nem 25 anos . Ganhou esse pedaço por que não lutou em prol da comunidade.
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Anita Tavares  03.10.13 09h01
Vocês tem que se atentar para o seguinte... Quando foi anunciado que Cuiabá cediaria uma copa do mundo?????????? Quanto tempo tiveram para se organizarem e montar uma "equipe" com tamanha responsabilidade para fazer PLANEJAMENTO dessas obras, ou melhor, de toda esta reforma???????? Não pensaram em pessoas, ser humano que moram aqui, nasceram aqui e AMAM esta cidade de verdade, para abrir mão do lugar onde sempre viveu e de repente por decisão de outrem ter que se mudar sabe se lá Deus pra onde, é, porque casa boa tá muuuuuuuuuuito caro e ainda por cima muuuuuuuuuuito longe do Centro. Complicado isso, muito complicado.
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Wagner alberico  29.09.13 18h43
A obra de contenção vai evitar também, que a avenida continue a ser usada como depósito de lixo e esgoto daquelas casas, hoje por exemplo tem um sofá, sim um sofá pendurado lá no barranco, como lixo, plásticos , que os moradores achan mais fácil jogar pelo barranco, fora água e esgoto que escorre.
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clodoaldo lemes de souza  29.09.13 12h05
NA PRIMEIRA CHUVA A CASINHA CAI! MAS QUE COISA ESSE DESPRAIADO É SÓ PROBLEMAS!E VOCES PODEM VER ESTÁ TUDO NO ESCURO NÃO TEM PROJETO DE ILUMINAÇÃO!
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