LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A greve dos bancários completou uma semana na segunda-feira (24), com 184 agências bancárias fechadas no Estado, segundo informações do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso.
No total, segundo o sindicato, há 379 agências em Mato Grosso, o que significa que quase 50% das unidades já aderiram ao movimento.
Apenas na Capital, 109 das 119 agências bancárias existentes estão de portas fechadas, bem como 15 das 19 unidades de Várzea Grande. No interior, 60 instituições financeiras de 20 municípios aderiram à paralisação nacional.
Somente nesta primeira semana, cruzaram os braços no interior os bancários de Alta Floresta, Cáceres, Campo Novo do Parecis, Colíder, Nobres, Nova Olímpia, Santo Antônio Leverger, Rosário Oeste, Tangará da Serra, Sinop, Sorriso, Guarantã do Norte, Barra do Bugres, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Arenápolis, Barra do Bugres, Nortelândia e Pontes e Lacerda.
A expectativa do SEEB-MT para a segunda semana de paralisação é fortalecer a greve no interior do Estado.
Paralisação nacionalOs números da greve pelo país também mostram a ampliação do movimento, que até sexta-feira (21), já tinha fechado 9.092 agências e centros administrativos nos 26 estados e no Distrito Federal, segundo balanço divulgado pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
Uma vez que, segundo o Banco Central, existem 21.713 agências bancárias espalhadas pelo país, isso significa a greve já suspendeu as atividades em mais de 40% das unidades. A expectativa da Contraf é de que o movimento seja intensificado pelos grevistas durante esta semana.
No ano passado, a categoria parou as atividades por 21 dias, em pressão para que os bancos atendessem às suas reinvindicações.
“Guerra” com os terminaisApesar de a greve dos bancários, iniciada na última terça-feira (18), não ser desculpa, segundo os bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), para que os consumidores não mantenham as contas em dia, a qualidade dos terminais de autoatendimento (caixas eletrônicos) disponibilizados nas agências e shoppings da Capital tem gerado muitas reclamações por parte da população.
Além de serviços simples se apresentarem indisponíveis, como saques, pagamentos e consulta de saldos, a falta de comunicação com a central também já tirou a paciência de alguns clientes, que precisam recorrer ao serviço disponibilizado na internet e que, muitas vezes, também está congestionado.
No final de semana, por exemplo, lotéricas se mantiveram fechadas para o atendimento ao público por falta de comunicação com a central, em Brasília.
Contas em diaA paralisação não pode prejudicar o consumidor e, por isso, é vedada a cobrança de juros e multas por atraso no pagamento por parte das empresas. Porém, as pessoas devem procurar outros meios para quitarem suas dívidas.
Os pagamentos poderão ser efetuados internet ou por meio dos caixas eletrônicos localizados em bancos, shoppings e supermercados.
Outra saída viável para efetuar o pagamento de dívidas é procurar os correspondentes bancários, como lotéricas, correios e hipermercados que oferecem o serviço.
Recorrer ao débito em conta também é uma possibilidade, bem como pedir pela prorrogação do prazo de vencimento da conta. Cabe à empresa, em caso de greve dos bancos, oferecer outras soluções de pagamento e, a cada contato, o cliente deve anotar a hora, dia e número do protocolo de atendimento, que podem ser usados como provas no futuro contra cobranças indevidas.
Para garantir seus direitos, caso não consiga pagar a conta e sejam aplicadas multas por atraso, por exemplo, o consumidor deverá guardar as provas de tentativas de pagamento da conta, como fotos, vídeos e materiais publicados pela imprensa, para posteriormente recorrer da cobrança junto ao Procon (Superintendência de Defesa do Consumidor) ou na Justiça.
O consumidor que for prejudicado financeiramente pela paralisação poderá recorrer ao Judiciário, após o fim do movimento, para buscar ressarcimento.
ReivindicaçõesA categoria pede reajuste salarial de 10,25%, além de PLR de três salários do funcionário acrescidos de R$ 4.961,25 fixo.
Eles também reclamam por um salário mínimo equivalente ao salário mínimo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) de R$ 2.416,28, e pagamento de auxílio-alimentação e vale-refeição no valor de um salário mínimo (R$ 622) cada um. Hoje, o salário-base dos bancários gira em torno de R$ 1,4 mil, segundo o sindicato.
Os bancários querem ainda a implantação de um PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) para todos, bem como auxílio-educação para cursos de graduação e pós-graduação.
Constam na pauta ainda o fim da rotatividade nos bancos, aumento do número de contratações, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – que inibe as demissões imotivadas – e a ampliação da inclusão bancária.
Mais segurança nas agências e postos bancários também é uma das reinvindicações da categoria, que pede ainda pelo cumprimento da jornada de seis horas para todos os funcionários, fim das metas consideradas abusivas e combate ao assédio moral, previdência complementar e igualdade de oportunidades.