LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Professores da rede de ensino de Cuiabá entram em greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (22).
Somada à greve dos profissionais da rede estadual de ensino, as paralisações deixam aproximadamente 478 mil alunos sem aula no Estado – sendo que 48 mil são estudantes da rede municipal da Capital.
A categoria optou por cruzar os braços em Cuiabá em assembleia-geral realizada na última sexta-feira (16).
Eles exigem do prefeito Mauro Mendes (PSB) a concessão de reajuste salarial de 10,9% - incluindo a recomposição da inflação.
Segundo informações da subsede em Cuiabá do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), o piso salarial do professor com nível médio e carga horária de 20 horas semanais é de R$ 1.134,00.
Já os professores com nível superior e mesma jornada de trabalho têm piso salarial de R$ 1.614,00.
Com o reajuste, os salários passariam a ser de R$ 1.257,60 (nível médio) e R$ 1.789,92 (nível superior).
A rede municipal conta com 7,5 mil trabalhadores e 100 unidades escolares, dentre elas 46 creches. A última greve da categoria, realizada em 2004, durou 17 dias.
Ato público

"Temos o pior piso salarial dentre as carreiras do Executivo, mas a nossa pauta de reivindicações é extensa"
A paralisação terá início com um ato público, a ser realizado a partir das 14h de hoje, na Praça Alencastro, em Cuiabá. Na ocasião, os professores irão informar à sociedade sobre a realização da greve.
O ato deverá contar, ainda, com a presença de educadores da rede estadual de ensino da Capital e de Várzea Grande.
Rede estadualA rede estadual está em greve desde o dia 12 deste mês. Segundo o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, o movimento já conta com mais de 80% das escolas com as atividades suspensas.
“Isso significa que quase 90% dos profissionais da educação no Estado já aderiram à greve”, afirmou.
Atualmente, a rede estadual de educação conta 36 mil profissionais, entre professores, técnicos e apoios administrativos.
Segundo Lopes, a pauta de reivindicação é extensa e não se limita ao reajuste de 10,41% do piso salarial, hoje fixado em R$ 1.569,18 (profissional de nível médio, com jornada semanal de 30 horas).
“Temos o pior piso salarial dentre as carreiras do Executivo, mas a nossa pauta de reivindicações é extensa”, disse.
A categoria reclama da falta de infraestrutura nas escolas estaduais – que comprometeriam diretamente na qualidade do ensino oferecido e no desenvolvimento dos alunos; imediata realização de concurso público e convocação dos classificados no último concurso realizado em 2010; garantia de hora-atividade para interinos; aplicação dos 35% dos recursos na educação como prevê a Constituição Estadual e autonomia e transparência, por parte da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) dos recursos aplicados na área.

"A categoria espera uma postura de republicano do governador"
NegociaçãoEm reunião realizada com os secretários de Educação, Ságuas Moraes, e de Administração, Francisco Faiad, alguns avanços foram registrados, como a convocação de concursados e organização de um novo concurso, mas Lopes defende que isso não é suficiente.
“Eles ventilaram a possibilidade de realização de um novo concurso, apresentaram um calendário da posse dos classificados, e ficaram de nos enviar uma lista com propostas que atendam às reivindicações da categoria, o que ainda não foi feito”, afirmou.
Lopes também criticou as declarações dadas pelo governador Silval Barbosa (PMDB) de que não irá negociar diretamente com a categoria.
“A categoria espera uma postura de republicano do governador. Não estamos tratando de coisas pessoais, mas de política de Estado, e esperamos do governador a posição de um chefe de Estado”, disse.
Essa já é a segunda paralisação dos professores estaduais em Mato Grosso. Em abril, a categoria cruzou os braços por reajuste salarial.