Cuiabá, Domingo, 15 de Junho de 2025
AGENTES PRISIONAIS
30.07.2013 | 16h01 Tamanho do texto A- A+

Estado não negocia com servidor em greve e convoca PM

Governo afirma que salário reivindicado não cabe no Orçamento

Thiago Bergamasco

Agentes prisionais mantêm greve e Governo convoca PM para cuidar das prisões no Estado

Agentes prisionais mantêm greve e Governo convoca PM para cuidar das prisões no Estado

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Governo do Estado fechou, temporariamente, as portas de negociação com os 2,5 mil servidores do Sistema Prisional de Mato Grosso (Sispen) e recorreu à convocação de policiais militares para garantirem a segurança nas unidades prisionais.

Em coletiva concedida nesta terça-feira (30), os secretários de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Luiz Antônio Pôssas, e da Casa Civil, Pedro Nadaf, alegaram que a forma como a greve está sendo conduzida pelos servidores é ilegal, por ferir os direitos dos reeducandos e colocar em risco a segurança da sociedade.

“Eles criaram uma cartilha da greve que incide em uma série de não atendimentos a requisitos que a lei obriga serem cumpridos. Estamos a favor da categoria e todos os benefícios estão sendo concedidos. A nossa parte foi feita. Sempre estivemos abertos à negociação. Mas agora, em greve, não”, disse Pôssas.

"Eles criaram uma cartilha da greve que incide em uma série de não atendimentos a requisitos que a lei obriga serem cumpridos"

Os secretários salientaram que a categoria não está cumprindo os percentuais mínimos ordenados pela Justiça – de manter 70% do efetivo atuando – e que está tentando “tumultuar” as unidades prisionais.

“Eles estão tentando gerar um caos no sistema e o Estado não vai permitir isso”, afirmou.

Pôssas afirmou que, por enquanto, a situação mais preocupante ocorre no Centro de Ressocialização do Carumbé (CRC), em Cuiabá. A situação nas demais unidades do interior do Estado está sob controle, segundo ele.

“A Polícia Militar está pronta para ser acionada e já está sendo usada para garantir a segurança e os direitos desses presos. Por enquanto, a PM interveio apenas no CRC. Mas isso será uma prática utilizada em outras unidades prisionais caso a greve persista dessa forma. O que não podemos, e não vamos permitir, é essa desobediência à ordem legal”, disse Pôssas.

De acordo com o secretário, direitos que os reeducandos têm – como assistência à atendimentos de saúde, visita de familiares, entrega de “jumbos” semanais (alimentos e produtos de higiene) e contato com os advogados – estariam sendo impedidos pelos grevistas.

O recolhimento de presos em flagrante para as unidades prisionais também estariam sendo prejudicados, bem como o banho de sol nas unidades prisionais. No primeiro dia de greve, segundo Pôssas, até mesmo a alimentação dos presos foi prejudicada.

“Eram 11h da manhã e, pasmem, eles não haviam recebido o café da manhã. Tinha preso dentro da delegacia que estava sem comer durante o dia todo”, disse.

Na manhã de hoje, os agentes prisionais não teria feito a destranca dos presos no CRC, o que causou um grande tumulto dentro da unidade.

"A Polícia Militar está pronta para ser acionada e já está sendo usada para garantir a segurança e os direitos desses presos. Por enquanto, a PM interveio apenas no CRC. Mas, isso será uma prática utilizada em outras unidades prisionais caso a greve persista dessa forma. "

“Esse tumulto nos obrigou a colocar a PM dentro do presídio para garantir a segurança dos presos. Os reeducandos têm direitos que a cartilha da greve do sindicato veda em 100%. O Estado vai fazer cumprir a lei e as medidas judiciais”, afirmou.

Negociação

De acordo com o secretário da Sejudh, dos dez itens reivindicados pela categoria, seis já foram completamente cumpridos e três estão sendo atendidos – dependendo de votação na Assembleia Legislativa. Apenas o aumento salarial pretendido pela categoria não foi atendido.

“Desde 2011 já vem sendo feita uma reposição de ganho real para os servidores de 17,69%, mais 6% de reposição em 2012 e 6% em 2013. Fora isso, a categoria insiste em um incremento real de 70%. Fizemos uma contraproposta que não foi nem analisada, foi rejeitada de pronto com a deflagração da greve”, disse Pôssas.

Segundo o secretário da Casa Civil, o Estado propôs um incremento salarial de 5% em 2014 e de 5% em 2015 (percentuais de ganho real), sem contar a recomposição inflacionária que o período teria. De acordo com o Executivo, isso já geraria um grande impacto na folha de pagamento do governo.

“Essa questão de nova recomposição salarial, o Governo do Estado, infelizmente, não tem condição orçamentária e financeira para poder atender. A contraproposta de aumento, aliás, com o indicativo de greve e o não cumprimento da medida judicial, é retirada pelo governo”, afirmou Nadaf.

Pôssas salientou ainda que, apesar da categoria defender que o salário-base para o agente de nível médio ser considerado um dos piores do país – fixado em R$ 1,9 mil –, a média salarial dos servidores é superior e os coloca entre um dos seis melhores salários do Brasil.

“A média salarial que eles atingem em seis anos de exercício pleno da atividade chega a R$ 6,8 mil, no caso do nível médio. Em caso de nível superior, o salário chega a R$ 11 mil”, disse.

“O agente tem uma carga horária diferente, o que é bom esclarecer para a sociedade. Eles trabalham, efetivamente, uma média de seis dias por mês. Eles trabalham 24h e descansam por três dias. Há uma escala de trabalho bem definida quanto a isso”, acrescentou Pôssas.

Ação na Justiça


Segundo o Estado, antes de deflagrar a greve, o sindicato dos servidores do Sistema Prisional (Sisdispen-MT) entrou na Justiça pedindo a aplicação de multa de R$ 100 mil por descumprimento do acordo selado com o Estado.

“Diante disso, nós também recorremos ao Judiciário e apresentamos a cartilha que apontava a forma como seria feita essa greve e solicitamos ao o fornecimento de 70% do efetivo não armado dentro dos presídios e 100% dos armados. O TJ deferiu o pedido do Estado e multou o sindicato em R$ 50 mil por dia pelo não cumprimento dessa liminar”, disse Pôssas.

"Essa questão de nova recomposição salarial, o Governo do Estado, infelizmente, não tem condição orçamentária e financeira para poder atender"

Como a liminar estaria sendo descumprida, o Judiciário teria aumentado a multa fixada em R$ 100 mil por dia. Com a apresentação da cartilha de greve, o Estado também espera que a Justiça declare que a greve é ilegal.

“O governador está acompanhando todos os fatos. As pessoas já estão em uma situação de cumprimento de pena e não podem mais penalizadas. A preocupação do governo, primeiramente é nesse aspecto. Outro aspecto que preocupa o Estado é quanto à segurança da sociedade e o cumprimento da medida judicial”, afirmou Nadaf.

TAC


A Sejudh está buscando, junto ao Ministério Público Estadual, a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que permita a contratação de agentes provisórios para atuarem nas unidades prisionais onde há deficiência de pessoas – principalmente na Capital.

“Nós garantiremos a segurança e os direitos dos reeducandos e da sociedade através de convocações provisórias ou através da PM”, afirmou Pôssas.

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COMENTÁRIOS
9 Comentário(s).

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falcão  31.07.13 16h34
Engraçado, como disse o rogerio a PM é mesmo SEVERINO, pq ha muito tempo que a PM puxou guarda e nunca recebeu nada desses adicionais (noturno, insalubridade etc..)e ainda realiza serviço a noite nas ruas, ora abordando noiados e tem caso de colegas que ja contairam tuberculose e outros enfermidades e continuamos nessa, mas quando acabar o militarismo talvz isso mude!! Pq enquanto estivermos na sombra de Coroneis que tomam benção de governantes tamo ferrado!
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saraiva  30.07.13 19h11
Cadê os DEPUTADOS,os representantes do POVO,para interceder junto a esse Governo?
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Rogério  30.07.13 19h03
A PM bem que podia mudar seu nome pra ´´Severino`` porque essa sim e verdadeiro quebrar galho. E o estado ainda diz:´´A PM esta pronta pra ser usada``. Devia ter essa disposição pra colocar a Policia na fronteira que tem mostrado a sua fragilidade pois temos visto nas ultimas semanas que as apreensões que estão sendo feitas pela PF é só de 500 kilos pra cima! O Gefron anda faz muito pelo pouco efetivo que tem e pelo abandono que sofre a anos por parte do governo. Lamentável...
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Daniel  30.07.13 19h03
“A média salarial que eles atingem em seis anos de exercício pleno da atividade chega a R$ 6,8 mil, no caso do nível médio. Em caso de nível superior, o salário chega a R$ 11 mil” kkkkkkkkkkkkk.... essas são palavra do secretario da casa civil em entrevista coletiva para impressa. Meu Deus como pode disser isso, nem a ultima classe ganha os 6,8mil. Ele confundiu os salarios com o da PJC só pode.
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rodrigo  30.07.13 18h20
Sr. Secretário nossa categoria não esta sendo intransigente eu guardado o diairo Of. de junho de 2012, onde está a Lei que o Nobre Governador assinou a Nossa insalubridade e deu prazo de 60 dias, hoje 30/07/2013 já se passaram 1 ano e 30 dias. Foi acordado em abril que que em 10 dias seria resolvido e no meu holerite não há nada de adicional de insalubridade. O senhor diz que Fomos atendidos e eu pergunto em quê?????. Desde 2012 estamos em negociações e até agora nada e quando recebemos a ameaças de prisões e exonerações deixa bem claro de o governo que esta sendo intransigente o que queremos é respeito com a nossa categoria, pois garanto a Vossa Senhoria que merecemos, somos Homens e Mulheres com muita fé em Deus e Coragem para estar dentro de um Presidio 24 horas por dia sem nenhuma estrutura. E é por isso que lutamos porque nós merecemos. Para garantir os direitos dos detentos, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos convocou policiais militares para fazerem o serviço em caráter emergencial. E PARA GARANTIR A SEGURANÇA DOS AGENTES QUE É PAI,FILHO,ESPOSO,O ESTADO NÃO PODE TOMAR PROVIDENCIA, ENGRAÇADO DETENTOS TEM MAIS DIREITO QUE UM CIDADÃO DE BEM......
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