LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Uma reunião entre deputados estaduais e representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), na manhã desta quinta-feira (10), terminou sem grandes avanços que indiquem o fim da greve, que hoje completa dois meses e é uma das maiores da história do Estado.
Durante a reunião, na Secretaria de Educação, no CPA, foi apresentada aos sindicalistas a proposta de encaminhamento de um projeto de lei, para ser votado na Assembleia Legislativa (AL), que garante a dobra salarial de ganho real da categoria em até dez anos e o aumento da hora-atividade em três anos.
A medida visa a assegurar que, mesmo após o fim do Governo Silval Barbosa (PMDB), o acordo seja cumprido pelos próximos gestores.
A categoria, porém, “bateu o pé” e afirmou que o encaminhamento do documento não garante nada e exige do Estado a implantação imediata da proposta.
Agora, os representantes da categoria estão em uma reunião ampliada com os professores, no auditório do Sintep, a fim de repassar o que foi discutido na reunião.
Uma assembleia-geral está agendada para as 14h, na Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá.
Mas, o presidente do sindicato, Henrique Lopes, já havia declarado que, caso o Estado não fizesse uma nova proposta, a diretoria não colocaria em discussão o encerramento da greve durante a plenária.
Cabo de guerraO Estado tentou acordo com os professores por duas vezes, com a mesma proposta, que foi rejeitada.
A categoria pede que a dobra salarial seja feita em até sete anos e com início imediato. O mesmo vale para o pagamento da hora-atividade dos professores contratados, que a categoria exija que seja feito de forma imediata, e não em três parcelas – sendo uma por ano – como foi proposto pelo Estado.
Diante do impasse – e apesar de afirmar que não negocia com grevistas – o governador Silval Barbosa conclamou a categoria a retomar os trabalhos para que a negociação continuasse, usando do argumento de que a paralisação estaria resultando apenas em prejuízo aos 450 mil alunos da rede pública estadual.
Diante da negativa, Silval anunciou o corte de ponto de quem não abandonasse o movimento e tentou, na Justiça, finalizar a greve, conquistando duas liminares favoráveis, mas que também foram ignoradas pelos servidores.
A folha de pagamento do mês de outubro está prevista para fechar no dia 20, quando então a promessa de corte dos salários poderá ser verificada pela categoria.
Enquanto o Governo do Estado alega que 45% das escolas estão em funcionamento, o Sintep diz que a informação não procede e que o movimento continua com adesão de 80%.
Reivindicações
O piso salarial da categoria hoje é de R$ 1.566,64, segundo o Sintep-MT.
Segundo a assessoria da Seduc, um professor – sem especialização – que inicia sua carreira no Estado ganha um salário de R$ 2.353,75 para trabalhar por 30 horas semanais.
Mas as reivindicações da categoria vão além da remuneração. Eles pedem por melhorias na infraestrutura das escolas e cumprimento do repasse do percentual mínimo de 35% do Estado para a Educação, conforme previsto na constituição.
ConsequênciasHoje, Mato Grosso conta com 39 mil trabalhadores da educação que, com a greve, afetam as atividades em 744 escolas do Estado.
Com a greve, o ano letivo de 2013 dos alunos da rede pública deverá ser finalizado apenas no ano que vem.