LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
Os candidatos a prefeito de Cuiabá, Carlos Brito (PSD) e Mauro Mendes (PSB), aproveitaram um evento sobre sustentabilidade, no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), nesta terça-feira (24), para criticar o que consideram "altos investimentos" nas obras da Copa do Mundo 2014, na Capital.
Como um dos objetivos do encontro era debater o legado da Copa, ambos usaram a oportunidade para criticar, principalmente, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que foi contratado ao custo de R$ 1,47 bilhão pelo Governo Estadual.
“Não adianta um sistema de transporte moderno, que não irá atender à população. Tive embates e acabei deixando sonhos porque não concordava com os encaminhamentos dados a determinadas questões”, discursou Carlos Brito.
Ele estava se referindo à sua tumultuada saída da extinta Agecopa (atual Secopa), onde foi diretor de Infraestrutura. Em setembro do ano passado, Brito protagonizou um bate-boca público com o então presidente Eder Moraes.
Ambos divergiam a respeito da mudança do modal de transporte coletivo urbano da Copa, que passou de BRT (Bus Rapid Transit) para VLT, e Brito criticou em público a falta de informações sobre o novo modelo escolhido para a Capital.
Durante a entrevista coletiva, o candidato apontou alguns dos pontos de discordância citados em seu pronunciamento. “Eu não sei se o VLT está caro ou barato, não sei avaliar. Essa é uma das questões. Para tomar a decisão de uma grande intervenção, é preciso avaliar a conjuntura das outras possibilidades e necessidades que a cidade tem. Então, era uma questão de priorizar os investimentos. Mas, esse era meu entendimento, não foi o que prevaleceu. Contudo, hoje o VLT é uma decisão tomada, e a obra vai começar”, afirmou.
Brito ressaltou que não está combatendo o VLT, mas voltou a reclamar da falta de informações sobre o sistema.
“Eu não estou mais discutindo o VLT, pois já está tudo decidido, as obras estão anunciadas. Mas, faltam algumas respostas. Qual o valor da tarifa? Como vai ser operado o sistema? Os outros modais de transporte vão ser viáveis economicamente, com um volume menor de passageiros? A passagem será subsidiada? E quem pagará por isso? As obras vão começar e nós continuamos com várias perguntas sem respostas”, pontuou.
Obras faraônicasO social-democrata disparou também contra o que chamou de “obras faraônicas”.
“Quando se pensa em estruturas de equipamento público, você pensa em obras caras. Isso é uma cultura, e precisa ser revertido. Nós precisamos chegar aos bairros, com estruturas simples e funcionais, que não precisam ser caras, e dar oportunidades para a prática do esporte e da caminhada, áreas de lazer. Para caminhar, você precisa de calçada e verde”, afirmou.
O candidato afirmou, ainda, que os investimentos da Copa do Mundo deveriam mirar além das obras de mobilidade urbana. “O VLT é um item da mobilidade urbana. Quando se fala em sistema de transporte, temos, além do VLT, ônibus, táxis, mototáxis, pedestre. Além disso, a Copa não pode se resumir a obras de mobilidade urbana. É preciso falar de também de Saúde, Segurança, Turismo, Lazer e Sustentabilidade”, observou.
Em seguida, Mauro Mendes também discursou contra o "investimento bilionário" do VLT.
“É muito bom ter um VLT e é necessário, mas não podemos entender como é possível gastar R$ 1,5 bilhão em um trem, em uma cidade que tem grande parte dos pontos de ônibus descobertos, sem abrigo para sol ou chuva, ou tem grande parte dos ônibus sem ar-condicionado, em uma temperatura média de mais de 35°C”, criticou.
“O VLT é um elemento da cadeia da mobilidade urbana. Ele, por si só, não resolve os problemas”, afirmou. “Como você implanta um transporte que vai custar R$ 1,5 bilhão e, até agora, ninguém sabe dizer quanto vai custar uma simples tarifa?”, disparou.
O empresário não poupou também os investimentos na Arena Pantanal.
“É muito bom construir um estádio e gastar R$ 500 milhões, mas a grande parte dos ginásios e praças esportivas dessa cidade estão sucateados. Tem que estabelecer prioridades, nós queremos a Copa, essas obras são importantes, mas nós queremos muito mais do que isso”, declarou.
A solução, segundo ele, seria deixar as grandes obras a cargo do Estado, da forma como está sendo feita hoje, e o prefeito tomar para si a responsabilidade sobre esses outros investimentos.
“Isso é uma responsabilidade da Prefeitura. O Estado está fazendo sua parte. E a Prefeitura? Precisamos de muito mais do que o necessário para receber turista por um ou dois dias, pois nós vamos viver aqui a vida inteira. A maioria da população vai andar de ônibus e vai viver no bairro”, concluiu.