LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
Candidato a prefeito de Cuiabá, o empresário Mauro Mendes (PSB) afirmou que a concessão da Sanecap (Companhia de Saneamento da Capital) à empresa CAB Ambiental, feita pelo prefeito Chico Galindo (PTB) em fevereiro passado, foi "um mau negócio", com um valor muito abaixo do mercado.
“A Sanecap foi vendida a preço de banana. Foi um mau negócio para a cidade. Digo isso porque entendo de negócio de longo prazo e, certamente, sei o que é uma concessão”, afirmou, em entrevista ao
MidiaNews.
Mendes disse que, na prática, a empresa CAB Ambiental adquiriu os direitos de explorar os serviços de água e esgoto por R$ 140 milhões – sendo R$ 115 milhões a serem pagos este ano; R$ 12,5 milhões no ano que vem e R$ 12,5 milhões em 2014. Além disso, a empresa pagará mais 5% do faturamento durante o período da concessão, que é de 30 anos.

"É um grande negócio para quem comprou, mas não para nós, a sociedade, que a vendemos"
O empresário ressaltou que o valor da outorga é "muito baixo", em função de a CAB ter previsto um faturamento de R$ 140 milhões já para o ano que vem. Na avaliação de Mendes, a Sanecap valeria “algo em torno de R$ 300 milhões”, além dos 5% do faturamento – mais que o dobro do que negociado pela prefeitura.
“No primeiro ano, a CAB vai faturar R$ 70 milhões, e no ano seguinte, já está previsto R$ 140 milhões. Ou seja, vai dobrar o faturamento em doze meses. E isso com os custos diminuindo, porque sendo iniciativa privada, certamente vai ter uma gestão dos custos. É um grande negócio para quem comprou, mas não para nós, a sociedade, que a vendemos”, analisou.
O candidato ressaltou que não é contra o sistema de concessão, e suas críticas são com relação ao preço pago pela empresa para explorar esse serviço na capital. Mendes, que chegou a adquirir o edital, em dezembro de 2011, disse que não participou da licitação porque não tinha o dinheiro necessário para concretizar o negócio.
"Preço decente"“O cidadão sempre paga pelo serviço, não importa por quem ele é prestado. Se a Sanecap fosse da prefeitura, ela não ia dar água de graça, como nunca deu. Se estamos vendendo um patrimônio público, no mínimo poderíamos ter vendido isso a um preço decente”, disparou.
“Assim, teríamos conseguido um resultado melhor. Afinal, o programa Poeira Zero está sendo feito por aí com esse dinheiro. Quanta poeira não poderia ter sido apagada se o preço não fosse melhor?”, analisou.
Para o empresário, ao fazer a concessão da Sanecap, o prefeito Chico Galindo (PTB) “quis se livrar de um problema e arrumar algum dinheiro para fazer obras que pudessem gerar algum tipo de visibilidade”.
ReclamaçõesApesar do "mau negócio", Mendes diz que não planeja romper o contrato se a empresa cumprir o contrato. “Os vereadores já aprovaram, a prefeitura já assinou um contrato, o Ministério Público já olhou, a Justiça já olhou. Eu vou fazer o quê? Vou cobrar duramente que o contrato seja cumprido, para que a população tenha água de qualidade a um preço justo e que o esgoto também seja disponibilizado na nossa cidade”, disse.

"Vi a CAB trabalhando em alguns poucos lugares, mais na manutenção que na expansão da rede"
O candidato destacou que, ao invés de ameaçar com rescisão, ele pretende cobrar de forma dura que os serviços sejam prestados com qualidade.
“Eu serei um duro e implacável cobrador. Se a CAB não cumprir o contrato, certamente vai ter grandes problemas comigo. Se prestar bem o serviço e atender bem à população, eu irei respeitar o contrato que foi assinado”, garantiu.
Mendes disse, ainda, que não é possível traçar um cenário se a prestação dos serviços melhorou ou piorou após a substituição da Sanecap pela CAB.
“Tenho recebido muitas reclamações, e muitas são pertinentes. Disse isso ao presidente da CAB e ele apresentou, obviamente, as suas justificativas”.
“Mas encontrei de tudo: pessoas criticando profundamente, pessoas que não sentiram nenhum tipo de alteração e, também, tenho que ser justo e dizer que encontrei pessoas elogiando. Vi a CAB trabalhando em alguns poucos lugares, mais na manutenção que na expansão da rede”, disse.