Cuiabá, Segunda-Feira, 11 de Agosto de 2025
NA ALMT
11.08.2025 | 17h23 Tamanho do texto A- A+

Sérgio Ricardo anuncia auditoria no Indea durante abertura de Câmara Temática

O presidente do TCE-MT participou da instalação da Câmara Setorial Temática da Assembleia Legislativa para discutir desembargo ambiental na agricultura familiar

Tony Ribeiro/TCE-MT

O presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, participou da instalação da Câmara Setorial Temática da ALMT nesta segunda-feira (11)

O presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, participou da instalação da Câmara Setorial Temática da ALMT nesta segunda-feira (11)

DA REDAÇÃO

O presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, anunciou nesta segunda-feira (11) uma auditoria no Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) e apontou a desburocratização como caminho para impulsionar a agricultura  familiar no estado.

 

O comunicado foi feito durante instalação da Câmara Setorial Temática (CST) da Assembleia Legislativa (ALMT) para discutir o desembargo ambiental no setor.

 

“Eu estou pedindo para o Indea a relação das multas dos últimos dez anos: quero saber quem foi multado e por que foi multado. Quero saber também dos perdões de dívidas nesse período, quais foram as dívidas que foram perdoadas. Essa é a função do Tribunal de Contas e é para isso que existe um presidente. A nossa obrigação é fiscalizar e dar transparência a essas informações”, afirmou o conselheiro. 

 

Sérgio Ricardo também propôs rever normas e decretos que alteram leis, prejudicando a produção.

 

“Decreto não pode mudar lei. Pedi hoje ao Indea e à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar todas as alterações feitas nos últimos dez anos. Quero saber o que foi feito com leis aprovadas pela Assembleia e quais retaliações foram impostas ao pequeno produtor.”

 

Neste contexto, o presidente citou travas regulatórias impostas pelo Indea e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

 

“Hoje, nós temos 130 mil processos de Cadastro Ambiental Rural nas gavetas da Sema. A Sema consegue resolver 1,6 processos por dia. Então, ela vai levar 130 anos para resolver esses 130 mil, se não entrar mais nenhum. E aí quem não é liberado é um produtor que está impedido de trabalhar.”

 

Além disso, ressaltou que o setor precisa de políticas de estado para avançar. “Quando digo política de Estado estou falando de política que não muda de um governo para o outro. Os pequenos não conseguem produzir, têm sua propriedade embargada, não conseguem licença para vender, não conseguem licença para transportar. Então, há que se discutir o pobre do estado, aquele que vive da pequena agricultura. Mato Grosso é um estado rico cada vez mais pobre.”

 

Na mesma linha, o deputado Valdir Barranco, autor da proposta que criou a Câmara Setorial Temática, destacou que hoje centenas de assentamentos respondem por infrações ambientais herdadas de gestões passadas ou de erros técnicos do processo de implantação.

 

“O resultado é cruel: famílias inteiras impossibilitadas de acessar financiamentos e empurradas para a pobreza extrema. Não podemos aceitar que leis criadas para proteger o ambiente sejam distorcidas para esmagar quem menos polui e mais preserva.”

 

Com prazo de 180 dias para concluir os trabalhos, a Câmara vai reunir representantes de diferentes setores para buscar alternativas legais e sustentáveis que permitam a regularização de áreas embargadas, especialmente em assentamentos da reforma agrária, conciliando a retomada da produção com a preservação ambiental.

 

Durante a instalação da CST, o representante do Ibama em Mato Grosso, José Vespasiano, ressaltou que a solução para os embargos depende de uma ação articulada entre diferentes órgãos, com segurança jurídica e sem prejuízos ambientais.

 

“Para que possamos ter uma solução definitiva, tem que haver a assinatura de um termo de cooperação com o Incra, com a Sema e demais órgãos institucionais. São situações, como embargos de 25 anos, que não podem mais ser admissíveis.”

 

Já o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin, reforçou a importância de regras diferenciadas para pequenos produtores no desembargo ambiental e criticou a falta de recursos para iniciativas que poderiam impulsionar a agricultura familiar.

 

“O desembargo, principalmente para as pequenas propriedades, tem que acontecer de forma desburocratizada. Não pode seguir os mesmos ditames e as mesmas regras impostas para o médio e para o grande produtor.”

 

Ao relatar a situação de um assentamento da região de Bom Jesus do Araguaia, o vice-prefeito do município, Silvio Dantas, disse que o embargo afeta mais da metade do território e tem levado produtores a entregar suas propriedades para pagar dívidas.

 

“Hoje, famílias honestas que estão lá assentadas estão entregando terra para os bancos, porque quando contraíram a dívida não estavam embargadas. Agora, com o embargo, não podem produzir nem vender, e a situação vira uma bola de neve.”

 

Também participaram da reunião a diretora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), professora Rosa Neide; a defensora pública-geral, Maria Luziane Ribeiro; o promotor de Justiça Marcelo Vacchiano; e o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Joel Machado de Azevedo, além de representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagre), da Sema e do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), entre outros.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia