A Polícia Civil indiciou 18 pessoas envolvidas no esquema de fraudes em cartões de crédito emitidos pela Rede de Supermercados Modelo, em parceria com o Banco Bradesco.
Os indicados irão responder pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
O inquérito foi encaminhado para o Fórum Criminal da Capital, mas o delegado do GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), Gianmarco Paccola, que dirigiu as investigações, afirmou que mais pessoas podem estar envolvidas no esquema.
No total, 1.079 pessoas foram lesadas pela quadrilha, que gerou um prejuízo de mais de R$ 1 milhão, em menos de três meses.
O bando fazia compras a créditos, em vários estabelecimentos comerciais da Grande Cuiabá, inclusive, com a conivência de comerciantes, que também lucravam com o esquema.
Quando deflagrou a “Operação Sete Erros”, que culminou na prisão em flagrante de oito pessoas – entre elas, funcionários dos Supermercados Modelo –, a Polícia Civil divulgou ter evitado um prejuízo de R$ 600 mil, uma vez que pouco mais de uma centena de cartões apreendidos ainda não haviam sido desbloqueados.
Porém, Paccola acredita que o prejuízo pode ser maior, uma vez que podem haver cartões que ainda não foram utilizados ou não tiveram as faturas processadas.
O delegado solicitou ao banco o pedido da lista completa das vítimas e de todos os cartões de crédito adquiridos ilegalmente, bem como a listas das compras efetuadas com os cartões fraudados, com dados dos estabelecimentos e outras informações técnicas e jurídicas.
Paccola também requisitou que a Secretaria de Fazenda realize fiscalização em alguns estabelecimentos comerciais e apreensão de produtos comprados com os cartões, bem como intime cinco pessoas para serem ouvidas sobre a fraude - entre elas, um o dono de uma locadora de veículos e três funcionárias da rede de supermercados.
“Solicitamos informações à rede de supermercados, no período de maio a setembro, dos cartões solicitados para os sete principais endereços. Com isso, vamos fechar o cerco ao esquema”, afirmou o delegado.
Esquema
No inquérito policial, 25 pessoas foram ouvidas e as investigações apontam que oito funcionárias de duas lojas da rede de supermercados, responsáveis pela solicitação dos cartões ao banco, usaram dados indevidamente de 1.097 clientes.
As investigações apontam que o esquema, considerado simples e bem articulado, era operado por um ex-comerciante, com acesso ao sistema Serasa, que “fabricava” cadastros com nomes de centenas de vítimas.
Em seguida, os dados eram encaminhados para funcionários da Rede Modelo encarregados de confeccionar cartões de crédito.
Com as informações, os funcionários, ilegalmente, faziam as solicitações dos cartões de crédito junto à instituição financeira, que eram aprovados e encaminhados para sete principais endereços, que, por sua vez, repassavam a sete envolvidos no esquema.
Os cartões que a quadrilha conseguiu aprovar tinham limites entre R$ 500 e R$ 6 mil.
De acordo com o banco, o limite do cartão é aprovado conforme a renda da pessoa, mas a quadrilha descobriu um meio de fraudar o sistema e aumentar o limite do cartão.
Em um único endereço residencial, em Cuiabá, o banco identificou a entrega de 345 cartões, em nome de diferentes pessoas e prejuízo causado de R$ 159 mil.
Em outro endereço, chegaram 205 cartões com gastos estimados de R$ 110 mil. Um escritório de contabilidade da Capital recebeu 133 cartões, que somam um prejuízo de R$ 53 mil.
No dia 21 de setembro, oito pessoas foram presas pelos policiais do GCCO. Os cartões ficavam com integrantes do bando que faziam as compras.
As faturas eram direcionadas a endereços falsos e as vítimas só descobriam a fraude quando tinham o nome negativado pelo Serasa.
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