RAMON MONTEAGUDO
DA REDAÇÃO
Para uns, vaidoso, polêmico, centralizador e explosivo. Para outros, pulso firme, inteligente, executivo e efetivo. Os adjetivos, positivos e negativos, foram uma constante e fizeram parte da aura criada em torno de Eder Moraes, ao longo dos onze anos em que ele ocupou alguns dos principais cargos do governo de Mato Grosso.
Ontem à noite, conforme revelou o
MidiaNews com exclusividade, Eder encerrou sua meteórica carreira.
Ele entrou no governo em 2003, pelas mãos do ex-governador e atual senador Blairo Maggi. De lá pra cá, não recusou desafios, independente de sua complexidade. E deu seu toque pessoal em tudo o que fez.
De assessor especial de Maggi, ele assumiu a MT Fomento, em seguida foi para a Secretaria de Estado de Fazenda, para a Casa Civil e para a Secopa. Por onde passou, despertou amor e ódio; fez aliados e colecionou desafetos.
Depois de uma longa conversa com o governador Silval Barbosa (PMDB), que terminou por volta das 23 horas de ontem, Eder saiu do Palácio Paiaguás convicto de que fizera o certo: colocou fim à sua carreira no poder público.
“Chega um momento em que é preciso repensar tudo... Depois que o sangue esfria, você começa a raciocinar com a cabeça. Refleti muito e entendi que era o momento de dar um ponto final, de dar uma repaginada em meu planejamento de vida. Foi uma decisão ponderada e tranqüila. Ouvi muito a minha família e os meus amigos. Tenho convicção de que fiz o certo e saio feliz por ter realizado um bom trabalho”, afirmou Eder ao
MidiaNews.
Na última quinta-feira (19), após saber que seu nome não tinha sido encaminhado pelo Executivo à Assembléia Legislativa, para ser sabatinado como o novo presidente da Ager (Agência de Regulação de Serviços Públicos), “caiu a ficha”.
“Quando eu soube disso, eu parei para pensar... Depois de tudo o que já fiz no governo, vou ter que pedir cargo? Vou ter que entra na briga política, voltar a ser foco, despertar essa ciumeira toda?”, disse, respondendo em seguida: “Não, estou fora. A hora é de virar a página”.
Foi a partir desse momento que ele passou a considerar as nove propostas recebidas da iniciativa privada, segundo o próprio.
“Comecei a analisar as propostas e avaliá-las em um novo contexto, em um projeto para o futuro. Recebi convite de grandes grupos, de conglomerados financeiros, bancos, do complexo soja. E teve uma que me agradou muito; vou fazer o que gosto, o que quero e com independência”, disse, sem revelar qual o nome da empresa.
Confira as principais declarações de Eder Moraes feitas ao MidiaNews:“Na verdade, o que me levou a tomar essa decisão foram os quase 11 anos exercendo, ininterruptamente, cargos do Executivo. Cargos polêmicos, que consomem, causam mudanças, mexem com interesses políticos e econômicos. Chega um momento em que é preciso repensar tudo”.
“Criou-se um folclore muito grande em torno da minha pessoa. Tudo o que acontecia em Mato Grosso, de bom e de ruim, era atribuído a mim. E a gente acaba ocupando um espaço na mídia por tudo o que faz... E isso causa um relativo transtorno dentro do governo”.
“Sou uma pessoa que falo o que faço, gosto de me posicionar, de falar com clareza para a sociedade. Sem meios termos”.
“Eu tinha a oportunidade de assumir a Ager, a Saúde, a Ciência e Tecnologia, o Detran; quer dizer, o governo não fechou as portas para mim”.
“Saio como entrei: de cabeça erguida. E deixei as portas abertas”.
“Sinto-me extremamente valorizado pelo governador Silval Barbosa. Continuo mantendo, a ele e a Blairo Maggi, minha fidelidade, lealdade e companheirismo. E tenho certeza que o meu convívio com eles até irá melhorar”.
“Fiz o meu papel no governo. E bem feito. Na Secopa, arrumei a casa. Deixei a Secopa com todos os projetos executivos de mobilidade urbana aprovados, todo o planejamento feito, de modo profissional. Lançamos o edital de licitação do VLT. Basta dar continuidade ao que está planejado que Mato Grosso não fará feio na Copa do Mundo”.
“O que ficou para trás, ficou para trás. Não guardo nenhum rancor de ninguém, de secretário, de deputado, de ninguém. Isso tudo já é passado, não me interessa mais. Daqui para frente, é vida nova”.