LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O diretório municipal do PPS em Cuiabá foi dissolvido pela executiva regional do partido, após denúncias de envolvimento da filiada Vânia Terezinha no esquema desvio de mais de R$ 12,8 milhões da Conta Única do Estado.
A sigla era presidida por Wagner Simplício na Capital e, agora, está sob o comando de uma comissão provisória, presidida por Renata Cristina Cabrera. O vice-presidente João Batista foi reconduzido ao posto.
Em comunicado enviado à imprensa, na tarde desta terça-feira (5), a executiva regional, presidida pelo deputado estadual Percival Muniz (PPS), acusou a executiva municipal de omissão.
“Cabe ressaltar que, desde o caso da cassação do mandato do ex-vereador Ivan Evangelista, em 2010, em Cuiabá, o diretório municipal deveria ter aberto processo junto à comissão de ética para averiguar os motivos da cassação e aplicar as sanções estatutárias aplicáveis ao caso. Nada foi feito. No caso do desvio de recursos públicos da Conta Única do Estado, aqueles membros dirigentes do diretório municipal ou filiados que aparecem como acusados de envolvimento, deveriam, também, sofrer processo na Comissão de Ética, assim que as denúncias vieram à tona. Mas, até o momento, a direção municipal se limitou, tardiamente, a divulgar uma nota lacônica à imprensa”, diz o comunicado.
O vice-presidente João Batista observou, em entrevista ao
MidiaNews, que o estatuto do partido é “rigorosíssimo” quanto à questão ética.
“Segundo o estatuto, a dissolução do diretório foi adequada, mas é preciso averiguar se o municipal não fez nada mesmo. Deve ter ocorrido uma falha de comunicação, o diretório municipal talvez não tenha comunicado o regional que estava tomando providências em relação ao escândalo da Conta Única. O que eu sei é que o Wagner [ex-presidente] passou o caso para a comissão de ética investigar”, disse.
Batista afirmou, ainda, que não via necessidade em instaurar processo interno para investigar Evangelista, acusado de compra de votos. "Ele já foi cassado, perdeu o mandato. Não precisava de uma punição partidária", argumentou. Ele pontuou, no entanto, que de acordo com o estatuto, o vereador deveria ter sido levado ao Conselho de Ética.
Ele acredita que a dissolução do diretório será levada à direção nacional do partido. “Com certeza, o diretório municipal vai recorrer, e claro que isso vai chegar à nacional. Acho que eles têm direito à ampla defesa e contraditório”, afirmou.
Motivação eleitoralBatista negou que a dissolução do diretório tenha motivações eleitorais, apesar de ser pública a divergência de opinião entre a direção estadual e a direção municipal destituída.
Enquanto o presidente regional, Percival Muniz, declarou apoio ao empresário Mauro Mendes (PSB), na disputa pela Prefeitura de Cuiabá, Simplício andou discutindo uma aliança com o DEM do ex-prefeito Roberto França.
O
MidiaNews tentou contato com o presidente destituído, Wagner Simplício, mas ele não atendeu às ligações da reportagem para seu celular.
Percival Muniz também não foi encontrado para comentar o episódio. Sua assessoria informou que ele está viajando.
Conta Única
O desfalque milionário na Conta Única do Estado foi praticado por servidores terceirizados, segundo levantamento da Auditoria Geral.
A ex-servidora Magda Mara Curvo Muniz, que era chefe da Coordenação de Controle do sistema, na Secretaria de Fazenda, é apontada como líder da quadrilha. Ela, que foi demitida, nega envolvimento.
O rombo corresponde apenas ao período entre 2007 e 2010, no segundo mandato de Blairo Maggi (PR) como governador do Estado, e está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Fazendária.
Os beneficiados pelo esquema já estão afastados dos cargos.
A Auditoria Geral do Estado revelou que, desde 2007, um grupo formado por 32 funcionários “fantasmas” recebia cerca de R$ 9 mil por mês, sem jamais ter comparecido ao local de trabalho.
Após uma denúncia, o governador Silval Barbosa (PMDB) requereu que a Corregedoria Fazendária, a Auditoria Geral e Ministério Público Estadual investigassem o caso.