ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
O deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) disse, nesta quarta-feira (14), que o rombo na Conta Única do Estado de Mato Grosso pode chegar a R$ 100 milhões, considerando que o próprio Governo, conforme revelou o auditor-geral José Pereira Filho, não dispõe de dados, no Banco do Brasil, que comprovem transações mais antigas. O orçamento destinado ao sistema é de 380 milhões.
“Não temos informações e, se estamos falando de um orçamento desse tamanho, é claro que o montante de R$ 12,9 milhões, registrado como desfalquie, é muito pouco”, disse Maluf.
Como havia prometido, o deputado apresentou, na sessão de hoje, um requerimento no sentido de que o secretário estadual de Fazenda, Edmilson José dos Santos, compareça à Assembleia Legislativa para dar explicações sobre o processo que resultou no desvio de dinheiro dos cofres públicos.
Numa audiência pública realizada semana passada, o deputado tucano esperava mais informações sobre o tema. Contudo, Edmilson apenas apresentou a prestação de contas do Governo e pouco falou sobre o desfalque.
Mesmo sem data marcada, a presença do titular da Sefaz está sendo aguardada com expectativa pelo parlamentar. Maluf associou não nomeação dos servidores aprovados em concurso público ao escândalo.
Na visão do deputado, o Estado gasta muito mais com contratos terceirizados do que com concursados. Segundo ele, isso seria um grande erro de gestão, já que os salários pagos à empresas contratadas é muito superior aos pisos dos profissionais de carreira.
“Um analista de negócios júnior ganha R$ 8 mil, se for terceirizado. Já o mesmo cargo, advindo de concurso, é remunerado com metade disso. É bem melhor para os cofres públicos fazer concurso”, disse Maluf.
Entenda o caso
O desfalque de R$ 12,9 milhões na Conta Única do Estado foi praticado por servidores terceirizados, segundo levantamento da Auditoria Geral. Contudo até agora, o único nome divulgado é o de Magda Mara Curvo Muniz, que, inclusive, já foi exonerada da Coordenação de Controle do sistema.
O rombo corresponde apenas ao período entre 2007 e 2010, no segundo mandato de Blairo Maggi (PR) como governador do Estado, e está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Fazendária. Os beneficiados pelo esquema já estão afastados dos cargo.
A Auditoria Geral do Estado revelou, na semana passada, que, desde 2007, um grupo formado por 32 funcionários “fantasmas” recebia cerca de R$ 9 mil por mês, sem jamais ter comparecido ao local de trabalho.
Mesmo o Governo do Estado tendo efetuado os pagamentos por cinco anos, os auditores nunca identificaram o esquema.
Somente após uma denúncia, o governador Silval Barbosa (PMDB) requereu que a Corregedoria Fazendária, a Auditoria Geral e Ministério Público Estadual investigassem o caso.