Tucano cita estouro da LRF e diz que greve não terá apoio popular

O deputado estadual Carlos Avalone (PSDB) afirmou acreditar que a greve dos professores da rede estadual – com início previsto a partir da próxima segunda-feira (27) – não deverá contar com o apoio popular.

Segundo o parlamentar, isso deve ocorrer em função das dificuldades financeiras do Estado e que colocam em xeque eventuais reivindicações por reajustes salariais, ainda que os pleitos sejam justos.

Em assembleia que aprovou a greve, os profissionais da Educação apontaram que a paralisação é resultado das ações do Governo em relação à Revisão Geral Anual (RGA), ao escalonamento salarial e ao descumprimento da lei que prevê a dobra do poder de compra nos salários dos professores.

A lei, aprovada em 2013 pelo então governador Silval Barbosa, dá direito a cerca de 7% a mais anualmente na remuneração dos professores, além da RGA, durante 10 anos.

O governo se sentiria pressionado se a sociedade estivesse ao lado do Sintep e eu não tenho essa percepção. Posso estar enganado, mas eu não tenho a percepção que hoje a sociedade vai ficar a lado do Sintep

“Por mais que a gente entende a necessidade de um segmento em ter seus reajustes, principalmente da Educação, que é primordial para o crescimento do País, quando passa em cima de uma crise como estamos vivendo, acho muito difícil ter uma solução, difícil até os profissionais terem o apoio da sociedade”, disse Avalone.

“Quando há o apoio da sociedade, o Governo se sente mais pressionado. O Governo se sentiria pressionado se a sociedade estivesse ao lado do Sintep e eu não tenho essa percepção. Posso estar enganado, mas eu não tenho a percepção que hoje a sociedade vai ficar a lado do Sintep”, acrescentou o tucano.

Na avaliação do deputado, mesmo com a paralisação, os profissionais não devem ter seus objetivos atendidos, especialmente em função da questão econômica.

Ele ainda lembrou que a Educação em Mato Grosso já tem um dos melhores salários do País.

“Você se mobilizar para uma greve é democrático. Os sindicatos têm todo o direito de fazê-lo. A Educação merece ter um grande salário, merece ser bem remunerada e hoje o salário no Estado para os professores é um dos melhores do Brasil. E o momento que o Estado de Mato Grosso vive não é muito favorável”, disse.

Estouro da LRF

O deputado ainda citou dados divulgados pelo Governo do Estado na manhã desta terça-feira (2), que apontam para o estouro da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no que diz respeito a gasto com pessoal (atingindo patamar de 61,72%, acima do permitido na legislação).

“A gente pode constatar que hoje a capacidade do Estado de pagar o salário está muito superior ao que determina a LRF. Quer dizer, não tem como você forçar a barrar para pagar alguma coisa, por mais que mereça – e o professor merece -, se a legislação não permite”, argumentou.

“Acho que o Governo deve manter um diálogo de forma transparente com os profissionais, mas também com a sociedade. Os números do Estado têm que ser mostrados sem denegrir a importância dos professores, sem denegrir a importância da educação, mas eles precisam ser expostos ao Sintep, a categoria e a sociedade em geral”, concluiu o deputado.

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