Em plena Amazônia mato-grossense, empreendedorismo gastronômico e agroecologia
FERNANDO MACK
O mapa do Estado de Mato Grosso tem um famoso biquinho bem no meio de sua parte Norte. Lá perto fica a cidade de Alta Floresta. É no chamado Portal da Amazônia e quase no Estado do Pará. Região única, banhada pelo rio Teles Pires.
Lá acontece a segunda edição do “Festival Gastronômico Sabores da Floresta”, que tive a honra de atuar como consultor gastronômico em suas duas edições.
O evento começou a existir no ano passado, contando com 12 empresários do setor de gastronomia. Entram restaurantes também de Paranaíta, distante 60 km de Alta Floresta.
É um evento tipicamente empreendedor, fruto da união entre o Grupo de Empresários da Gastronomia e Hotelaria Alta Floresta e Paranaíta e o Sebrae MT, dentre outros parceiros.
A ideia é simples: Cada restaurante escolhe um prato e investe nele. A população se delicia. Eu entrei na consultoria para que as cozinhas surpreendam, fizemos a ficha nutricional e, também realizei palestras e visitas diversas. Outros profissionais fizeram consultoria nutricional, na área de turismo e também para os garçons.
Roberto Dahmer, gerente da agência do Sebrae-MT em Alta Floresta, contou que “em 2015 já são 17 participantes que irão servir os pratos participantes a partir do dia 07 até o dia 30 novembro. Mas, se no ano passado o lançamento ocorreu apenas para convidados, neste ano vamos para as praças, a feira e os empreendedores planejam até um pic-nic”, conclui animado.
"Nesta edição, percebemos que o evento está bem consolidado. Os empresários estão mesmo de parabéns. Estamos no caminho!"
Ele lembra que, em 2014, 500 pessoas foram entrevistadas durante o Festival e que isso serviu de base para que se tenham mais segurança na atual realização. “Nesta edição, percebemos que o evento está bem consolidado. Os empresários estão mesmo de parabéns. Estamos no caminho!”, conclui animado.
Comunidade alternativa
Uma bela descoberta nesta passagem por lá foi a Comunidade Guadalupe, que é um assentamento de famílias totalmente voltadas para a sustentabilidade, com moradias ecológicas.
Na base da produção orgânica, vêm de lá carás de origem indígena e um incrível cacau selvagem que vive às margens do rio Teles Pires, por exemplo.
Na feira de Alta Floresta, que funciona aos domingos e já é ponto turístico, quatro famílias da Comunidade tocam a Banca Mani, que só vende produtos orgânicos. Alguns membros são, também, professores universitários, inclusive mestres e doutores.
Trouxe de lá alguns produtos. Lanço a mim mesmo o desafio de ligar os produtos orgânicos de lá com os feirantes da Feira do Porto daqui.
Por enquanto, com o chocolate orgânico, pedi a chef confeiteira Mariana Manfini, integrante de minha equipe, para produzir uma Palha Italiana diferenciada. Quer saber como ficou? Então vamos assistir ao vídeo:
FERNANDO MACK é chef, consultor gastronômico e pesquisador independente.