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25.12.2025 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Calote de empresa deixou estudantes sem formatura em MT

Empresa de formatura encerrou as atividades e causou prejuízo de R$ 7 milhões em estudantes

Reprodução

Elisa Severino e Márcio Nascimento, proprietários da Imagem Eventos

Elisa Severino e Márcio Nascimento, proprietários da Imagem Eventos

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

O ano de 2025 ficou marcado para inúmeros estudantes cuiabanos por um verdadeiro “choque”, após um calote milionário aplicado pela empresa Imagem Eventos, que cancelou diversas festas de formatura em Cuiabá.

 

O caso teve início em 31 de janeiro, quando a empresa, de propriedade de Márcio Nascimento e Elisa Severino, cancelou dezenas de formaturas que estavam previstas. Após os cancelamentos, o casal entrou com um pedido de recuperação judicial e suspendeu os eventos sem apresentar previsão para novas datas. Em seguida, os proprietários ficaram incomunicáveis, e o pedido foi negado pela Justiça.

 

O juiz Márcio Aparecido Guedes, da 1ª Vara Cível de Cuiabá, indeferiu a solicitação, citando a falta de documentação essencial e inconsistências no pedido apresentado.

 

Na decisão, o magistrado destacou que a Imagem Eventos não anexou aos autos balanços patrimoniais, certidões financeiras e relatórios de passivo fiscal, documentos obrigatórios para esse tipo de solicitação. Além disso, a empresa declarou um valor de causa de apenas R$ 1.500, considerado completamente desproporcional à real situação financeira, marcada por um passivo milionário.

 

Entre os prejudicados estão estudantes dos cursos de Medicina, Medicina Veterinária e Direito. Os relatos apontam sentimentos de “choque” e “frustração” diante do cancelamento das festas.

 

Ainda segundo os estudantes, após algum tempo, eles passaram a não receber mais retorno ou suporte da empresa. “Chegou um ponto em que era muito difícil até marcar uma reunião. A gente pedia as coisas e ninguém atendia como antes”, relatou a estudante Nayara Karla Carvalho de Almeida.

De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), Rogério da Silva Ferreira, responsável pelas investigações, o prejuízo estimado causado pelo calote é de cerca de R$ 7 milhões.

 

Pietra Nobrega/ MidiaNews

Imagem Eventos

 

As investigações

 

Para apurar o caso, a Polícia Civil deflagrou a Operação Ilusion, que investiga os sócios da empresa. Durante as apurações, o delegado relatou a criação de uma rede de empresas com o objetivo de dar aparência de legalidade ao esquema.

 

As investigações apontam que, a partir de setembro de 2024, o casal já articulava o encerramento das atividades. Em janeiro deste ano, dias antes do fechamento, foram lançadas promoções com descontos para pagamento antecipado, além da alteração na forma de cobrança dos serviços.

 

“Eles planejaram o fechamento das empresas em Cuiabá com meses de antecedência, montaram negócios em outros estados e retiraram da sede 23 cartões de memória com fotos de formaturas não entregues, tudo para continuar lucrando”, explicou o delegado Ferreira.

 

Além das empresas em outros estados, as investigações revelaram que o irmão de Márcio, sócio em negócios na Paraíba, teria ajudado a esconder parte do material apreendido nesta terça-feira. “Ele foi alvo de busca e apreensão, e recuperamos parte dos arquivos”, completou o delegado.

 

O casal de empresários Márcio Junior Alves do Nascimento e Elisa Severino da Silva, além da mãe e do irmão dele, Antônia Alzira e Marcos Vinícius Alves do Nascimento, tornaram-se réus pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, estelionato e crimes contra as relações de consumo.

 

Decisões judiciais

 

Durante o andamento da investigação, a empresa teve o bloqueio de bens mantido pelo Poder Judiciário e, em decisões recentes, não conseguiu suspender as medidas determinadas contra seu patrimônio.

 

A Imagem Eventos ingressou com recursos judiciais na tentativa de desbloquear bens apreendidos em ações movidas por formandos prejudicados, mas o juiz da 1ª Vara Cível de Cuiabá negou os pedidos e condicionou qualquer nova análise à apresentação de documentação completa exigida por lei, incluindo demonstrativos contábeis, lista de credores, extratos bancários e comprovação detalhada do valor da causa.

 

Em outra ação, a empresa solicitou a suspensão do arresto de bens com base no pedido de recuperação judicial. No entanto, o magistrado entendeu que a Imagem Eventos não cumpriu as exigências processuais e manteve a determinação judicial.

 

A Justiça também determinou o bloqueio de valores menores para garantir a restituição de formandos que ingressaram com ações individuais, assegurando o reembolso de estudantes que haviam pago integralmente por eventos que não foram realizados.

 

O caso segue sob investigação.

 

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