Mato Grosso ganhou a 18ª posição no ranking nacional de assassinatos de homossexuais, segundo relatório anual divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), no início deste mês.
Ao todo, oito casos de mortes por homofobia (medo, a aversão ou o ódio irracional aos homossexuais) foram registrados em 2011, e o Estado sobe para a terceira posição, quando se leva em conta a proporção por número de habitantes.
Para o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Livremente, Clóvis Arantes, esse número não é absoluto, uma vez que foram contabilizados apenas os crimes que foram considerados homofóbicos.
“Ali só temos os que foram considerados crimes de homofobia. Se fossemos apurar mais detalhadamente, esse número seria muito maior”, afirmou, em entrevista ao MidiaNews.
Neste ano, em menos de quatro meses, Mato Grosso já registrou quatro assassinatos motivados por homofobia. Para Arantes, trata-se de um reflexo da falta de políticas públicas e do abandono do Estado para com o grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
Segundo Arantes, o Estado acabou com o Centro de Referência de Combate à Homofobia, que era voltado exclusivamente para o atendimento, acompanhamento e orientação do público LGBT. Agora, o local atua como Centro de Referência de Direitos Humanos, coordenado por CLáudia Cristina Carvalho e atendendo a todas as minorias da sociedade, entre mulheres, idosos, negros, gays, entre outros.
“O Governo precisa admitir que existe um público LGBT e que é vulnerável. Por questões religiosas, transformaram em Centro de Direitos Humanos. É falta de vontade política. Por exemplo, o Governo nunca fez uma campanha para combater a homofobia”, reclamou o líder do movimento.
A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), sob Paulo Lessa, confirmou ao MidiaNews a alteração sofrida pelo Centro de Referência, mas justificou que a mudança foi necessária para atender a uma política nacional, determinada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Segundo informações da pasta, está sendo estudada a criação de um Conselho Estadual LGBT.
Para o presidente da ONG Livremente, a dissolução do Centro de Referência voltado exclusivamente para o público LGBT acabou por deixar a categoria desamparada, uma vez que as ONGs não têm meios de dar a assistência social e jurídica ao público homossexual, por falta de recursos para tanto.
“O trabalho que as ONGs desenvolvem é de prevenção. Damos cursos e palestras em escolas, por exemplo, mas não temos recursos financeiros para ir muito além disso”, explicou.
Segundo Arantes, grande parte dos assassinatos de homossexuais é motivada por pessoas com baixa autoestima, com desejo retraído ou que, por alguma razão íntima, sentem um ódio confesso do público LGBT e sentem prazer em sair com tais pessoas para causar dor.
Por essa razão, ele alerta para a necessidade de o homossexual tomar cuidado de saber bem quem elege como companhia, não aceitando sair com pessoas que acabou de conhecer ou que demonstrem um comportamento agressivo, além de nunca esconder a sua orientação sexual.
O militante do Movimento LGBT em Mato Grosso, Menotti Griggi, acredita que o principal passo para evitar se tornar uma vítima desse tipo de crime é se assumir como homossexual perante a família e a sociedade, evitando que o famoso “bullying” praticado contra os homossexuais seja transformado em uma agressão física.
“Quanto mais você se esconde, mais em perigo você está. Quando você se assume, você leva a vida normalmente, com muito mais tranqüilidade e se aproxima das pessoas certas. Ao se esconder, você começa sofrendo bullying, que depois acaba evoluindo para uma agressão mais forte”, afirmou.
Para Menotti, é necessária a realização de um trabalho de orientação, seja pelo Governo ou pelas ONGs, fazendo com que o público LGBT não se esconda e seja aceito pela sociedade como parte dela, evitando assim que mais mortes ocorram motivadas por ódio.
“Normalmente, quem comete esse tipo de crime são pessoas que não assumiram a sua orientação sexual e transferem essa frustração para a outra pessoa, por meio da agressão física”, disse.
A extrema violência contra os homossexuais levou 15 mil pessoas às ruas de Cuiabá, em dezembro de 2011, durante a 9ª edição da Parada da Diversidade Sexual em Mato Grosso, mais conhecida como Parada Gay. O título foi “Amai-vos uns aos outros - Basta de Homofobia”.
Em 2011, a cada 33 horas, um homossexual foi barbaramente assassinado no Brasil, vítima de homofobia. É o que revela o relatório anual divulgado pelo GGB..
Ao todo, 266 assassinatos de homossexuais foram registrados em 2011, o que representa um aumento de 118% nos últimos seis anos – em 2007, 122 homicídios foram registrados.
De janeiro a março deste ano, os números já surpreendem: foram documentados 104 homicídios contra homossexuais, quase o dobro do que foi registrado no mesmo período no ano passado, mostrando que uma morte acontece a cada 21 horas.
No país, os homicídios foram liderados pelos gays, que representam 60% dos casos (162), seguidos pelos travestis com 37% (98) e pelas lésbicas, com 3% (7).
No ranking mundial, o Brasil aparece em 1º lugar, concentrando quase 45% do total de execuções de integrantes do público LGBT. Uma comparação simples pode ser feita com os Estados Unidos, que possuem 100 milhões a mais de habitantes que o Brasil.
No ano passado, os EUA registraram nove assassinatos de travestis, contra 98 execuções que aconteceram no Brasil. EM tese, o risco de um homossexual ser assassinado em território nacional é 800% a mais do que dos Estados Unidos.
Há pouco mais de três décadas, o Grupo Gay da Bahia coleta informações sobre homofobia no país e afirma que a maioria dos crimes homofóbicos são causados por irresponsabilidade dos governos Federal e Estadual, que não garantem a segurança da comunidade LGBT.
Pelo 6º ano consecutivo, a Bahia lidera o ranking nacional, com 28 homicídios registrados, seguida de Pernambuco (25), São Paulo (24), Paraíba (21), Alagoas (21) e Minas Gerais (21). No final do ranking ficaram o Distrito Federal e o Amapá, com apenas uma morte registrada cada, e Roraima e Acre, que não tiveram assassinatos de homossexuais registrados.
De acordo com o responsável pela elaboração do relatório, o fundador do GGB e antropólogo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luiz Mott, tais números revelam apenas uma “ponta de um iceberg de sangue”, uma vez que nem todos os crimes homofóbicos são assim taxados por quem os investiga.
“Como o Governo Federal se recusa construir um banco de dados sobre crimes de ódio contra homossexuais, baseamos tal relatório em notícias de jornal e internet, que com certeza está longe de cobrir a totalidade desses sinistros”, afirmou o professor no relatório.
As mortes de homossexuais registradas em 2011 revelam que 55% das vítimas tinha entre 20 e 40 anos de idade e, entre as vítimas, 72 eram travestis que trabalham como profissionais do sexo, o que representa 45% dos assassinatos registrados.
Os crimes são marcados, de acordo com o relatório, pelo extremo uso da violência, sendo que nove das vítimas levaram mais de 10 facadas e três foram alvejadas com mais de dez tiros.
Ao todo, segundo o relatório, 70 assassinatos foram praticados com arma de fogo, enquanto 67 dos homicídios registrados foram causados por arma branca (faca, tesoura, machado). Outros 56 homossexuais foram vítimas de espancamentos (pauladas e pedradas, por exemplo), enquanto oito vítimas foram executadas por enforcamento.
Há casos ainda de carbonização, violência sexual, empalamentos, torturas, degolamentos e mortes por asfixia.
De acordo com Mott, todos os homicídios podem ser considerados crimes de ódio, causados por homofobia individual (quando o assassino tem mal resolvida sua própria sexualidade), homofobia cultural (que expulsa as travestis para as margens da sociedade, onde a violência é mais endêmica) ou por homofobia institucional (quando os governos não garantem a segurança dos espaços frequentados pela população LGBT.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) disponibiliza em seu site (www.ggb.org.br) as tabelas que resultaram no relatório anual, bem como um manual de orientação ao público LGBT intitulado “Gay Vivo Não Dorme Com o Inimigo”, na tentativa de evitar que aumentem os casos de crimes homofóbicos no país.
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6 Comentário(s).
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Mateus andre 17.04.13 14h35 | ||||
Estou estudando teologia e eu gosto do publico LGBT daqui pouco tempo estarei fundando uma igreja que vai lutar contra o preconceito a homofobia o bulynng daqui a pouco tempo estarei fundando uma igreja em reserva do cabaçal MT | ||||
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Pedro Junior 30.04.12 09h59 | ||||
Baboseira. Morte é morte, seja qual for o sexo, idade, raça(termo que discordo, pois todos somos da mesma rç, seja branco, negro, pardo). O número de mulheres mortas pelos seus ex-parceiros é infinitamente maior que o de homossexuais. A nossa população precisa reagir a estes disparates gayzistas que estão tentando impor a força. Dizem ser marginalizados e com isso tenta mordaçar todos aqueles que não pensam como eles. Acorda Brasil. | ||||
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Diego 30.04.12 08h54 | ||||
Pessoal, leiam direito a matéria, lá fala que 8 crimes fora CONFIRMADOS por homofobia. | ||||
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João Mendes 30.04.12 00h58 | ||||
Assim como tem vários gordos, magros, negros, índios, etc que são mortos e na estatística aparece como qualquer ser humano, não adianta focar para homossexuais e sair dizendo que é 'homofobia' em que pode ser o acaso. Assim, os homicídios podem ter acontecido pelo acaso, sem nem saber que eram homossexuais. Querem mostrar algo que não é e fazer engolir a força uma coisa que existe: 'obesofobia', 'esqueticofobia', etc. Temos coisas melhores a pensar, como saúde, educação, violência geral. | ||||
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jossy soares 29.04.12 19h05 | ||||
Violência é inadmissível. Seja contra quem for. A dignidade do ser humano deve ser defendida. Agoa convenhamos que esse método é furado. Creio que em 2011 morreram bem mais crianças e jovens vítimas de violência, bem mais professores, bem mais mulheres, bem mais idosos, etc. Não podemos discriminar , nem também privilegiar as pessoas em função de seu comportamento sexual. | ||||
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