O Tribunal de Justiça de Mato Grosso negou recurso do ex-agente de tributos Alfredo Menezes de Mattos Junior, que tentava incluir uma perícia técnico-contábil na ação que responde por suposto ato de improbidade administrativa oriunda da Operação Zaqueus.
A decisão é assinada pelo desembargador Jones Gattass Dias e foi publicada nesta quarta-feira (16).
Deflagrada em 2017 pela Polícia Civil, a Zaqueus investigou um esquema que teria reduzido ilegalmente a dívida da empresa Caramuru Alimentos, de R$ 65,9 milhões para R$ 315 mil, mediante pagamento de propina de R$ 1,8 milhão a servidores da Secretaria de Fazenda.
Além de Alfredo Menezes, também respondem a ação os ex-agentes de tributos André Fantoni e Farley Coelho Moutinho, os representantes da empresa Alberto de Souza Junior e Walter Souza Júnior, e o advogado Themystocles Figueiredo.
Durante a fase de saneamento do processo, o juiz de primeira instância indeferiu a produção da prova pericial argumentando que o pedido seria genérico e sem delimitação adequada.
No recurso ao TJ-MT, o ex-servidor afirmou que o indeferimento representava cerceamento de defesa. Ele alega que a perícia é essencial para demonstrar a inexistência de dolo em sua conduta funcional; a regularidade dos atos administrativos por ele praticados no processo tributário; a licitude da origem dos recursos utilizados na transação com Themystocles no valor de R$ 190 mil; a ausência de qualquer prática de corrupção passiva ou favorecimento indevido.
Na decisão, porém, o desembargador destacou que a Justiça de primeira instância fundamentou adequadamente sua decisão e que o pedido de perícia foi genérico, sem indicar de forma clara os aspectos técnicos que deveriam ser analisados.
Ressaltou ainda que a instrução do processo está garantida com a autorização da prova testemunhal e a marcação de audiência, o que afasta a alegação de prejuízo à defesa.
“Não se verifica, neste momento processual, probabilidade relevante de provimento do recurso, tampouco risco de dano irreparável, razão pela qual não se justifica a concessão de efeito suspensivo ao Agravo de Instrumento”, concluiu o magistrado.
O esquema
O esquema chegou ao conhecimento dos investigadores após o advogado Themystocles Ney de Azevedo de Figueiredo, supostamente “contratado” para lavar o dinheiro da propina, procurar as autoridades para negociar uma delação premiada.
Na Delegacia Fazendária, o advogado afirmou ter tido medo de ver seu nome envolvido numa investigação após conhecer, por meio da imprensa, outra denúncia envolvendo a Caramuru Alimentos S/A, na campanha eleitoral de 2016.
O Ministério Público acusa Fantoni de ser o líder do esquema.
Ele, Alfredo e Farley respondem ação penal pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, fraude processual, coação no curso do processo, estelionato e associação criminosa.
Os três foram demitidos do Governo do Estado. Farley até conseguiu retornar ao cargo público, mas foi demitido novamente.
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