LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O senador Blairo Maggi virou virou alvo de disputa entre o PSB do prefeito eleito de Cuiabá, Mauro Mendes, e o PMDB do governador Silval Barbosa, após demonstrar descontentamento com a cúpula nacional do PR e sinalizar que pode deixar o partido.
O senador, que ajudou a fundar o PR em Mato Grosso, recebeu convites dos presidentes nacionais das duas agremiações; o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) se encarregaram de assediar Maggi e tentar levá-lo para seus respectivos partidos.
Se Maggi sair do PR e se filiar a outra sigla, levará consigo seus dois suplentes, Cidinho dos Santos e Manoel Rodrigues Palma, e parte do seu grupo político no Estado.
Cidinho, que ocupa a cadeira de senador no lugar de Maggi até 17 de dezembro, confirmou o assédio dos figurões ao líder republicano. “Tanto o Valdir Raupp como o Eduardo Campos ligaram para o Blairo e o convidaram a se filiar. Mas são apenas conversas iniciais”, disse ao
MidiaNews.
O suplente informou que, nas próximas semanas, Maggi deve se encontrar pessoalmente com Eduardo Campos para conversar mais detalhadamente sobre a possibilidade de aderir ao PSB.
Ele ressaltou que não há nada decidido ainda, nem mesmo sobre a saída do PR. De acordo com Cidinho, a decisão sobre a situação partidária do trio será tomada somente em 2013.
“Ainda não decidimos se sairemos do PR. Por enquanto, ficaremos no partido, até porque precisamos aguardar o resultado da consulta feita ao TSE. No momento, o melhor é ficar onde estamos e tentar arrumar a casa. Vamos fazer uma reunião com o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) e outros senadores do partido ainda esse mês, para tentar ajustar essa situação”, completou Cidinho. Leia mais sobre o caso
AQUI.
A “situação” a que Cidinho se refere é o fato de Maggi e ele terem sido deixados de fora da convenção nacional que reconduziu Nascimento à presidência da sigla, em outubro passado.
Apesar de o senador de Mato Grosso ser líder da bancada do PR no Senado, ele sequer foi convidado para a convenção.
Simpatia pelo PMDBCidinho dos Santos não quis apontar uma tendência de filiação partidária, mas admitiu que Maggi nutre simpatia maior pelo PMDB. Ele observou que, em 2006, o então governador deixou o PPS e foi para o recém-criado PR, para atender a um pedido do ex-presidente Lula (PT).
O PPS era um partido de oposição ao Governo petista, enquanto o PR nascia na base do Governo. Maggi levou consigo um grande número de prefeitos e formou um grupo político entre os republicanos.
“O Blairo sempre teve vontade de participar de um partido forte, e sempre teve simpatia pelo PMDB. Ele foi para o PR a pedido do presidente Lula, para fortalecer o PR. Então, houve essa dificuldade de ir para o PMDB na época”, afirmou Cidinho.
“Quanto ao PSB, é um partido que está crescendo, tem várias lideranças. O Eduardo Campos vê no Blairo uma pessoa que poderia contribuir com o partido. E lá também tem o Ciro Gomes (PSB-CE), que foi companheiro do Blairo no PPS e está tentando convencê-lo a se filiar também”, disse.
Cidinho observou, ainda, que Maggi vai discutir a questão com a presidente Dilma Rousseff (PT), com quem vai se reunir na próxima semana. O republicano tem uma relação próxima com a presidente e já foi convidado por ela para ser ministro.
“Qualquer decisão do Blairo sobre mudar ou não de partido também levará em conta essa conversa com a presidenta”, disse o senador.
A relação entre Dilma e o PR está estremecida desde que estouraram os escândalos no Ministério dos Transportes que levaram à queda de Alfredo Nascimento do comando da pasta.
Manter Maggi no partido poderia ser uma forma de manter o PR próximo ao Governo, segundo analistas políticos.