LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O presidente regional do PR, Wellington Fagundes, afirmou que ainda há chances de o senador Blairo Maggi assumir um ministério no Governo Dilma Rousseff (PT).
De acordo com o deputado, o presidente nacional da sigla, senador Alfredo Nascimento (PR-AM), vai se reunir com a presidente, na próxima terça-feira (5), para discutir a participação da legenda no Governo.
“A palavra final será da presidente Dilma. Na terça, ela vai informar ao PR qual ministério ela vai disponibilizar ao partido e, dependendo da pasta, há grandes chances do Blairo assumir. Se for o Ministério da Agricultura, eu não tenho dúvida que será o Blairo. Para o Desenvolvimento, ele também tem um perfil ideal. Se for o Ministério dos Transportes, ele já disse que não quer. Nesse caso, talvez até permaneça o Paulo Passos”, disse, em entrevista coletiva
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Fagundes observou, ainda, que o fator regional pesa na escolha do ministro, e algumas pastas são mais visadas por determinados Estados.
“O Ministério da Agricultura é muito importante para Mato Grosso. Já o Anthony Garotinho (PR-RJ) pensa que o Ministério do Desenvolvimento é mais importante. Claro que Minas, Rio e São Paulo têm muita força. Mas, a própria Dilma já disse que não quer outro ministro de São Paulo. Chega de paulistério, vamos colocar o interior também”, completou.
Blairo Maggi reforçou o coro de que a decisão compete à presidente, e ressaltou a dificuldade em assumir um ministério em função dos interesses do PR.
“O ministério depende da vontade da presidente Dilma. Mas há outros interesses, o partido tem outras intenções. Ao PR não agrada muito o Ministério da Agricultura, pois eles preferem voltar para os Transportes”, afirmou
Atualmente, os republicanos têm em sua cota o Ministério dos Transportes, comandado por Paulo Sérgio Passos. No entanto, apesar de pertencer aos quadros do partido, Passos não foi indicado pela direção do PR, de modo que a cúpula republicana, com frequência, demonstra insatisfação com a permanência dele no cargo.
Maggi foi cotado para assumir os Transportes, mas as negociações nunca avançaram devido ao conflito de interesses entre seus negócios no ramo da navegação e as obrigações da pasta, já que é o ministério que regula as concessões do setor.
Nas últimas semanas, seu nome surgiu novamente como cotado se tornar ministro, na pasta de Agricultura ou de Desenvolvimento Indústria e Comércio.
Em entrevista ao site, Maggi admitiu que houve, de fato, sondagens por parte do Planalto para que ele se tornasse ministro, mas nunca uma sinalização mais clara sobre esse assunto. “Se houver um convite posteriormente, vamos avaliar”, disse.
Porém, dessa vez, a articulação teria sido abortada pela cúpula do PR. Nascimento e o secretário-geral do PR, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), teriam afirmado à presidente que, se ela nomeasse Maggi, eles não o considerariam como cota do partido.
A relação entre Maggi e a cúpula nacional, que já andava tensa, piorou ainda mais, e o senador de Mato Grosso protocolou nova consulta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), buscando respaldo jurídico para uma eventual mudança de sigla.
Saída do PRO senador reafirmou seu descontentamento dentro do PR, e disse que aguarda a resposta do TSE para definir seu futuro. Ele negou, porém, que já tenha decidido ir para o PMDB, conforme foi ventilado.
“Já deixei claro há muito tempo que existe um desconforto no PR, desde o ano passado, quando fizeram uma convenção nacional e não me convidaram, assim como não convidaram outros senadores e deputados. Acabou sendo uma coisa muito fechada, para um grupo muito pequeno. Eu acho que o partido tem que ser uma coisa maior. São coisas que politicamente, para mim, não estão corretas”, disse.
Maggi lembrou que não há consenso jurídico sobre a possibilidade de um detentor de um cargo majoritário, como senadores e chefes do Poder Executivo, ter direito a se desfiliar do partido e manter o mandato.
“Há uma discussão a respeito de quem tem cargo majoritário poder mudar de partido, já que se elegeu única e exclusivamente com os votos dele, e não de uma coligação como no casos dos deputados. Mas, não quero fazer nenhum movimento que possa causar embaraço a mim ou aos meus companheiros, e depois ficar me ocupando com pendência jurídica”, afirmou.
“Quando fiz a primeira consulta ao TSE, no ano passado, eles me responderam que não poderiam me atender naquele período, porque estavam em período eleitoral. Assim que recebi essa resposta, eu reencaminhei o assunto ao TSE e estou esperando uma posição mais clara”, completou