LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O vereador cuiabano Toninho de Souza (PSD) afirmou hoje (06) que irá entrar com uma representação junto ao Ministério Público Estadual (MPE) pedindo a apuração do contrato milionário firmado entre o ex-prefeito Chico Galindo (PTB) e a Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro.
O acordo custou R$ 3,6 milhões aos cofres municipais, para que a Capital fosse tema do samba-enredo da escola. Cláusulas do contrato, porém, não foram cumpridas pela escola (leia mais
AQUI).

"Se tem um contrato, um termo assinado, ele deve ser cumprido. Se não for, cabe uma ação judicial"
“Se tem um contrato, um termo assinado, ele deve ser cumprido. Se não for, cabe uma ação judicial. Já pedi para a minha assessoria jurídica para preparar uma representação que será enviada ao Ministério Público, para que esse contrato seja analisado item por item”, disse.
O vereador foi um dos três que votou contra a liberação do crédito suplementar de R$ 1,6 milhão para que a Prefeitura de Cuiabá efetuasse o pagamento da escola de samba pela escolha da Capital como tema do Carnaval deste ano. A votação do projeto de autoria de Galindo ocorreu em 10 de maio de 2012, em regime de urgência especial.
Para Toninho de Souza, desde que Cuiabá foi escolhida como sede da Copa de 2014, já passou a ganhar evidência no cenário nacional, não havendo necessidade para mais exposição na mídia, a um custo milionário.
“Desde a votação da liberação da verba eu era contrário à assinatura desse contrato, porque eu acho que o retorno que Cuiabá terá com tudo isso é pouco diante de tudo que foi investido. O investimento de mídia no valor de R$ 3,6 milhões é desnecessário porque Cuiabá e Mato Grosso têm potencial para divulgação sem isso”, afirmou.
Segundo o parlamentar, o valor retirado dos cofres públicos poderia ter um destino melhor, visando a melhoria de setores essenciais para a população, como a saúde pública.

"Esse dinheiro poderia ter sido investido na nossa saúde pública, que está um caos, na infraestrutura da cidade. Para mim, é um dinheiro que foi jogado fora"
Falta de gestão
“Esse dinheiro poderia ter sido investido na nossa saúde pública, que está um caos, na infraestrutura da cidade. Para mim, é um dinheiro que foi jogado fora”, criticou.
O vereador Domingos Sávio (PMDB), que também foi contrário ao projeto no momento da votação, afirmou que faltou coordenação do projeto por parte da gestão de Galindo.
“Vejo que faltou ‘amarração’ por parte da gestão passada. Desde o primeiro momento eu condenei tudo isso, porque eu acho que nós temos que, primeiro, valorizar o nosso Carnaval, a nossa cultura, para só depois mostrá-la para o Brasil inteiro. Eu acredito que se a Mangueira não está cumprindo o contrato, nós iremos entrar aí com uma indicação, uma representação, para que o município tome providências jurídicas com relação a isso”, disse.
O peemedebista afirmou que vai entrar com um requerimento, durante a sessão de quinta-feira (7), para solicitar informações a respeito do impacto que a retirada dos R$ 3,6 milhões para pagamento do contrato teve na gestão atual, sob o prefeito Mauro Mendes (PSB). Isso porque R$ 2 milhões, que deveriam ter sido resultado de captação de recursos privados, também foram arcados pela Prefeitura de Cuiabá, segundo fontes do Palácio Alencastro.
“Não tenho dúvidas de que [o pagamento desse contrato] prejudicou, e muito, a gestão atual, porque R$ 2 milhões não eram previstos”, afirmou.
Carnaval cuiabanoOs parlamentarem reclamam ainda que, enquanto a Mangueira promete “cantar” Cuiabá na Marquês de Sapucaí, os cuiabanos acabaram tendo o tradicional desfile de blocos de Carnaval adiado para abril deste ano e irão contar com uma festa descentralizada, em sete praças diferentes, a um custo de aproximadamente R$ 400 mil.

"O contrato gerou perda financeira, houve desvio de finalidade e fez com que o nosso Carnaval fosse adiado"
“É um absurdo você ter a nossa cultura sendo mostrada em um Carnaval com repercussão nacional e internacional, sendo que na própria Capital não teremos o tradicional Carnaval por falta de infraestrutura. Agora, eu espero que a Mangueira cumpra bem o seu papel e que valha R$ 3,6 milhões. Porque se não cumprir, não vamos ser bem representados”, ressaltou Domingos Sávio.
Para Toninho de Souza, o contrato com a Mangueira gerou um “desdobramento absurdo”.
“O nosso Carnaval foi adiado e eu nunca vi isso, de fazer um Carnaval no mês de abril. Carnaval é Carnaval, não existem duas datas para isso. O contrato gerou perda financeira, houve desvio de finalidade e fez com que o nosso Carnaval fosse adiado”, reclamou.