LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Após 70 dias de greve, agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federam em Mato grosso decidiram voltar ao trabalho nesta segunda-feira (15).
O movimento, que teve adesão nacional de nove mil policiais nas 27 unidades da federação, terminou sem que o Governo Federal atendesse a qualquer uma das reivindicações da categoria.
Essa foi considerada a maior paralisação já feita pelos servidores da PF, segundo a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais).
Em Mato Grosso, a greve foi marcada pela ocupação do prédio da Superintendência em Cuiabá, na Avenida do CPA, bem como por protestos e paralisação dos serviços nas delegacias do interior.
A federação orientou, na última semana, para que os sindicatos estaduais optassem pelo fim da greve, por entender que devia mudar a estratégia da negociação com o Governo.
De acordo com o vice-presidente do Sinpef-MT (Sindicato dos Policiais Federais em Mato Grosso), Júlio César de Andrade Vieira, apesar de não saírem com benefícios do movimento, a greve foi considerada vitoriosa pela categoria.
“Fomos vitoriosos porque a greve superou, em muito, as expectativas. Nós decidimos voltar ao trabalho porque assim o Governo, quem sabe, abre novas negociações com a categoria, por termos boa vontade de decidir pelo fim da greve”, afirmou o sindicalista, em entrevista ao
MidiaNews.
ReivindicaçõesOs grevistas da Polícia Federal pedem um plano de reestruturação da carreira dos agentes, escrivães e papiloscopistas, bem como melhores condições de trabalho e aumento salarial.
Hoje, o salário inicial dos três cargos é de R$ 7,5 mil, o equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados, cujo vencimento inicial é de R$ 13,4 mil. Com o pedido feito pelos agentes, o piso salarial passaria dos atuais R$ 7,5 mil para R$ 12 mil, a partir do próximo ano.
A falta de efetivo também é uma das reclamações feitas pela categoria em todo o país.
Consequências da greveO sindicato deve fazer um balanço, durante a semana, de como a greve afetou os serviços oferecidos pela PF no Estado.
Foram afetadas as ações de combate ao tráfico de drogas, bem como a fiscalização da fronteira do Estado.
Além disso, os serviços de emissão de novos passaportes também ficaram comprometidos, com os agentes mantendo apenas os serviços essenciais em funcionamento, como, por exemplo, a emissão de passaportes já agendados previamente, a fim de não prejudicar tanto a população.
As investigações em curso no órgão também foram interrompidas, com os serviços se limitando à guarda de presos e plantões nas delegacias.
De acordo com a Fenapef, a greve derrubou em 64% o número de operações contra criminosos no país.
Entre agosto e setembro de 2012, a PF executou 21 ações, enquanto no mesmo período do ano passado ocorreram 59.
As operações da PF são relacionadas à prevenção e repressão de crimes fazendários, previdenciários, financeiros e desvios de recursos públicos, contra o patrimônio e tráfico de armas, tráfico de drogas, crimes cibernéticos e ambientais.