KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu, nesta semana, o inquérito que apura o assassinato da estudante Maiana Vilela. A adolescente foi morta aos 16 anos, no dia 21 de dezembro do ano passado.
Entre as motivações apontadas pela delegada Anaíde de Barros está "a vida repleta de delitos" de Rogério Amorim, 38, empresário que namorava a adolescente. Além de uma possível gravidez da menor, que seria fruto de uma traição.
A delegada pediu a prisão preventiva de Rogério, da esposa dele, Calisângela de Moraes, 36, apontados como os mandantes do crime; e dos executores Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre Nunes da Silva, que teriam recebido R$ 5 mil pelo crime, além da moto que Carlos ainda a revendeu.
Os quatro foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, sem reação de defesa da vítima, emboscada, paga ou recompensa, e ocultação de cadáver. Paulo e Alessandro também foram indiciados pelo furto de R$ 100,00, da carteira de Maiana
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (22), a delegada relatou algumas partes do inquérito policial, reunido em quatro volumes.
Rogério – falsidade ideológica e furto de carros
Uma das motivações do assassinato de Maiana, apontada pela Polícia Civil, é a possibilidade de a menor ter descoberto algum segredo de Rogério Amorim, conforme o
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O empresário é acusado do crime de falsidade ideológica, por falsificação de contratos de compra e venda de terras.
“Algumas pessoas que foram lesadas por Rogério prestaram depoimento e mostraram documentos que comprovam que ele fraudava contratos. Em um dos casos, ele comprou uma chácara por R$ 200 mil, não pagou e fez um contrato falso, no valor de R$ 60 mil. São vários casos do mesmo tipo”, revelou Anaíde.
Rogério também é suspeito de ter usado um “laranja” para participar de licitações do Estado.
“Como ele é acusado de crimes, a empresa dele não poderia participar de licitações. Então, ele colocou o nome de um rapaz no contrato social para poder burlar os processos licitatórios. E chegou a ganhar algumas das licitações”, disse a delegada.
Outra suspeita que pesa sobre Rogério é a participação em um esquema de roubo de veículos, em Cuiabá e Várzea Grande. Os carros seriam levados para a cidade de Campo Grande (MS).
Quem “puxava” os carros e os dirigias até a capital vizinha era Paulo Ferreira, assassino confesso de Maiana e amigo de longa data do empresário.
“O Paulo é investigado nesse esquema de furto de carros. Acreditamos que ele tenha participação. Pode ate ser o líder do esquema, já que ia várias vezes para Campo Grande”, informou Anaíde.
Em entrevista ao
MidiaNews, no início desta semana, a mãe de Maiana, Suely Mariana, disse que, em uma oportunidade, a filha viajou para Campo Grande com Rogério e voltou muito revoltada com o empresário, dizendo que ele era um mentiroso.
“Maiana pode ter descoberto esses crimes e o envolvimento de Rogério. Ela pode ter passado a ser uma ameaça para a quadrilha e, por isso, foi eliminada”, explicou Anaíde de Barros.
A delegada solicitou que a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos (Derfva) dê prosseguimento às investigações referentes aos furtos dos veículos.
Já a Delegacia Fazendária irá investigar a falsidade ideológica praticada nos contratos de compra e venda de terras e fraude em licitações.
Suposta gravidez
Outra motivação para o crime, segundo a Polícia, é a suspeita de que Maiana estivesse realmente grávida, conforme
MidiaNews antecipou, nesta semana. Leia maia
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A gravidez da adolescente seria fruto de uma traição. Apurações da Polícia mostram que Rogério fez uma cirurgia de vasectomia - procedimento que interrompe a circulação dos espermatozoides – e não poderia ser o pai da suposta criança.
“O exame de DNA não pode comprovar se Maiana estava grávida. Caso ela estivesse, seria fruto de uma traição. Isso pode ter gerado ciúmes em Rogério, outro ponto motivador do assassinato. Temos testemunhos de pessoas que falam sobre a possibilidade de ela estar grávida”, disse Anaíde.
Exames laboratoriais Nesta semana, a Polícia Civil recebeu laudo de exame ondontomorto (arcada dentária), feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML), com a confirmação que a ossada encontrada é mesmo da adolescente.
Outros dois laudos ainda serão entregues a DHPP, um de DNA e outro do estudo antropológico da ossada, que identifica entre outros quesitos, idade, estatura, tempo da morte e causa, para ser juntados ao inquérito policial no Fórum.
O inquérito policial ficará a cargo da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Fórum da Capital.
Caso Maiana Maiana Vilela desapareceu no dia 21 de dezembro de 2011. Investigações da Polícia Civil mostram que a jovem foi vítima de um plano tramado pelo ex-namorado, Rogério Amorim.
Segundo a Polícia, Rogério contratou Paulo Ferreira e Carlos Alexandre para executarem a menor.
Ele deu um cheque de R$ 500 para Maiana descontar no Banco Itaú, no CPA 1. Ela teria que levar R$ 400 desse montante para pagar um suposto caseiro, em uma chácara na região do Coxipó do Ouro.
Esse pagamento era parte do plano de Rogério para atrair Maiana para o seu algoz. A garota foi até a chácara, entregou o dinheiro para Paulo, que a matou em seguida, por asfixia. Ele teve a ajuda de Carlos Alexandre.
A dupla colocou a menor no banco traseiro de um automóvel Uno, de cor prata, que pertencia a Paulo. Eles levaram o corpo de Maiana até a empresa de Rogério, no bairro Três Barras, para que ele comprovasse a morte da ex-namorada.
Depois disso, o corpo da menina foi enterrado em uma área afastada na estrada da Ponte de Ferro, a cerca de 15 km de Cuiabá. O corpo de Maiana foi resgatado por policiais na manhã de 25 de maio, uma sexta-feira, após terem prendido a quadrilha.
